domingo, 4 de dezembro de 2022

É Natal...

 
Blog  Maçayó

Edição   nº 518

 Tema das Imagens: NATAL
 

  LEITURA   DE   DOMINGO
 
  O MENINO DA LAVOURA

            Era período natalino e tempo de pandemia, um vírus persistente insistia em permanecer ativo enquanto a humanidade sofria com a permanência desse mal e de tantos outros que castigavam o mundo; o sol nascia brilhante todo dia. A Natureza é sábia e a cada amanhecer mostrava seu esplendor em um cenário de luzes, brilhos, nuances e cores, e assim comprova, que somente os racionais, eram os atingidos maciçamente pelo grande mal.
          Diante desse momento caótico, o garoto João procurava despistar às asperezas da vida, trabalhando arduamente na preparação da terra, (sabe-se que Segundo o Dicionário Aurélio, agricultura é o cultivo do solo, por meio de procedimentos, métodos e técnicas próprias, que buscam produzir alimentos para o consumo humano, como legumes, cereais, frutas e verduras, ou para serem usados como matérias-primas na indústria). Para a família de João era para a produção de frutas e verduras com a finalidade de serem vendidas na feira da comunidade rural. Ele era conhecido, carinhosamente, como o menino da lavoura. O pai de João havia falecido há um ano e o menino precisava ajudar na sobrevivência da família, ou seja, a mãe e dois irmãos pequenos. Sua mãe, uma senhora sofrida, buscava na fé forças para continuar administrando o pouco que tinha. João era um garoto como outro qualquer, cheio de sonhos, queria estudar para garantir seu futuro como também dos seus irmãos. Um menino de estatura mediana, mas franzino demais; tinha olhos negros e vibrantes e um semblante calmo. Acordava sempre ao raiar do dia, bebia um pouco de café requentado e ia arar à terra.
             Certo dia, o garoto João saiu muito cedo para vender as frutas e verduras na feira, encheu o carro de mão com os comestíveis e passou pela porteira da pequena propriedade sem nem olhar para trás; de longe avistou uma caminhonete parada e falou com seus botões: "será que alguém está precisando de ajuda?!". O garoto se aproximou lentamente e viu um senhor de cabeça baixa, sentado na cadeira do motorista. Então, João resolveu perguntar ao desconhecido se podia ajudá-lo, e disse-lhe:
             - Bom dia, moço! O senhor está sentindo alguma coisa? Está precisando de algo? Posso ajudá-lo?
            O moço desconhecido levantou a cabeça, tinha um semblante pálido, e respondeu-lhe:
             - Bom dia, meu garoto! Não estou passando muito bem! Estou sentindo: dor no lado esquerdo do peito, mal-estar, enjoo, tontura e dificuldade de respirar. Resolvi parar um pouco.
             João ficou ouvindo o senhor descrever o que sentia e sabia que aquele homem precisava de um médico, e disse-lhe:
            - Seu moço, irei levá-lo para minha casa, minha mãe cuidará do senhor, enquanto vou chamar o médico da comunidade.
            Assim aconteceu, João deixou o homem aos cuidados da mãe e foi buscar o médico... Depois de quase uma hora, o garoto voltou acompanhado do plantonista do posto de saúde. O médico assistiu ao doente e falou que o homem precisava ser removido, pois o mesmo estava infartando e que precisava de cuidados especiais. Logo depois, o senhor desconhecido foi removido para o hospital mais próximo.
            Dias após o ocorrido, na véspera de natal, a família de João estava toda reunida no terraço da pequena propriedade quando um carro parou e dele desceu o mesmo homem que João havia socorrido. O senhor cumprimentou à todos, se aproximou de João e disse-lhe:
            - Meu rapaz, você salvou a minha vida! Eu vim buscar você e sua família para um almoço natalino comigo e minha  família.
            João agradeceu e todos foram para o grande almoço natalino. Já na casa daquele senhor agradecido, ele procurou recompensar o garoto João e seus familiares com presentes, mesa farta, muito carinho e amor fraternal. Aquele almoço natalino, cheio de brilhos, ficou na história porque bondade gera bons frutos e gentileza gera gentileza.
           O tempo passou... e nunca mais aquelas famílias se separaram. O menino da lavoura tinha um endereço certo para entregar às frutas e verduras cultivadas na lavoura. A esperança nunca morre e a verdadeira amizade é um preciso tesouro!

           Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

Elisabete Leite - 29/11/2022
 
 O VÍRUS CONTINUA...

De repente o mundo vira pelo avesso
Os abraços são somente à distância
A liberdade produz um efeito inverso
Medo e insegurança viram constância...

A gente vivendo em casa, mas preso
Nada faz sentido e nem importância,
E esse vírus invisível deve ser defeso…
Vamos ficar atentos à real circunstância!

Vírus impercebível de tamanho peso
Que deixa o planeta com intolerância
Todos se sentem totalmente indefesos
A vacina imuniza com predominância…

É necessário estarmos bem coesos!
Nos proteger faz tamanha relevância
Para que o nosso corpo continue ileso
E a doença seja banida com vigilância.

Elisabete Leite
 
 ENCONTRO   DE   POETAS
 
 MEUS SETE MARES

Nada sei dos mares que não sejam as ondas
Que me atiram na areia, aos teus pés
E me beijas, me sugas, e me sufocas
Julgando que eu tenha morrido, talvez.

Meu Tristão tem a imagem do belo Apolo
A imagem mais bonita de todo o oceano
Que o sal dos mares me lançou ao colo
Essa imagem perfeita do homem que amo.

Ao me fingir de morta pra sentir seus beijos
Não é pecado, e Deus do céu perdoa
Eu me ressuscito ante os meus desejos
E nos seus braços a minha alma voa.

Agora eu sei que nada mais importa
Desse naufrágio que eu Inventei pra mim
Se é possível estar viva ou estar morta
Ao cruzar os sete mares por amor a ti!

Socorro Almeida
Do livro SÚPLICAS/2021
 
 QUEM SE IMPORTA?

Com a sensibilidade à flor da pele
Em confronto com a razão que me impõem
Às amarguras cruéis de um coração que ama
Ou que por sorte tenha sido amada...
Entre a insanidade das mentes vazias
E as damas refinadas que às escuras vagueiam
Sou sombras, nada mais que sombras
Que o sol abandonou!
Não se refiram a mim como a um cão sem dono
Meus ganidos noturnos são súplicas
A quem peço...não sei, e quem se importa?
Nunca se é feliz quando se quer
Que não me olhem apenas por ser da noite
Me respeitem apenas por ser mulher!

Socorro Almeida
Do livro MEU CAMINHO
  

Uma voz há que me fala incessante
E insiste a ponto de me atordoar
É voz que a mim clama todo instante
Uma ideia que vem sempre importunar

Voz casmurra que clama a escutá-la
Com jura de vir e ser servida
Mas que antes sufoca minha fala
Embaraça meu ser, minha vida

Borboleta que pousa à janela
De meu ser à espera e quer adentrar
Enquanto miro alegre a cor dela

Entretanto essa voz me faz cismar
Que talvez esteja eu à porta dela
Sem temer uma punhada a me afastar

Rioquepassa
 
 How happy I was if I could forget
Tô remember How sad I sim
Would be an easy adversity
But the recollecting of bloom
Emily Dickinson

Feliz, ser feliz, talvez esquecimento
De algo que fui num passado aguilhoado
Por uma tristeza que se tornou tormento
Que se reflete num hodierno estado

Esse passado faz lembrar quão triste sou
Por trazer na memória pesado fardo
Tal qual uma flor que sem terra fértil murchou
Mas que reflete no presente esse fado

Esquecer seria fácil cataclismo
Se não teimasse o juízo em preconceber
Esse passado através do qual eu cismo

Seria muito mais feliz em esquecer
Que no passado houve a morte de meu imo
Apesar da boa lembrança de florescer

Rioquepassa
 
 
Espírito Natalino

Estou contaminada pelo espírito do Natal!
Isso é  diferente de tudo que já  senti...
É Como se estivesse, um pouco, fora de mim
Com as emoções, mais lindas que, até hoje, vivi...

