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Leila Diniz |
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Ana Néri (1814-1880) foi a pioneira da enfermagem no Brasil |
Não se nasce mulher, torna-se mulher
Se fôssemos analisaras diferenças anatômicas e genéticas,
seria fácil contestar o que tentarei explicar, ou melhor, o que me foi solicitado
explicar. Porém, temos consciência de que não somos simplesmente os nossos
corpos físicos, e que essa consciência individual é formada de uma mistura
única de influências pessoais, históricas, culturais, geográficas e biológicas.
Também temos consciência de que carregamos dentro de nos as experiências em que
o masculino e o feminino coexistem e fundem-se.
A criança ao nascer, seja ela do sexo masculino ou feminino,
e uma ponte para o não manifestado, e uma ligação para a alma multidimensional.
Para compreender esse processo da multidimensional faz-se necessário
acreditar que possuímos não um único corpo, mas quatro diferentes corpos que
são inseparáveis em suas individualidades. Os quatro corpos são: o físico, o
mental, o espiritual e o emocional. É necessário falarmos um pouco sobre cada
um dos corpos para podermos entender porque “não se nasce mulher, torna-se
mulher “.
O corpo físico é o instrumento da alma, ele está impregnado
com suas lembranças, com seus conhecimentos. Ele tem uma estrutura material que
contém as emoções do espírito e as escolhas da mente. O corpo mental controla o
corpo físico. Ele (o corpo físico) recebe ordens do corpo mental e as
desempenha. O corpo físico copia a ordem da mente.
O corpo espiritual é o mais vago dos quatro corpos. Ele não está
ancorado no domínio material. O corpo emocional é o que se expressa
fisicamente, é o que conhecemos por suas expressões físicas.
Vamos voltar à criança para tentarmos entender o que se
falou anteriormente. Quando o corpo emocional se alimenta de informações tais
como medo, bloqueios, julgamentos, posicionamentos, os corpos físico, mental e
espiritual também ficam presos a essas informações. A criança representa tudo o
que está no estado original, mas desde o início impomos conceitos, gestos e
maneiras como ela deve se comportar; tais como “menina não fala isso”, “isso
não é coisa de menino”. Começamos a moldar um comportamento e proibir ela de se
expressar e experenciar.
Com a diminuição da experiência ela passa a registrar os
julgamentos negativos, ela passa a julgar. Os bloqueios e as confusões que
temos em todos os níveis de nossa compreensão são usados e projetados na
criança criando-lhe envoltórios, modelando-a a níveis inconscientes, restringindo
e limitando o plano original que ela possui.
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Dandara foi uma guerreira negra do período colonial do Brasil. Foi esposa de Zumbi dos Palmares. |
A criança passa a ser estimulada pelo emocional, depois
passa a escolher o emocional. Em resumo, tudo aquilo que pensamos é o que
representamos. O que fazemos é ensinar a criança nossas frustrações, nossos
bloqueios, nossas marcas, nossos códigos, nossos “isso pode, isso não pode”. A
criança não conhece o “ser homem, ser mulher” não possui o conceito, a
separação que criamos.
Diante do que se foi falado até agora poderíamos dizer que “não
se nasce mulher, criamos a mulher”. O “torna-se mulher” vai depender das
experiências que nos permitirá encontrar o caminho para a compreensão e o
relacionamento entre os nossos corpos. A coordenação desses quatro corpos cria
a consciência de “torna-se mulher”. Atualmente os nossos níveis de consciência
externos possuem uma percepção linear e limitada, que nos faz usar o mental
como amortecedor. Somos controlados por nossas emoções e somente podemos
descristalizar as emoções que somos conscientes.
É o corpo espiritual que dança com o corpo emocional. O
corpo mental não dirige nem controla o corpo emocional. Precisamos encontrar
nossos caminhos, vivenciar nossas experiências, mergulharmos em nós mesmos, pois
nossa maior riqueza está em nosso interior. O “torna-se mulher” é romper com as
dependências e os padrões de respostas do nosso corpo emocional. O que o corpo
emocional faz e criar um corpo que representa as existências anteriores que ele
carrega. É representar um dos inúmeros e variados repertórios.
O “torna-se mulher” é tomar consciência de que o emocional
controla o espetáculo, e morrer para viver enterrando conceitos, padrões,
códigos e posturas em troca de experiência e da conscientização de que somos
nossos próprios guias. Somos o que queremos ser, e a mulher ao tomar
consciência de si “torna-se mulher”.
Jorge S. Leite – SP – novembro de 1990
Esse texto foi escrito a pedido de Cacilda Coutinho ( uma mineira
boa de prosa e boa de briga) como tema para trabalho de fim de curso de
Assistente Social.
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Chiquinha Gonzaga |
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Tarsila do Amaral |
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Tarsila do Amaral |
Espetacular seu texto! Vale a pena refletir sobre a temática, assim nos tornamos mulheres moldadas, para o feminismo ou machismo da sociedade... imagens pertinentes dessas incríveis mulheres que formaram suas histórias de vida. Aplausos para uma mavilhosa homenagem. Parabéns!
ResponderExcluirSimplesmente maravilhoso texto e imagens... o blog está de parabéns pelas singelas homenagens as nossas mulheres. É por aí a mensagem. Um show de página. Aplausos mil
ResponderExcluirMais uma belíssima página em homenagem a todas as mulheres. Excelente texto, concordo com a mensagem. Imagens significativas e belas. Parabéns! Obrigada por partilhar. Abraços!
ResponderExcluirMulheres, reconhecemos seu valor, independente do motivo, o seu sorriso pode ser de alegria ou de dor... Feliz dia internacional da Mulher! Parabéns a todas! Lindo blog e belíssimo texto. Aplausos. Abraços...
ResponderExcluir"Ser Mulher é sempre enfrentar com coragem e alegria todos os problemas da vida". Lindo texto e imagens... Parabéns as Mulheres e ao blog. Abraços
ResponderExcluirLinda e expressiva página, um texto bem redigido, que concordo vários destaques, outros só podem ser interagidos pessoalmente. Parabéns pelas mulheres incríveis em destaques. Feliz dia para gente meninas! Abraços...
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