FLORESTA
ENCANTADA
Elisabete Leite
Era uma manhã de outono. A estação em
que o vento sopra, com mais intensidade, fazendo com que, na floresta, as
folhas das árvores bailem no ar; quando estas mudam o seu verde, ficando
amareladas, até que caem, a secarem, para dar lugar às novas, em constante e
quase infinita, renovação...
Nesta floresta, a paz é uma
constante; e a bicharada descansa, sobre a relva, aproveitando a magia das
noites de luar. Dizem que Fadas e Elphos habitam neste lugar, que é de um
encantamento único, mágico (Sabe-se que as Fadas são os seres mágicos,
femininos, porquanto delicados; e os Elphos são, como se, as mesmas criaturas,
pelo lado masculino), e há, também, os Duendes, mais levadinhos, mas só em
brincadeiras sem maldade. Os animais, habitantes daqui, são unidos...
compartilhando as tarefas diárias, em uma comunidade organizada, onde todos
vivem em total harmonia. O ambiente é pacífico e bastante acolhedor, não existe
diferença entre grandes e pequenos, pois que todos convivem, em igualdade, na
solidariedade, estando o Amor, em cada coração... e é este o maior encantamento
deste lugar, que o diferencia dos demais.
Um certo dia... um forasteiro,
Guaxinim, que estava, de passagem, por aquelas bandas, à procura de seu filhote
desaparecido, resolveu pedir abrigo naquela floresta. Ele precisava descansar,
pois fazia tempo que não dormia; estava muito preocupado, sabia que seu filhote
se encontrava, com fome, frio e sozinho. Logo, ficou pensativo, pois desconhecia
a quem devia procurar por lá... foi quando avistou de longe, um velho coelho
que cochilava debaixo de uma árvore frondosa: um Jacarandá-da-Bahia. Ele
aproveitava seu sono à sombra daquela espécie centenária, pois a mesma pode
viver até 500 anos ou mais. O coelho, tinha um semblante tranquilo, parecia até
sorrir, pois sonhava que estava se refrescando em uma enorme cachoeira, onde a
água caia devagar, formando cristais coloridos, como se fosse um arco-íris, cintilando
no céu, com suas diferentes cores: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja
e vermelho. O Guaxinim se aproximou do Coelho e, foi logo gritando:
- Ei Coelho, acorde!
O Coelho, apavorado pelo susto que
levou e ainda atordoado pelo sono, falou, compassadamente:
- O senhor não tem educação, eu
estava dormindo profundamente e, sonhava que me banhava em uma bela cachoeira,
ouvindo o tamborilar dos pingos d’água nas pedras que ficam à margem... com o
susto, eu quase me afoguei!
O Guaxinim nem prestava atenção no
que o Coelho dizia; continuava gritando desesperadamente, sem parar:
- Preciso de abrigo, para pernoitar
aqui. Com quem devo falar para pedir autorização?
- Primeiramente, bom dia amigo! A
floresta não é propriedade de ninguém, pertence à Mãe Natureza. Aqui todos
podem autorizar, não existe um único governante, pois somos uma comunidade
unida e organizada, onde todos somam e se ajudam. Disse-lhe o coelho.
- Esquisito! Na floresta onde habito,
com minha família, não é assim. Lá existe um único governante, o senhor Leão,
os demais moradores são súditos e, precisam trabalhar para pagar a estadia.
Respondeu-lhe o Guaxinim, meio chateado com a situação formada.
Naquele momento o velho Coelho, até
chorava, suas lágrimas emaranhavam sua visão, dificultando-o de olhar firmemente
para o amigo à frente.
- Por que choras Coelho?
Perguntou-lhe o Guaxinim.
- Eu choro de tristeza, tenho pena
dos animais habitantes da floresta onde o senhor mora. Respondendo-lhe o Coelho.
O experiente Coelho, continuava falando
suavemente. Ele tinha o semblante acometido pelo sentimento de pena. Emitia
palavras suaves, uma lição de vida para o Guaxinim.
- Amigo Guaxinim, aqui na terra somos
todos iguais, perante nosso Deus, sem distinção de raça ou cor. É assim que
funciona aqui na floresta, “um local de amigos para amigos”. E perguntou ao
Guaxinim:
- Afinal, o que o trazes aqui?
- Preciso descansar, estou sem
conseguir dormir a vários dias. Viajo à procura de meu filhotinho. Ele sumiu a
semana passada, quando vinha da escola. Estou muito preocupado e preciso de
ajuda para encontra-lo. Disse-lhe o Guaxinim.