Assim, me senti à época que Jesus nasceu...
Foi tanta empatia, tanto Amor que floresceu
Que doei as flores a quem passava por mim
Me derretendo de amores por todos e tudo, enfim...

Continuei encantada com o que acontecia
O Amor de Cristo em mim a cada hora crescia
Como um sonho deslumbrante
Que naquele instante eu vivia...

De repente, eu percebi!
Que o Amor é um bálsamo divino...
Só Jesus pra ensinar, esse sentimento lindo
E Continuei a sonhar, feliz
Com o que estava sentindo.
              ❤️Tásia Maria
 

Solidão Amiga

Não sei o que seria de mim
Sem a sua companhia...
Querida amiga, Solidão,
Sempre presente nos meus dias...

É com você, minha confidente,
Que desnudo a Alma e o Coração...
Derramando lágrimas tristes
Ou de alegria, com tanta emoção...

Guardiã de meus maiores segredos!
Seu silêncio me aconselha o melhor...
Me acalma a ansiedade e angústia
Com sua paz, serena, maior...

Não se afaste de mim, companheira!
Fiquei feliz, com você, a vida inteira...
Me embalando no seu aconchego...

Só os fortes, mantêm sua companhia!
Compartilhando vitórias ou agonias...
Consagrando essa amizade, sem medo!
              ❤️Tásia Maria

 
 DEUS e o existencialismo!

Muito embora não concordando
Exponho sua filosofia.
Sartre, ser pensante se confia,
Seu conceito estamos abordando.
        II
Eis aí seu ponto de partida
Concentração de seu pensamento
Na defesa desse movimento
Afirmando em contrapartida
        III
Não achar sentido algum em Deus,
E ficar sem sentido à vida
Então, tudo será permitido?
        IV
Estamos diante do dilema.
Acreditar sim, que Deus existe,
Razão maior de todas as coisas.

GBA - PB.,01.11.2022 – Manoel Antonio dos Santos

 
 

  Cantinho  do  Editor
 
 UM POEMA DE NATAL

Há muito tempo atrás…
Meu Natal era diferente
Assistia à Missa do Galo
Recebia muitos presentes
E o que não podia faltar,
Era Amor na vida da gente!

Acreditava em Papai Noel
O sapato ficava na janela,
Comida servida à meia-noite
Uma boa galinha cabidela,
A bebida era o suco de caju
O doce saía quente da tigela...

Filha de guerreira alagoana,
Comida boa não podia faltar
A árvore com bolas coloridas,
Jesus Menino reinava no altar
O presépio ficava iluminado,
Sim, era Natal! Íamos festejar...

A moça sonhadora de Maceió!
Vestia roupa limpa e cheirosa
Colocava um laço no cabelo
Ficava na porta batendo prosa
Esperava pronta o Natal chegar
Para desabrochar uma rosa...

E o tempo passou depressa...
Maceió ficou só na saudade
A garota mudou de cenário
É Recife, o lugar da felicidade
Um Feliz Natal, aos leitores!
Com Amor, Paz e Caridade.

Elisabete Leite
 
 Natal

Nas ruas as pessoas andam céleres,
Mais rápidas que o normal.
Parecem fugir com pacotes, sacolas,
Tudo bem natural.

São presentes, são embrulhos,
São lembranças envoltas em papéis
Coloridos, engraçados, divertidos.
No rosto um sorriso,
Nos olhos um pouco de tristeza,
Um pouco de alegria.
Um semblante de esperanças,
Por dias melhores que já passaram,
Por dias melhores que não virão.

São papeis picados, como a vida,
Que caem dos edifícios.
São papéis deixados,
Trocados por outros
Que irão desempenhar.
Mas tudo é festa.

Ao observar tudo isso,
Vejo-me frente a frente,
Não sei se triste
Ou contente.
E lembro que neste Natal,
Não ganhei nenhum presente.

