Edição nº 518
Era período natalino e tempo de pandemia, um vírus persistente insistia em permanecer ativo enquanto a humanidade sofria com a permanência desse mal e de tantos outros que castigavam o mundo; o sol nascia brilhante todo dia. A Natureza é sábia e a cada amanhecer mostrava seu esplendor em um cenário de luzes, brilhos, nuances e cores, e assim comprova, que somente os racionais, eram os atingidos maciçamente pelo grande mal.
Diante desse momento caótico, o garoto João procurava despistar às asperezas da vida, trabalhando arduamente na preparação da terra, (sabe-se que Segundo o Dicionário Aurélio, agricultura é o cultivo do solo, por meio de procedimentos, métodos e técnicas próprias, que buscam produzir alimentos para o consumo humano, como legumes, cereais, frutas e verduras, ou para serem usados como matérias-primas na indústria). Para a família de João era para a produção de frutas e verduras com a finalidade de serem vendidas na feira da comunidade rural. Ele era conhecido, carinhosamente, como o menino da lavoura. O pai de João havia falecido há um ano e o menino precisava ajudar na sobrevivência da família, ou seja, a mãe e dois irmãos pequenos. Sua mãe, uma senhora sofrida, buscava na fé forças para continuar administrando o pouco que tinha. João era um garoto como outro qualquer, cheio de sonhos, queria estudar para garantir seu futuro como também dos seus irmãos. Um menino de estatura mediana, mas franzino demais; tinha olhos negros e vibrantes e um semblante calmo. Acordava sempre ao raiar do dia, bebia um pouco de café requentado e ia arar à terra.
Certo dia, o garoto João saiu muito cedo para vender as frutas e verduras na feira, encheu o carro de mão com os comestíveis e passou pela porteira da pequena propriedade sem nem olhar para trás; de longe avistou uma caminhonete parada e falou com seus botões: "será que alguém está precisando de ajuda?!". O garoto se aproximou lentamente e viu um senhor de cabeça baixa, sentado na cadeira do motorista. Então, João resolveu perguntar ao desconhecido se podia ajudá-lo, e disse-lhe: - Bom dia, moço! O senhor está sentindo alguma coisa? Está precisando de algo? Posso ajudá-lo?
O moço desconhecido levantou a cabeça, tinha um semblante pálido, e respondeu-lhe:
- Bom dia, meu garoto! Não estou passando muito bem! Estou sentindo: dor no lado esquerdo do peito, mal-estar, enjoo, tontura e dificuldade de respirar. Resolvi parar um pouco.
João ficou ouvindo o senhor descrever o que sentia e sabia que aquele homem precisava de um médico, e disse-lhe:
- Seu moço, irei levá-lo para minha casa, minha mãe cuidará do senhor, enquanto vou chamar o médico da comunidade.
Assim aconteceu, João deixou o homem aos cuidados da mãe e foi buscar o médico... Depois de quase uma hora, o garoto voltou acompanhado do plantonista do posto de saúde. O médico assistiu ao doente e falou que o homem precisava ser removido, pois o mesmo estava infartando e que precisava de cuidados especiais. Logo depois, o senhor desconhecido foi removido para o hospital mais próximo.
Dias após o ocorrido, na véspera de natal, a família de João estava toda reunida no terraço da pequena propriedade quando um carro parou e dele desceu o mesmo homem que João havia socorrido. O senhor cumprimentou à todos, se aproximou de João e disse-lhe:
- Meu rapaz, você salvou a minha vida! Eu vim buscar você e sua família para um almoço natalino comigo e minha família.
João agradeceu e todos foram para o grande almoço natalino. Já na casa daquele senhor agradecido, ele procurou recompensar o garoto João e seus familiares com presentes, mesa farta, muito carinho e amor fraternal. Aquele almoço natalino, cheio de brilhos, ficou na história porque bondade gera bons frutos e gentileza gera gentileza.
O tempo passou... e nunca mais aquelas famílias se separaram. O menino da lavoura tinha um endereço certo para entregar às frutas e verduras cultivadas na lavoura. A esperança nunca morre e a verdadeira amizade é um preciso tesouro!
Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Elisabete Leite - 29/11/2022
De repente o mundo vira pelo avesso
Os abraços são somente à distância
A liberdade produz um efeito inverso
Medo e insegurança viram constância...
A gente vivendo em casa, mas preso
Nada faz sentido e nem importância,
E esse vírus invisível deve ser defeso…
Vamos ficar atentos à real circunstância!
Vírus impercebível de tamanho peso
Que deixa o planeta com intolerância
Todos se sentem totalmente indefesos
A vacina imuniza com predominância…
É necessário estarmos bem coesos!
Nos proteger faz tamanha relevância
Para que o nosso corpo continue ileso
E a doença seja banida com vigilância.
Elisabete Leite
Nada sei dos mares que não sejam as ondas
Que me atiram na areia, aos teus pés
E me beijas, me sugas, e me sufocas
Julgando que eu tenha morrido, talvez.
Meu Tristão tem a imagem do belo Apolo
A imagem mais bonita de todo o oceano
Que o sal dos mares me lançou ao colo
Essa imagem perfeita do homem que amo.
Ao me fingir de morta pra sentir seus beijos
Não é pecado, e Deus do céu perdoa
Eu me ressuscito ante os meus desejos
E nos seus braços a minha alma voa.
Agora eu sei que nada mais importa
Desse naufrágio que eu Inventei pra mim
Se é possível estar viva ou estar morta
Ao cruzar os sete mares por amor a ti!
Socorro Almeida
Do livro SÚPLICAS/2021
Com a sensibilidade à flor da pele
Em confronto com a razão que me impõem
Às amarguras cruéis de um coração que ama
Ou que por sorte tenha sido amada...