- Mas isso não é problema. O senhor
pode ficar, aqui, pelo tempo que precisar: Eu te darei abrigo, comida e uma
cama confortável para descansar. Ao amanhecer, iremos, juntos, procurar seu
rebento... te ajudarei no que for preciso. Tenho muita Fé, em nosso Deus, que
está nos mais alto dos Céus. Vamos encontrar seu filhotinho, pois Deus tarda,
mas não falta. Iremos encontrá-lo mais cedo ou mais tarde. Seu rebento pode ter
se distraído, se encantado com as fadas e elfos que habitam por aqui. Esta
floresta é pura magia! Disse-lhe o experiente Coelho.
E assim aconteceu: O Guaxinim foi acolhido,
bem alimentado e dormiu profundamente, estava realmente muito cansado... o sol
nem havia resplandecido no horizonte, quando os dois amigos saíram. Eles
adentraram pela parte mais densa da floresta, à procura do filhote de Guaxinim.
Vasculhavam os quatro cantos daquele lugar, até mesmo aonde o Coelho nunca havia
pisado. Perguntavam a quem encontravam se haviam visto um filhote de Guaxinim
passar por ali. Eles andavam rápidos e assim, foram soltando pedrinhas pelos
caminhos, para demarcar o local de volta para casa.
Já cansados de tanto procurar, sem
sucesso algum, resolveram parar para descansar um pouco, pretendiam recuperar
as forças e, continuarem a jornada após o descanso. Assim, o Coelho aproveitou
o silêncio que predominava... só se ouvia o gorjear das aves, em revoada, em
busca de abrigo. Logo pôs-se a pensar: “Meu Deus ajude o filhotinho de
Guaxinim, proteja-o de todos os males, conduzindo-o a um local seguro.” E
quedou-se por minutos. Olhou em volta e viu o pai Guaxinim dormindo ao seu lado
e, também, foi ficando sonolento. De repente, abriu-se, a sua frente, a visão
de um portal, que dava passagem a um novo caminho, ele ficou deslumbrado com à
cena, como em um passe de mágica, viu uma ponte suspensa no ar, era adornada
por flores de diversos tipos e cores: rosas, madressilvas, margaridas e
jasmins. Por entre ramos e flores, avistou uma luz incandescente, que ilumina o
centro de um belo jardim. Aproximou-se, notou que eram fadinhas que cintilavam
sem parar... viu que no centro do jardim estava o filhotinho de Guaxinim
dormindo tranquilamente, os pontinhos de luz que iluminavam o lugar, pareciam
luzes coloridas em período natalino. O sábio Coelho parou e agradeceu a Deus:
Obrigado Senhor! Assim, tomou o filhotinho em seus braços, levando-o, em
segurança, para o pai Guaxinim... Subitamente, o portal se fechou e, as luzes
se apagaram. Ele despertou e viu o filhotinho em seus braços e viu, que seu amigo
Guaxinim estava no mesmo lugar. Assim, disse-lhe suavemente:
- Amigo, acorde por favor! Seu filhotinho
está comigo, sã e salvo.
- Um milagre aconteceu! Venha filho
querido, vamos para casa, que hoje temos muito para agradecer a Deus e ao
senhor Coelho, pela sua infinita benevolência. Disse-lhe o Guaxinim sorrindo.
Assim, pai e filhote, voltaram
agradecidos e felizes para casa. Chegando em casa, o pai Guaxinim contou o que
acontecera e, que havia pernoitado em uma floresta diferente, encantada, onde
todos viviam em total comunhão... logo, os habitantes passaram a conviver em plena
união, do mesmo modo da floresta, onde o sábio Coelho morava. Respeitavam-se
entre si... e foram felizes para sempre, pois os ensinamentos do mestre Coelho
serviram como lição a todos.
Até hoje, o velho coelho sempre conta,
aos pequeninos habitantes da Floresta Mágica, a história daquela noite de
outono... ele agora tem uma certeza: A floresta é realmente encantada, e ali,
tudo podia acontecer... sua Fé foi mais forte que as adversidades.
São lições diárias da Escola da Vida!
Elisabete Leite – 19/03/2018
http://cozinhandoashistorias.blogspot.com.br/2015/03/era-uma-vez-uma-floresta.html
Fiquei encantado com a página atual. Ilustrar os contos de Elisabete Leite são fáceis, muita cor, alegria, paz e amor pelos seres viventes. E ilustrar um conto belíssimo como "Floresta Encantada" encheu-me de alegria, o resultado dessa alegria é a perfeita harmonia entre o texto mágico e as ilustrações. Até parece que todas as entidades que habitam essa Floresta Mágica vieram contribuir para o resultado final da postagem; simplesmente lindo. Não gosto de comentar meus trabalhos, mas esse em particular adorei, um casamento perfeito, se e que existe, entre o conto e as imagens. Parabéns Betinha.