Jorge leite
21-12-1990
 

 
 
 

 Nota dos Editores: Informamos que entraremos em recesso, a partir desta edição e retornaremos em janeiro de 2023. Esta parada se faz necessária para que possamos nos reabastecer de Paz, Esperanças e Sabedoria. Tempos difíceis estão por vir, é necessário que estejamos preparados.
                Agradecemos aos nossos poetas que tanto nos ajudaram neste ano que se finda. Sem os mesmos não teríamos a visibilidade que temos hoje. Antecipadamente, desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de Paz.
                Jorge Leite e Elisabete Leite.
 
 

 

domingo, 27 de novembro de 2022

A Garota do Sinal

 

Blog  Maçayó

Edição   nº 517

 Tema das Imagens:  Aquarelas

 LEITURA   DE   DOMINGO

 A GAROTA DO SINAL

           Início de Primavera, sol radiante, ventos amenos e cenário colorido, mas para Emília todos os dias eram sempre iguais: tristes e acinzentados. Garota bonita de olhos negros e cabelos encaracolados, porém vivia escondida por trás de um semblante sério e sofrido, porém tinha um coração generoso. Menina que despertou muito cedo para o trabalho e a dureza da vida, queria concluir o Ensino Médio para oferecer aos irmãos uma situação de vida melhor que a dela; precisava trabalhar pois que sua mãe estava muito doente, e vivia constantemente em cima de uma cama. Seus irmãos, os gêmeos Júlio e Túlio cursavam o sexto ano do Ensino Fundamental, e para Emília garantir os estudos deles, precisava se desdobrar. A garota trabalhava duro em plena pandemia da Covid-19, vendia máscaras de tricô em um sinal próximo à escola que estudava, em horário contrário ao das aulas. E na sala de aula, além de aprender os conteúdos programáticos, vivia tricotando as próprias máscaras que vendia, belos acessórios em cores variadas; os professores permitiam já que sabiam do histórico da adolescente.
          Certa manhã, Emília chegou cedo ao local de trabalho, no sinal de sempre, veio vestida de esperança, usava verde para simbolizar o que sentia: vestido simples, sandália rasteira, um lenço prendendo suas madeixas, uma máscara em tom verde-limão e sua cesta com os acessórios, ela estava pronta para seu ofício diário. A garota sentiu que alguém a observava, levantou o rosto e viu um carro verde parado, aguardando o sinal abrir. De repente, um rapaz se aproximou do automóvel e anunciou o assalto, um grito no ar, e logo depois o homem saiu caminhando normalmente, carregando uma bolsa feminina,  enquanto uma senhora ficou dentro do carro gritando por socorro; o movimento de coletivos não estava intenso, e Emília não pensou duas vezes, o sinal abriu, mas ela correu para ajudar à senhora; entrou no carro, viu que a vítima não tinha ferimentos, e a orientou a estacionar mais à frente, em um local seguro. Já em segurança, Emília quebrou o silêncio:
            - Sou Emília, a senhora está bem?!
           A mulher, ainda muito nervosa pela situação formada, olhou diretamente para Emília, e respondeu-lhe:
           - Sou Antonieta, estou insegura, mas bem! Mas, que coincidência, sempre a vejo neste sinal vendendo máscaras de crochê.
           - De tricô, porque tem maior elasticidade, são forradas e muito seguras. Respondeu-lhe Emília.
           As duas ficaram conversando para minimizar os danos do assalto. Logo depois, um policial se aproximou e devolveu a bolsa que já havia sido recuperada, e a mulher agradeceu. Assim, tudo voltou ao normal. A jovem Emília continuou vendendo suas máscaras, como se nada tivesse acontecido, até o início do turno das aulas...
           Em uma manhã como outra qualquer, Emília estava aguardando o sinal fechar quando ouviu alguém chamando por ela: "Emília, aqui!"
A garota olhou para o outro lado, viu um carro verde estacionado, e logo percebeu que era Dona Antonieta, a mesma mulher do assalto no sinal, e correu ao seu encontro, e falou:
           - Dona Antonieta, que prazer revê-la! Tudo bem?
            A senhora olhou para ela, e disse-lhe:
            - Emília, o prazer é todo meu! Estou bem, e vim especialmente para falar contigo. No dia do incidente não tive condições, mas agora já tenho.
            - Então, pode dizer! Respondeu-lhe a garota.
            Dona Antonieta olhou firme para Emília, e continuou falando:
           - Emília, eu sou dona de uma grande loja de confecções na cidade e gostaria de comprar-lhe todo estoque de máscaras de tricô que você tenha; como também, no início quero que você venha trabalhar na minha loja como estagiária, e depois quando você concluir o Ensino Médio, será minha sócia.
            A jovem Emília não podia conter as lágrimas que se misturavam ao suor de seu rosto, e ainda soluçando, balançou a cabeça em sinal afirmativo e deu um abraço afetuoso na bondosa senhora.
           O tempo passou... Emília, a garota do sinal, se formou em designer de moda, e com ajuda de Dona Antonieta, abriu a sua própria loja de confecções, denominada Esperança; seus irmãos cresceram, se tornaram independentes, e sua mãe passou a ter uma melhor e mais saudável qualidade de vida.
            Enfim, todos foram felizes!
            Um ano depois, a pandemia continuava…