Entre a insanidade das mentes vazias
E as damas refinadas que às escuras vagueiam
Sou sombras, nada mais que sombras
Que o sol abandonou!
Não se refiram a mim como a um cão sem dono
Meus ganidos noturnos são súplicas
A quem peço...não sei, e quem se importa?
Nunca se é feliz quando se quer
Que não me olhem apenas por ser da noite
Me respeitem apenas por ser mulher!
Socorro Almeida
Do livro MEU CAMINHO
E insiste a ponto de me atordoar
É voz que a mim clama todo instante
Uma ideia que vem sempre importunar
Voz casmurra que clama a escutá-la
Com jura de vir e ser servida
Mas que antes sufoca minha fala
Embaraça meu ser, minha vida
Borboleta que pousa à janela
De meu ser à espera e quer adentrar
Enquanto miro alegre a cor dela
Entretanto essa voz me faz cismar
Que talvez esteja eu à porta dela
Sem temer uma punhada a me afastar
Rioquepassa
Tô remember How sad I sim
Would be an easy adversity
But the recollecting of bloom
Emily Dickinson
Feliz, ser feliz, talvez esquecimento
De algo que fui num passado aguilhoado
Por uma tristeza que se tornou tormento
Que se reflete num hodierno estado
Esse passado faz lembrar quão triste sou
Por trazer na memória pesado fardo
Tal qual uma flor que sem terra fértil murchou
Mas que reflete no presente esse fado
Esquecer seria fácil cataclismo
Se não teimasse o juízo em preconceber
Esse passado através do qual eu cismo
Seria muito mais feliz em esquecer
Que no passado houve a morte de meu imo
Apesar da boa lembrança de florescer
Rioquepassa
Estou contaminada pelo espírito do Natal!
Isso é diferente de tudo que já senti...
É Como se estivesse, um pouco, fora de mim
Com as emoções, mais lindas que, até hoje, vivi...
Assim, me senti à época que Jesus nasceu...
Foi tanta empatia, tanto Amor que floresceu
Que doei as flores a quem passava por mim
Me derretendo de amores por todos e tudo, enfim...
Continuei encantada com o que acontecia
O Amor de Cristo em mim a cada hora crescia
Como um sonho deslumbrante
Que naquele instante eu vivia...
De repente, eu percebi!
Que o Amor é um bálsamo divino...
Só Jesus pra ensinar, esse sentimento lindo
E Continuei a sonhar, feliz
Com o que estava sentindo.
❤️Tásia Maria
Solidão Amiga
Não sei o que seria de mim
Sem a sua companhia...
Querida amiga, Solidão,
Sempre presente nos meus dias...
É com você, minha confidente,
Que desnudo a Alma e o Coração...
Derramando lágrimas tristes
Ou de alegria, com tanta emoção...
Guardiã de meus maiores segredos!
Seu silêncio me aconselha o melhor...
Me acalma a ansiedade e angústia
Com sua paz, serena, maior...
Não se afaste de mim, companheira!
Fiquei feliz, com você, a vida inteira...
Me embalando no seu aconchego...
Só os fortes, mantêm sua companhia!
Compartilhando vitórias ou agonias...
Consagrando essa amizade, sem medo!
❤️Tásia Maria
Muito embora não concordando
Exponho sua filosofia.
Sartre, ser pensante se confia,
Seu conceito estamos abordando.
II
Eis aí seu ponto de partida
Concentração de seu pensamento
Na defesa desse movimento
Afirmando em contrapartida
III
Não achar sentido algum em Deus,
E ficar sem sentido à vida
Então, tudo será permitido?
IV
Estamos diante do dilema.
Acreditar sim, que Deus existe,
Razão maior de todas as coisas.
GBA - PB.,01.11.2022 – Manoel Antonio dos Santos
Há muito tempo atrás…
Meu Natal era diferente
Assistia à Missa do Galo
Recebia muitos presentes
E o que não podia faltar,
Era Amor na vida da gente!
Acreditava em Papai Noel
O sapato ficava na janela,
Comida servida à meia-noite
Uma boa galinha cabidela,
A bebida era o suco de caju
O doce saía quente da tigela...
Filha de guerreira alagoana,
Comida boa não podia faltar
A árvore com bolas coloridas,
Jesus Menino reinava no altar
O presépio ficava iluminado,
Sim, era Natal! Íamos festejar...
A moça sonhadora de Maceió!
Vestia roupa limpa e cheirosa
Colocava um laço no cabelo
Ficava na porta batendo prosa
Esperava pronta o Natal chegar
Para desabrochar uma rosa...
E o tempo passou depressa...
Maceió ficou só na saudade
A garota mudou de cenário
É Recife, o lugar da felicidade
Um Feliz Natal, aos leitores!
Com Amor, Paz e Caridade.
Elisabete Leite
Nas ruas as pessoas andam céleres,
Mais rápidas que o normal.
Parecem fugir com pacotes, sacolas,
Tudo bem natural.
São presentes, são embrulhos,
São lembranças envoltas em papéis
Coloridos, engraçados, divertidos.
No rosto um sorriso,
Nos olhos um pouco de tristeza,
Um pouco de alegria.
Um semblante de esperanças,
Por dias melhores que já passaram,
Por dias melhores que não virão.
São papeis picados, como a vida,
Que caem dos edifícios.
São papéis deixados,
Trocados por outros
Que irão desempenhar.
Mas tudo é festa.
Ao observar tudo isso,
Vejo-me frente a frente,
Não sei se triste
Ou contente.
E lembro que neste Natal,
Não ganhei nenhum presente.
Jorge leite
21-12-1990