TRÊS
IRMÃOS
Nada incomodava mais a bela Marina do
que ficar acordada durante a noite toda... Ela achava que o primordial para se
ter uma boa saúde, era passar uma noite de sono tranquila. Mas a chuva não lhe deixava
dormir, pois quando se fazia uma tempestade, os cômodos do velho casarão, sempre,
ficavam inundados, parecia até que um rio havia mudado de curso, e desaguado por
ali.
Marina e seus dois irmãos menores,
Vicente e Pedro, foram abandonados quando ainda pequeninos, naquele orfanato “Lar
da Criança Feliz”, que fica localizado em uma pequena cidade interiorana do
nordeste brasileiro... A garota, hoje, com dez anos de idade, era muito sensível,
sofrida por uma, enorme, carência, mas, mesmo assim, era criativa e versátil.
Sempre teve muita dificuldade de ser adotada, por ser negra e ter idade acima
dos padrões de adoção (sabe-se que menos de 10% dos brasileiros inscritos, na
fila de espera para adotar crianças, aceita levar para casa uma criança maior
de cinco anos). Os irmãos menores, aos seis anos de idade, também sofriam com a
dificuldade para serem adotados, principalmente por serem gêmeos; a Lei, daquele
orfanato, reza que, em caso de gêmeos, os irmãos teriam que ser adotados pela
mesma pessoa e/ou família. Assim os três irmãos foram ficando para trás. O que
Marina ansiava, na verdade, era que alguém adotasse os três irmãos, porque,
assim, ela teria a chance de auxiliar e acompanhar o crescimento dos seus
queridos irmãos.
A menina, todas as noites, se
ajoelhava, constrita, em frente ao altar da, rústica, capela de pedra, que
havia nas dependências do orfanato, para orar a Deus, pedindo que Ele
iluminasse a mente de um Ser Humano, e que este viesse a adotá-los. Mas,
naquela noite, devido as chuvas, ficou sem condições de ir à capela fazer suas
orações, pois que passou a maior parte do tempo enxugando os rios de água, que
dificultavam sua locomoção pelas dependências do casarão. Os garotos estavam
trêmulos, pelo medo dos clarões dos relâmpagos que cruzavam o céu e dos ruídos
estridentes dos trovões, que pareciam até fogos de artifícios, nas noites de
São João. Apavorados, pediam socorro à irmã. Vicente era quem sempre falava, enquanto Pedro
permanecia calado.
- Marina, estamos morrendo de medo, e
com sono, precisamos dormir. Disse-lhe o menino, com o rosto transtornado de
pavor.
A menina, respondeu-lhes, com
precisão:
- Queridos irmãos, vocês podem
dormir, que ficarei vigiando, não permitirei que nada lhes aconteça.
As crianças, confiantes nas promessas
da irmã mais velha, fecharam seus olhinhos e dormiram como anjinhos... Marina
continuava apreensiva, chegando ao ponto de chorar, pois, naquele dia, não
podia fazer suas orações noturnas. Sozinha,
ela pensava e pedia: “Meu Deus, ajude-nos!” Logo, muito cansada, se sentou na
cadeira, que fica no quarto dos irmãos, e adormeceu... Foi despertada pelo
gorjear dos pássaros, que voavam pelo jardim... o doce aroma das frutas do
pomar e o cheiro forte de terra molhada, deixado pela chuva da noite anterior.
Resolveu abrir a janela, para contemplar o sol que resplandecia no horizonte e se
encantou com o deslumbrante arco-íris que mesclava o azul do céu, com suas cores
vibrantes. Olhou em volta, viu que seus irmãos ainda dormiam, tranquilamente, à
mesma posição. Observou, também, que as outras crianças já estavam acordadas, e
tomavam o desjejum, no refeitório. De repente, ouviu quando alguém a chamara
pelo nome:
- Marina, venha até aqui, por favor!
Gritava, Dona Estela, diretora do orfanato.
- A senhora está me chamando? A
menina falou sorrindo!
- Sim querida! Não deu tempo de te falar,
ontem, por causa do tumulto provocado pelas chuvas. Mas, hoje, um casal vem
passar a tarde com seus irmãos. Eles estão interessados em adotá-los. Vamos ter
Fé, pois que é viável, a possibilidade.
Marina permaneceu estática, mas logo abriu
um sorriso, agradecida pela possibilidade dos seus irmãos serem adotados, assim
deixou o local, feliz... Exatamente às 14horas, os garotos estavam arrumados, e
esperavam ansiosos a chegada das visitas. A garota ficou observando-os de
longe. Era um casal de negros que transparecia, pelo semblante, serem de boa
índole e intenções. Sentaram-se ao lado dos meninos que, em determinado momento,
apontaram para Marina, que até parecia estar na berlinda, dizendo algo para o
casal. O casal ficou, em companhia com os meninos, por horas... Já anoitecia,
quando foram embora.