Elisabete Leite

 

 Cantinho da Tia Beta

 SAUDADES DA INFÂNCIA   (...)

Meu coração vibra de tantas saudades
O meu legado é a minha maior herança
São as recordações de quando criança
Isso não tem preço, em qualquer idade!

São emoções que guardo na memória
Daqueles tempos, de outrora, coloridos
Registros de um jardim secreto e florido
Que fazem parte da minha bela história...

Momentos do universo doce da infância
Das brincadeiras pelo caminho da escola
E os banhos de chuva molhando a sacola
Instantes únicos, de extrema relevância...

Recordações que tenho no diário da vida
E primam valor existencial e importância
As salutares lições que viram constância
Saudades que jamais serão esquecidas!

                     - Elisabete Leite

  AGORA    (...)

Agora que nosso amor é eterno
Não venhas cheio de incertezas
Pois de tudo tenhas toda certeza
Terás amor de inverno a inverno!

Não chores pelo leite derramado
Teu amor é tudo que mais quero
Venhas logo, que aqui te espero!
E vivermos sem olhar o passado...

Prometo-te tudo de mais sincero
Sentimento leal que agora reitero
E que pelo tempo foi imortalizado...

Fincou raízes fortes, elo de esmero
Em nossos corações sensibilizados
Amor do agora, por mim idealizado!

                - Elisabete Leite

  CAMINHOS E DESALINHOS (...)

Pelos longos caminhos percorridos
Busquei encontrá-la a minha espera
Foram sonhos reais e não quimeras
Momentos que viviam adormecidos...

Cruzei campos e escalei montanhas
Passei instantes doloridos de agonia
Rimei belos versos, fiz ternas poesias
O amor habitava minhas entranhas...

Sim, sobrevivi a tudo, fiz façanha!
Te buscava no alvorecer de cada dia
Sempre renovado nessa força estranha.

Se ainda assim, não chegar ao ponto X
Refaço tantos outros caminhos que já fiz
Por noites a fio ou talvez anos de estadia.

  - Elisabete Leite e Juca Silva Ramos

 

  ENCONTRO   DE   POETAS

  1884

Mil oitocentos e oitenta e quatro
Sapé o recebe numa hora certa
Sem saber que pensaria tão alto
Aos trinta se despede como poeta

Um abraço de poemas e poesias
Explanando amor com ceticismo
“Versos íntimos” quanta ousadia
O mais sombrio, pré-modernismo

Hoje poeta da morte, és lembrado
Com nostalgia reconheço seu legado
E sua obra “EU” viverá por anos e anos

Hoje poeta da morte, a ti sou grato
Em Leopoldina deixastes teu retrato
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

Josué Ferreira
18 de Novembro de 2022

 BANZO OU SAUDADE

Nos meus tempos de menina
Já ouvia coisas sobre o passado
Que não me orgulhavam nem um pouco
Negros e negras suplicando por liberdade!
Imaginava os açoites em seu lombo
As cicatrizes em sua pele, e o banzo?!...
Aprendemos a dizer que era saudade!

