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A liberdade de
expressão é tão importante que podemos colocar lado a lado um escritor genial
com seu escrever erudito como Violeiro Capiau, ou uma maneira simples de
escrever como o poema que uso nessa página, não para comparar advirto novamente
como já fiz antes, mas para expor a liberdade que temos ao escrever, e é essa
liberdade que me comprometo a mostrar.
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Glenn Brandy Australia Painting |
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Glenn Brady Australia Painting |
E... sobre saltos...
Violeiro Mineiro Capiau
E,
no dia em que eu voava por sobre cadáveres – mais acertado seria dizer: sobre
féretros – e, sobre mim voavam as cadavéricas almas dos cadáveres em féretro –
vi, por entre as entranhas de uns restos, mortalizados, de uma carcaça
carcomida, um pedaço de caco, podre, que discursava sobre os porquês dos “quês”
da entrônica morbidez dos andejos, desculpidos, que chamava “vida”... E dizia,
em linguagem sepulcral – própria de quem vive os pesadelos de um passado de
sombras que almejava o conhecimento sobre a Morte e seus desejos condolescentes
– “...Se alguém vos tirasse véus e mantos e cores e gestos, sobraria apenas o
suficiente para espantar os pássaros...”
Foi
o suficiente, embora não tão eficiente, para eu reconhecer, naquela, féretra,
figura: Nist (Seria quase o mesmo que Friedrich Nietzsche, que, naquele
malgorado momento em que um Capiau, em estado desviceral profundo, melhor achou
chamar, simplesmente: “Nist” (até porque detestava a mania nórdica de complicar
nomes que poderiam ser decompostos em um linguajar simples e direto tipo:
Frederico Nist ou, abreviatoricamente: Nist. E (que se abram parênteses entre
os parênteses pois que (descomplicando e desfragmentando o real sentido das
alternúdias proselantrópicas), por assim dizer, os parênteses são parentes das
chaves (e, também, das serpentes); por muita fartura que tentasse lhe imputar,
quatro, sagradas, letras, de um alfabeto (semianalfabeto (por se atribuir sua
origem a uma tentativa de comunicação entre um hindu e um árabe (na
conspiratórica desertidão do nada (que tudo queria ser) muito até lhe
seriam))), esse mesmo Nist, assim continuava: “... eu caminho com os meus
pensamentos sobre suas cabeças; e, mesmo se quisesse caminhar com minhas
próprias falhas, estaria ainda caminhando sobre eles e suas cabeças...”
E
sempre repetia, ao final de cada, desaproveitável, discurso: “Assim falava o
‘atormentador de camelos’ (...) assim falava o ‘atormentador de camelos’...”
até que, quedando-se (se é que havia (para aquela desinformada forma) alguma
profundura a mais para cair), sobre si mesmo, entrou em mórbida lassidão,
permanecendo semiinerte até quando, de sobressalto (espantalhado pela nova)
gritou: - Aaaaaargh! Zaratustra sou eu! Zaratustra sou eu!...
Até
mesmo, neste momento, a minha, descompacta, forma, desaparente, quase se
fragmenta com o ar, marésico pantanoso, exalado entre as, corroídas, aberrações
de verberações... Quase... mas aquilo jamais daria para matar o que já havia
morrido, sobrepostamente, três vezes – ou seja, outrossim das palavras: o que,
quase, sobrara do que era eu, do que era eu, do que era eu... Reaproximando,
para o reatamento do reconhecimento, notei, naquela descompostura de forma (que
mais parecia a sobra de uma sombra que voava sobre navios e entrava na,
fumalseante, garganta, atrás do Cão de Fogo), algo tão familiar, mas tão
familiar, que, na linguagem que mais me soa bem dizer, exclamei, em altos
mugidos: “Cruruuuruuuuuuuiiiiiiiz Nist sou eu! Nist sou eu!
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Mito de Cerberus, O Cão de Três cabeças |
Além-Mar
Barco cortando as águas,
Cortando as ondas,
Cortando o mar.
Barco que traz saudades,
Que traz lembranças,
Do além mar.
Barco cortando as brumas,
Cortando os ventos,
Cortando o ar.
