MAELI HONORATO
Nosso Blog, hoje, entra no ritmo
do Galope à Beira-mar, com a poetisa natural de Garanhuns/PE, e radicada em
Afogados da Ingazeira/PE. Acadêmica da Academia Afogadense de Letras,
atualmente reside em São Paulo. É Assistente Administrativa da matriz da
FATSHOP de São Paulo.
É com orgulho que
apresentamos seu primeiro trabalho em nosso Blog. Seja bem-vinda Maeli
Honorato.

QUEM SOU EU
(GALOPE À
BEIRA MAR)
Semente
arbitrária em solo fecundo
Um germinal,
mas no ventre do mundo
Sou a
criatura que eu mesma crio
Sou palito
aceso que acende o pavio
Da bomba que
pode o mundo acabar
Quem faz
tempo que foi está pra chegar
E minha
chegada será logo cedo
Sou arma de
fogo na ponta do dedo
Nos dez de
galope na beira do mar.
Sou arapuca à
espera da presa
Sou o
insucesso de sua caçada
Sou coice
graúdo de rês indomada
Deixando
vaqueiro sem sua destreza
Eu sou a
revolta da mãe natureza
Que faz o
humano a conta pagar
Serpente que
pica o seu calcanhar
No trem da
astúcia eu sou passageira
Deixo você
sem eira e sem beira
Cantando
galope na beira do mar.
Eu sou o
corisco que desce ligeiro
Queimando a
vazante do agricultor
Nas noites
sem lua eu sou o pavor
De quem se
atreve sair no terreiro
Eu sou a herança
do pé de facheiro
Que fez
Lampião seu olho cegar
Sou seca
medonha para esturricar
O choro de
quem se mete comigo
Do cantador
ruim eu sou o castigo
Nos dez de
galope na beira do mar.
Do retirante
eu sou o cansaço
Que subtrai
o seu desempenho
Eu também
sou moenda d'engenho
Resumindo a
cana a puro bagaço
Sou a força
que move a queda de braço
Entre o
galináceo e o Carcará
E na tarefa
mais árdua do lar
Sou vara de
açoite, sou mão de pilão
Com que a
roceira castiga o grão
Cantando
galope na beira do mar.
MAELI HONORATO -19/05/2018
Galope à beira-mar
O galope à beira-mar foi
criado pelo repentista Cearense José Pretinho. Conta-se que ele, após perder um
duelo em martelo agalopado, foi retirar-se à beira-mar, e ali, vendo e ouvindo
o marulho, imaginou o som de um galope. E fez os versos de onze sílabas
(hendecassílabos), com a mesma estrutura de décima (estrofe de dez versos).
Manteve o esquema rítmico ABBAACCDDC usual no martelo agalopado.
- O galope à beira-mar é formado por uma ou mais estrofe(s) de 10 versos hendecassílabos, com o ritmo de tônicas nas posições 2, 5, 8 e 11, ou seja, um iambo e anapestos.
- Uma exigência no galope à beira-mar é que o último verso sempre termine com a palavra "mar", no mínimo, sendo preferível terminar com "galope na beira do mar"
Versos hendecassílabos que têm o
ritmo semelhante são considerados apenas versos com ritmo de galope à
beira-mar, mas não identificados como o genuíno, pela falta dos requisitos
exigidos, ou seja, estrofe com 10 versos, última palavra: "mar".
XILOGRAVURA
Xilogravura ou xilografia significa gravura em madeira.
É uma antiga técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de
madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer
a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do
desenho. Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e
revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o
desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao
artesão.Existem dois tipos de xilogravura: a xilogravura de fio e a xilografia de topo que se distinguem através da forma como se corta a árvore. Na xilogravura de fio (também conhecida como madeira à veia ou madeira deitada) a árvore é cortada no sentido do crescimento, longitudinal; na xilografia de topo (ou madeira em pé) a árvore é cortada no sentido transversal ao tronco.
A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura era frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Alguns cordelistas eram também xilogravadores, como por exemplo, o pernambucano J. Borges (José Francisco Borges).
A xilogravura também tem sido gravada em peças de azulejo, reproduzindo desenhos de menor dimensão. Esta é uma das técnicas que o artesão pernambucano Severino Borges, tem utilizado em seus trabalhos.