Passou-se mais um dia... A Lua estava
radiante e, junto às estrelas, cintilava no céu. Não havia ameaça de chuvas
durante aquela noite pois, só pequenas e alvas nuvens passeavam ao léu. Nesse
momento, a garota ouviu dona Estela chamar:
- Marina, venha aqui!
Assustada, a menina abriu a porta da
diretoria:
- Entre querida, preciso lhe contar
uma boa nova! Disse-lhe a diretora.
- Sim, Dona Estela! Estou muito
ansiosa...
A boa senhora continuou falando,
calmamente. Notava-se, em seu rosto, um sorriso especial:
- Você e seus irmãos serão adotados;
pelo casal visitante de ontem.
Nesse momento a garota entendeu o
porquê de os meninos terem apontado para ela, no dia da visita. A partir desse momento, Marina não conseguiu
ouvir mais nada, correu em disparada para a capela e pôs-se a orar. Ela foi
agradecer por, finalmente, os três serem adotados, juntos... E assim aconteceu:
Os trâmites foram resolvidos e aceitos pelas autoridades competentes... a
adoção realizou-se em poucos meses.
Atualmente, os três irmãos vivem em
uma linda casa, na Cidade de Recife - PE, em companhia dos pais adotivos... e todos
são muito felizes... A bela menina acredita que acontecera um milagre na vida
deles. Ela continua orando todas as noites, mas nada mais pede, apenas
agradece.
Emocionada, fascinada, lisonjeada e muito agradecida... ficou belíssima a página, foi assim que imaginei no final do conto, as crianças felizes, por um sonho realizado. As imagens ficaram expressivas e completam o sentido da narrativa. Uma temática forte e bem atual. Estou encantada pelo que escrevi. Obrigada Jorge e parabéns pelo blog. Beijos de agradecimento...
ResponderExcluirEspetacular momento Literário! Um encanto ficou seu conto, uma história comovento, com muita emoção e sentimentos gerados na sua belíssima imaginação. Uma temática atual, presente no cotidiano do nosso País. Somente me resta aplaudir. As imagens muito bem escolhidas pelo amigo Jorge. Parabéns a ambos. Amei tudo!
ResponderExcluirEita que beleza de conto! Minha amiga Bete, fantástica ficou a página, uma história encantadora, extraída bem de dentro da alma. Não posso deixar de me emocionar, a cada parágrafo lido, são novas e diferentes sensações. Esse blog e um verdadeiro sucesso. Maravilhosas e expressivas imagens. Parabéns a ambos!
ResponderExcluirFascinado aqui com mais um conto belíssimo e emocionante da amiga poetisa Bete. Muito sentimeno extraídos da sua espetacular imaginaçáo. É gratificante descobrir mais um talento da nossa amiga. As imagens escolhidas pelo amigo Jorge sáo de muito bom gosto. Parabéns a ambos!
ResponderExcluirFazer mais um elogio a Betinha (Elisabete Leite) é redundância, afinal é ela a estrela que ilumina o Blog Maçayó. Seus contos, suas poesias têm demonstrado um amadurecimento como escritora e poetisa. Betinha é o Sol, e nós somos os planetas que giramos em sua volta. Mas nosso planetário está incompleto. Segundo nosso amigo Paulo, faltam as poesias, de estilo erótico, do poeta Maciel. Estamos aguardando ansiosamente por sua estreia em nosso blog.
ResponderExcluirRealmente nosso blog, como diz lá em cima:"um blog de amigos, para amigos".
Espero ter o prazer de iniciar nos próximos dias a publicação de seus poemas.
Bom dia poeta Jorge, claro que pode contar comigo. Mandarei pela Bete os dois mais leves poemas que tenho. Gosto de comentar os poemas dos amigos, simplesmente assim! Abraços
ExcluirQue lindo seu conto Bete, encantos de uma temática atual. Estou maravilhada com esta história que parece até real. Ficou muito linda a página, imagens expressivas marcam o enredo. Parabéns a ambos. Show de conjunto! Bom domingo a todos.
ResponderExcluirFenomenal conto Bete, emocionante, envolvente, de um momento de leveza único, a história parece real, fatasia e realidade de máos dadas. As características das personagens tem um toque especial seu, ninguém pode negar a grandeza da mensagem faz parte da sua pesonalidade. Tu és linda por dentro que faz transparecer a beleza da tua alma. Aplausos. Excelentes imagens Jorge. Maciel esta é para ti. Aguardo o seus versos sensuais. Abraços
ResponderExcluirLindo e muito lindo seu conto amiga Bete, gostei de todos, mas este é especial, uma linguagem adequada às crianças. Passa uma mensagem edificante, com uma tema atual. Amei seu texto. As imagens complementam o enredo. Parabéns a ambos. Abraços
ResponderExcluirQuero agradecer a todos, pelas leituras e gentis comentários. Abraços
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