Barco que traz lembranças,
Que traz saudades
Para sonhar.
Barco correndo arisco,
Feito um feitiço,
No seu cantar.
Barco da esperança
Quantas lembranças
Do além mar.
Barco pura saudade
Qual vaidade
No seu bailar.
Barco que me carregas,
Para os teus braços
No meu sonhar.
Barco quantas lembranças,
Quantas saudades
No seu andar.
Barco minha esperança
É que me leves
Para o além mar.
Jorge Leite
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Pixabay |
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É simplesmente magnífico! O texto que contém uma profundidade ímpar do mestre erudito Violeiro Mineiro Capiau, uma temática difícil de ser aceita na íntegra, pois que a morte náo é aceita facilmente; pode-se está morte vivendo, ou mesmo estando morto sem perceber que morreu, dois contrastes.Já retratando o poema do maravilhoso poeta Jorge, que tece seus lindos versos de forma genial, a ida para Luz, que vai galgando novo degrau na evoluçáo é sensacional. Parabéns a ambos! Um show de página. Aplausos mil!
ResponderExcluirUma página maravilhosa, um deleite de texto literário do amigo Violeiro, um tema profundo e difícil de ser entendido com facilidade, o poeta usa palavras clássicas, que nemtodos conseguem alcançar. O momento poético do poeta Jorge foi tecido com maestria, o caminho da Luz, que todos nós almejamos, porém nem todos tem este merecimento. Lindas e expressivas imagens. Parabéns a ambos.
ResponderExcluirUai... Qui tréin isquisito, esses iscritos do Capiau... Mais, vamo rodando, o tempo tá passano... as coisa se transformano... mais, vale o que o dotô falô.. si é num barco, imbarquemo... se é pra Luz... oiemos... importante é nois oiá pra dento... e no arripidimento... sabê qui nois pode miorá... Brigado a ocêis tudo... ceis são dimais... Fiquem em Deus!
ResponderExcluirU Poeta du Sertão
ExcluirCatulo da Paixão Cearense
Si chora o pinho
Im desafio gemedô
Não hai poeta cumo os fio
Du sertão sem sê doutô
Us óio quente
Da caboca faz a gente
Sê poeta di repente
Que a puisia vem do amor
Não há poeta, não há
Cumo os fio do Ceará!
Dotô fromado, home aletrado
Lá da Côrte
Se quisé mexê comigo
Muito intoncê tem qui vê
Us livro da intiligença
I dá sabença
Mas porém u mato virge
Tem puisia como quê!
Poeta eu sô sem sê dotô
Sou sertanejo
Eu sô fio lá dus brejo
Du sertão do Aracati
As minha trova
Nasce d'arma sem trabaio
Cumo nasce na coresma
Nu seu gaio a frô de Abri
Não deixa de ser "puisia" e é lindo.
Coisa boa é nosso jetho
Excluirjetho de nois ispressá
sabeno qui nossos defetho
é farci di interpretá
Pois quem qué qui vê intende
imbora num seje normar
mais cunto mais se aprende
mais faiz a gente gostá
Do tipe do nosso falá
tem pôco qui é capaiz
mais prá nois comunicá
entre tudo os capiais
basta só meia palavra usá
qui fica ispricito prus mais...
Lindos e expressivos versos poeta amigo Jorge Leite, viajar ao encontro da Luz, ficou perfeito. O texto do Violeiro e profundo e belo. Um temática corajosa! Parabéns a ambos. Jorge, um pedido, poemas com o tema: Devaneios/sonhos. Um forte abraço
ResponderExcluirLinda imagens adornam estes versos de elite do amigo Jorge, muito bom seu poema que retrata o caminho da Luz, também gostei do poema 'Um Poeta do Sertáo' do cearence Catulo, versos puros e expressivos. O texto do Capiau é belo e bem erudito, nem todos alcançam o real sentido. Parabéns a ambos. Tudo show na página! Abraços a todos.
ResponderExcluirObrigado a todos! Realmente é expressiva e acertada a colocação do poeta Jorge... Estilos parecidos, em palavras diferentes, abrilhantam, até, meus escritos de Capiau... Abração!
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