ResponderExcluirEmocionada aqui, impossível conter as lágrimas. O resultado final da postagem ficou sensacional... Um casamento perfeito, o conto é mágico e a mágia mistura-se com a fantasia. As imagens ilustrativas passam um colorido e harmonia ao tema abirdadi; até parece um orquestra executando a mais bela melodia. Estou simplesmente deslumbrada com o toque de mestre do Jorge. De todos os contos que já escrevi este é o meu preferido. Jorge, obrigada por compartilhar, grata pelo seu lindo e construtivo comentário. Parabéns pelo conjunto!
ResponderExcluirQue maravilha de página amigos, um verdadeiro deleite literário. Um encanto de conto, com a magia das imagens ilustrativas, ficou um conto de fadas. Poetas, este blog é também mágico, ele enche nossa alma de pureza e arte. Quero parabenizar os dois pelo conjunto. É fantástico! Aplausos e aplausos de Pé. Abraços
ResponderExcluirKaren, obrigada amiga querida, pelo belo comentário. Tu observaste que o personagem Coelho utilizou na fala dele o termo em destaque no blog "um local de amigos para amigos", eu coloquei de propósito para homenagear o blog e Jorge. Um forte abraço!
ExcluirObservei sim amiga, já li e reli várias vezes. Parabéns!
ExcluirEspetacular ficou a página, muita doçura e encantamento fazem parte deste momento de arte literária. O conto da amiga Elisabete Leite é belíssimo e as imagens de Jorge Leite são encantadoras. Realmente é um conto de fadas, mensagens edificantes... Estou aqui achando tudo um deslumbre. É um perfeito casamento a arte final das ilustrações com a temática em tela. Parabéns a ambos, os irmãos "LEITE" são um verdadeiro sucesso. Sr. Jessé e Dona Lourinete brilham orgulhosos no Céu.
ResponderExcluirSem dúvida nenhuma,é uma página fantástica, muita magia e fantasia tomam conta do blog. Como é bom ser criança! Um conto encantador, que traz mensagens edificantes. As ilustrações dão asas à nossa imaginação e vida aos personagens. Concordo, um casamento perfeito de tema com imagens. Parabéns amiga por mais um brilhante conto. Aplausos pelo conjunto. Tudo show! Um abração a todos!
ResponderExcluirOh, que lindo! Um mundo de fantasia na página do blog. Mostrei ao meu sobrinho a página do blog e li o conto para ele. Sorridente, ele falou que a história e gravuras estava um sonho. As imagens fortalecem a temática. Li também os contos infantis do poeta Jorge. Realmente contos de fadas. Obrigada amigos. Parabéns a ambos! Abraços
ResponderExcluirTotalmente maravilhosa ficou a página do blog. Parece mais um conto de fadas, colorido e magia, que fascinam o leitor tanto a criança quanto o adulto. As imagens adornam esse mundo da fantasia. Melhor leitura para um dia de chuva. Já li e relí as diferentes páginas do blog. Parabéns Jorge pelas imagens ilustrativas e aplausos Elisabete pela grandiosidade das mensagens abordadas no seu lindíssimo conto. Abraços a todos!
ResponderExcluirUma belíssima página, um mundo mágico estacionou por aqui. Um conto lindo demais, que passa mensagem edificante... as imagens ilustrativas embelezam o cenário. Dando vida as personagens. Estou fascinada pelo ambiente de fantasia. Parabéns por mais um brilhante conto amiga Elisabete Leite. Parabéns poeta Jorge Leite pelo conjunto! Show demais! Abraços...
ResponderExcluirUm conto cheio de fantasia e pedagogia bem ao jeito dos que nossas mães nos contavam. Parabéns amiga.bj José Bagulho
ResponderExcluirLisonjeada nobre amigo poeta José Bagulho, pela sua ilustre visita e gentil comentário. Estou agradecida pelo seu apreço. Um forte abraço!
ExcluirCara Elisabete:
ResponderExcluirBeleza de conto e beleza de imagens, que ilustram lindamente a rica história. Parabéns e sucesso infinito na sua vida, minha amiga querida. Beijos!
Lígia Beltrão
Obrigada nobre amiga querida Lígia Beltráo, feliz pela sua ilustre visita e carinhoso comentário. Receber um elogio da competente Escritora e uma honra. Beijos
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