O que há de diferente de agora?
Quando o povo faminto ainda implora
Se abriga sob uma marquise e chora!
Nada lhes pertence nem o próprio sonho
Saudade do que não pode ter apego
Por mais que implorem por respeito!
Não somos diferentes daqueles negros
Na ilusão de uma merecida liberdade
Somos apenas... brancos ou negros
Simples escravos das oportunidades!

Socorro Almeida
Recife, 21/11/2022

POBRE RAINHA...

Quando meu rei chegou me pus aos seus pés
Embora cansada dos afazeres da vida
Senti-me Rainha de todos os reis e sorri
Tomou-me nos braços e me chamou de querida.

Deu ordem pra que nos servissem vinho
E brindamos com ardor o momento mágico
Olhos nos olhos, sorrindo à toa...mais carinho
Seguimos os exageros, o efeito enfático...

Não se atreveu a pedir-me mais...eu sei
Dos suficientes prazeres que eu lhe dei
E num bater de porta, e da campainha
Eu atordoada, daquele sonho, acordei!

Socorro Almeida
Recife, 19/11/2022


 
EU, HEIM!

Eu não danço, pois sou filósofo
Quem disse ser isto verdadeiro?
Ah! Recorro ao grande Rubem Alves
Leiam "Variações sobre o prazer".
                          II
A música produz alegria
Ela tem tudo, tanta magia,
Envolvendo todo nosso corpo.
Mas o filósofo não tem corpo.
                          III
Do deus da Grécia, não tenho a flauta
Do Dionísio , só alegria,
A dança sempre tão envolvente
Ser filósofo é isso mesmo?
                          IV
Dispomos só de "cabeça e olhos"?
Daí nasce a razão de tudo
E das palavras nasce a razão.
Eu heim. Entendam esses filósofos!

Manoel Antônio Dos Santos
Guarabira - PB, 24/11/2022

 DE JOELHOS "NATAL DE JUDÁ"
Por: Baltazar Filho

Precisava ajoelhar-me para orar
Erguer o rosto ao céu e dizer
Deus a tua presença vou adorar
Sensivelmente te sentir e crer.

Crer no mais elevado pensamento
Na estrela que nos guia ao Salvador
Brilhando no véu do firmamento
Indicando o nascimento do Senhor.

Era preciso ajoelhar-me e rezar
Com os anjos cantar e bendizer
Bendito seja Belém de Judá
O lugar onde o Cristo foi nascer.

Foi preciso me curvar e contemplar
Admirar o céu e gritar, este sou eu!
Dormir, sonhar, acordar e lembrar.
Deste Natal, e onde Jesus nasceu.

balfilho@gmail.com 


   Cantinho do Editor

"Fim de Ano

Fim de ano, fim de festas.
É o ano velho que vai
É o ano novo que vem.
Velhos sonhos que se foram
Novos sonhos que virão;
Os velhos foram tão bons,
Os novos também serão.
Tudo depende apenas
Do que chamamos ilusão.

Ano novo, ano velho,
Para mim tudo igual.
Um contínuo passar de dias
Um contínuo passar de vidas.
Cada dia mais velho.
Esperanças que se foram
Esperanças que virão;
Alguns amores morreram
E outros renascerão.

Fim de ano, fim de festas,
Fim de encontros e desencontros.
Tudo passou por passar.
Alguns dias de alegria,
Outros nos fez chorar.
E como o dia e a noite,
Que se sucedem sem parar,
A dor e o amor andam juntos,
Sem nunca se encontrar.

Ano nove, ano velho,
Quantas lembranças ficaram,
Quantas hão de lembrar.
Quantas verdades foram ditas
Quantas incertezas no ar.
E o coração fala alto,
Fala porque quer falar
Sangra a dor da tristeza,
Sangra a alegria de amar.

Ano novo, ano velho,
Fico sentado pensando,
Em tudo que aconteceu
Em tudo que acontecerá.
A quem dedicar estes versos?
Aqueles que me amaram?
Aqueles que hão de amar?
Dedico à solidão
Companheira de bar em bar."

 Jorge Leite

 

Imagens: Aquarelas 

 

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