José Waldeck
CAMINHANDO (ou PÉS-NO-CHÃO)
ANDO
nesse ritmo apressado,
ao qual já me habituei.
ANDO
muito bem acompanhado
daquilo que sou e sei.
ANDO
usando o aprendizado
das ruas por onde andei.
ANDO,
não raro, preocupado,
com o que já vislumbrei.
ANDO
meio desesperançado
em coisas que acreditei.
ANDO
deveras desapontado
com a corte e com o rei.
ANDO
um tanto ressabiado
com a Justiça e a Lei.
ANDO
tal qual gato escaldado
pra o que já vivenciei.
ANDO
brioso, locupletado
dos princípios que herdei.
ANDO
orgulhoso e honrado
das lições que assimilei.
ANDO
aprendendo um bocado
com quem outrora ensinei.
ANDO,
ainda, impregnado
do Amor que sempre te dei.
ANDO...
(José Waldeck, 17/08/2017)
VIVER
“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; Eu vim
para que tenham vida e a tenham em abundância.” (Bíblia Sagrada, palavras de
Jesus Cristo, Livro de João 10:10)
Se vale a pena,
o olho brilha,
a paz floresce,
o riso brota,
a vida pulsa:
tudo amanhece.
O mundo gira,
a alma canta
e se regala.
O corpo baila,
o olhar se encanta
e a pena fala.
O olho embaça,
a paz fenece,
o riso some,
a vida murcha
e esmaece.
O mundo empaca,
a alma míngua,
a fé se abala,
o corpo sofre,
o olhar se ausenta
e a pena cala.
(José Waldeck, Maceió, 18/03/2018)
NOTAS DE RODAPÉ
Almas Cozinheiras.
Véspera de São João, 23 de junho, anos 60. Na manhã daquele
dia, em uma rua chamada Santa Fé, incrustada na Levada na pequena e agradável
Maceió. Dona Lourinete, convocava as "almas cozinheiras", acorda seus seis filhos e começa a distribuir tarefas: “Jorge,
Toinho, Socorrinho, Lucinha, Fátima, Betinha, vamos começar. Você vá pegar
folhas de bananeira, você vá descascar os milhos, guarde as folhas mais verdes,
vá ralar o milho, cuidado com as mãos, separe as espigas para assar ...”. Seu Jessé já tinha comprado duas mãos de milho no dia
anterior.
Daquele momento em diante, não se parava mais. Dona
Lourinete era o chef, era o mestre, era o regente, era o técnico de futebol; mostrava,
fazia, mandava desfazer, repetia, brigava .... Não parava um minuto, nem nós.
No final da tarde, após um intenso e prolongado dia, todos
estávamos cansados e felizes. Sobre a mesa vários pratos de canjica que Betinha
não deixava embolar, uma especial para o Jorge; pamonhas que não abriam quando
estavam sendo preparadas. Pé de moleques enrolados em folhas de bananeiras que
Toinho ajudou a tirar do pé, e limpou. Se
Dona Lourinete era o mestre, Socorrinho era a contramestre, supervisionava tudo
e fazia um pouco de tudo. Fátima e Lucinha faziam e ajudavam em tudo.
Após tanto trabalho, cada um pegava e dividia um grude para
provar, uma delícia. O beiju para o café da noite, estava sequinho. O
enorme caldeirão de milho verde ainda cozinhava no velho fogão. A mesa era
complementada por bolo de milho e suspiros. E todos suspirávamos aliviados e
felizes por ter dado conta do recado.
Todos os anos era a mesma festa, até que crescemos, saímos de
casa, pois a vida assim nos obrigava, mas levamos na alma tais lembranças.
Ontem passei o dia com Fátima e Betinha, na casa de Fátima, quando elas foram
orientadas pelas “almas cozinheiras” e reproduziram aqueles momentos felizes de
nossa infância e adolescência. Passaram o dia na cozinha, e no final da tarde a
mesa estava repleta de travessas de canjica, bolo de milho, bolo de macaxeira,
pamonhas e outras delícias.
Feliz
São João
Jorge Leite, 24/06/2018.
Foto de Jorge Leite |
Foto de Jorge Leite |
Dois belíssimos poemas do grande poeta e amigo José Waldeck, muita ternura, maestria na hora de tecer os versos e momentos puramente reflexivos. Na Nota de Rodapé a festa continua; incorporei as almas conzinheiras e as comidas típicas saíram deliciosas um dia perfeito em boas companhias... seu texto traz lindas e agradáveis lembranças em família. Estou chorando rios de lágrimas pela grande surpresa, uma foto perfeita em uma página sensacional. Parabéns ao poeta Waldeck pelo show e também ao querido Jorge pelo notável texto. Viva o blog! Viva os poetas! Vivaaa!