Nossa! A página da poetisa Maeli Honorato ficou belissima! Parabéns, Dr. Jorge, pelas ilustrações como sempre magnificas! As notas de rodapé é um ensinamento, e eu humildemente, recebo como uma lição a mais para meus escritos. Nossa amiga Maeli está de parabéns. Que seja bem-vinda!
ResponderExcluirLindíssimo momento de construção poética nobre amiga poetisa Maeli Honorato... Mostra a valorização da poesia popular, fenômeno cultural que tem origem no Nordeste do Brasil, que trabalha tão bem a sonoridade idêntica que existem entre certas palavras. Ricos ensinamentos nas Notas de Rodapé. Uma troca de conhecimento para nosso deleite! Parabéns a poetisa e ao ilustrador e pesquisador poeta Jorge Leite. A página ficou um deslumbre! Bravo e sinta-se em casa, em nosso cantinho do saber.
ResponderExcluirUma poesia linda e expressiva da amiga poetisa Maeli Honorato, que foi poetizando e rimando muito bem. É um tipo de poesia popular brasileira da família das décimas. Muito bem construida e passa uma mensagem para alguem. O blog valoriza a cultura popular e o poeta Jorge Leite é um notável ilustrador. As Notas de Rodapé passam diferentes ensinamentos, possibilitanto ao leitor um melhor entendimento do tema abordado. Excelente página! Parabéns a ambos, poetisa e ilustrador! Abraços
ResponderExcluirUm belo e cultural poema da amiga poetisa Maeli Honorato, que chega pedindo licença e vai rimando nos Dez de Galope na Beira do Mar. As Notas de Rodapé fazem a diferença, uma excelente iniciativa do amigo poeta Jorge Leite. Parabéns poetisa. Seja Bem-vinda!
ResponderExcluirMuito lindo e expressivo o poetizar da amiga poetisa Maeli Honorato; muita cultural e maestria em versos encantadores que valorizam a cultura popular. As Notas de Rodapé são informativas e contemplam os leitores com ensinamentos. O novo visual do blog é perfeito. Parabéns a ambos, poetisa e ilustrador. Seja muito bem-vinda amiga! Abraços a todos.
ResponderExcluirExcelente poema, a cultura popular em foco. Um momento poético impecável amiga poetisa Maeli Honorato; achei intetessante como se a poetisa estivesse passando um recado, gostei do jeito de rimar. As Notas de Rodapé deixam a página pronta para o leitor. Parabéns poetisa e parabéns poeta Jorge Leite. Boa noite e abraços!
ResponderExcluirO blog está de parabéns, estou amando o novo visual, as Notas de Rodapé, as imagens ilustrativas em preto e branco, tudo original. Quero parabenizar a amiga poetisa Maeli Honorato polo excelente poema, muita criatividade em versos tecidos com maestria. Os ensinamentos muito me ajudaram a entender o tipo de poesia. Parabéns a todos! Forte abraço...
ResponderExcluirPrimeiramente sou grata a Deus, por ter cruzado os caminhos de vocês com o meu. E sou imensamente grata a cada adorável pessoinha, que com muito apreço, leu e comemtou minha simples poesia. Devo muita gratidão, a Jorge Leite, que com dedicação e muito esmero, pesquisou sobre o galope e ilustrou os meus versos com xilogravuras. Eu amo xilogravuras! Parabéns, meu caro, a página ficou linda!!!
ResponderExcluirMinha gratidão vai, também, para a amiga e poetisa Socorro Almeida, foi através dela que conheci o blog.
E Muitíssimo obrigada a nossa Rainha, Elisabete Leite, por ter
Criado este blog.
Que minha singela "poesia de taipa" encontre na sabedoria e no coração de vocês o alicerce de que precisa.
Meu abraço a todos!
Maeli Honorato.
Maeli, minha querida e amiga poetisa, nós agradecemos pelo seu carinho! Quero deixar registrado aqui, o quanto seu escrito enriqueceu e enriquece o blog, a sua poesia popular é um momento poético de mestre e sou grata pelas aprendizagens aqui adquiridas. Falar da Cultura Popupar e também mostrar o Nordeste e suas diferentes artes. O muito obrigada por esta oportunidade e seja bem acolhida. Estaremos sempre de braços abertos para compartilhar seu poetizar. No aguardo de um novo versejar. Forte abraço!
ResponderExcluirErrata: Cultura Popular
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