ResponderExcluirErrata: Almas cozinheiras...
ExcluirFeliz São João, prezados amigos poetas Elisabete e Jorge Leite! Parabéns pela bela edição e pelo notável, saudoso e tocante texto "Almas cozinheiras" que evoca emotivas lembranças familiares! Recordar é viver, né? Um grande abraço, amigos!
ExcluirNossa!! José Waldeck é mestre em nos deixar emocionados pelo seu jeito peculiar de escrever. "Brioso, locupletado dos princípios que herdei"... Nada como enfatizar os legado dos nossos antepassados, não é?!
ResponderExcluirAmei a linha de suas rimas. Parabéns!
A família Leite bem lembrada nas figuras das "Almas Cozinheiras". Dá pra imaginar a ansiedade das adolescentes pra se deliciar das goluseimas que elas preparavam. Havia briga não, né?
Bjos e até breve.
Olá, amiga Socorro Almeida! Que bom saber que você gostou dos meus singelos poemas! Muito obrigado pelas palavras de apreço! FELIZ SÃO JOÃO para você e os seus!
ExcluirANDO... aprendendo um bocado com quem outrora ensinei... a vida é mesmo assim! Sensacional os poemas do mestre Alagoano José Waldeck, grande momento reflexivo, rimas admiráveis. O texto da nota de rodapé ficou excelente, o poeta Jorge Leite e suas notáveis e deliciosas lembranças. Amei a foto da amiga Bete se aquecendo na fogueira. Show de página! Abraços a todos! Viva o blog! Vivaaa!!!
ResponderExcluirIsto, prezado Maciel! O Jorge Leite é mesmo um doutor bem eclético: um expert do estetoscópio, das Letras, da edição e, também, da fotografia, né? Obrigado pelos elogios aos meus escritos, amigo! Feliz São João!
ExcluirDois belíssimos e reflexivos poemas do nosso amigo poeta José Waldeck, muita inspiração em versos encantadores, como não se emociona: "o olhar se ausenta e a pena cala... são lições que nos fazem refletir sobre a temática; sua pena, poeta, nunca vai calar. A nota de rodapé está uma delícia, comidas típicas e lindíssimas lembranças do poeta Jorge Leite. A foto da poetisa amiga Elisabete Leite ficou maravilhosa. Amei tudo por aqui! Parabéns aos poetas e a festa continua... Abraços
ResponderExcluirAmém, querida Geovanna! Que as nossas penas nunca se calem! Que você seja sempre essa amiga terna, boa observadora e querida por todos! Feliz São João 2018!
ExcluirEita que página bonita e expressiva! Dois lindos e reflexivos poemas do amigo poeta José Waldeck, que traz em seus versos magistrais grandes ensinamentos. A nota de rodapé é lovável e deliciosa, muito bem escrita, lembranças em família, que nos emocionam. A foto da amiga Bete é bela. Parabéns aos poetas. Ao blog, a festa continua... Viva o Arraiá! Viva!
ResponderExcluirDigo: louvável
ExcluirFeliz São João, caro amigo Paulo! Muito grato pelas suas bem-vindas observações! Viva o "arraiá" do blog "Maçayó"! Parabéns aos seus idealizadores e queridos amigos poetas Elisabete e Jorge Leite!
ExcluirAmei tudo, as Almas Cozinheiras, os Leites, os Poemas excelentes do Waldeck, as foto da Elisabete, da fogueira, bandeirinhas, poesias, t u d o! Parabéns pela Página! Virou um Baú de Ouro!
ResponderExcluirObrigado Tânia Oliveira, volte sempre.
ExcluirQue honra querida amiga poetisa Alagoana, vossa ilustre presença aqui, no cantinho do saber. Venha participar conosco deste blog nos deleitar com teus belíssimos poemas. Tu que és pura cultura! Obrigada Tania Oliveira seja bem-vinda querida! Beijos de carinho e acolhimento. Bom dia a todos!
ExcluirDois lindos poemas do amigo poeta José Waldeck... uma delícia de nota de rodapé, com um texto emocionante do amigo poeta Jorge Leite; amei a foto da minha amiga Bete. Cada dia que passa o blog tem mais conteúdo e qualidade. Ficamos sempre esperando os domingos, com novas histórias e novos contos. Parabéns a todos! Abraços e viva o Brasil!
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