Elisabete Leite
ROMANCE PARALELO
Era uma
manhã de domingo, o sol nascia frenesi por entre as folhas verdes dos
coqueiros. O local ainda estava um pouco deserto, mas algumas pessoas já
começam circulando pela areia macia daquela exuberante praia em caminhada
matinal. Algumas dessas pessoas tinham os semblantes felizes e outras tristes.
As pessoas de semblantes tristes utilizam o passeio como bálsamo para aliviar
as asperezas do dia a dia. Logo, os vendedores ambulantes começam a invadir a areia
da praia e, os banhistas tomam conta do deslumbrante oceano, onde seu manto
verdejante se funde com o azul da abóbada celeste...

- Senhor, eu
quero! Diz a garota.
- Obrigado
senhorita! Responde-lhe o vendedor ao receber o dinheiro.
Maria Alice
se levanta e sai caminhando sozinha, deixando pegadas firmes na areia molhada.
De repente sente alguém se aproximar dela e falar:
- Alice,
estou atrasado?
A garota se
vira e responde-lhe friamente:
- Sim, estou
cansada desse nosso relacionamento paralelo! Já não suporto a sua
ausência.
- O que
houve? Você sabe que não posso sair toda hora. Amélia piorou muito de uns dias
para cá. Temo pela vida dela. Disse-lhe Carlos.
A garota
parecia indiferente e continua falando:
- Carlos,
você prometeu que ficaria somente comigo! Você continua vivendo com Amélia.
Alice, meu
bem, você sempre soube da doença de Amélia. Isso é egoísmo seu. Eu não posso
abandoná-la, quase moribunda em cima de um leito. Respondeu-lhe o rapaz, com
muita tristeza no olhar.
- Isso é um
problema seu, não é meu! Reflita, ou você fica comigo ou fica com ela!
Responde-lhe rapidamente.
- Se eu
ficar com você, serei um inconsequente, o pior de todos os homens. Carlos respondeu-lhe
A garota sai
correndo, sem olhar para trás.
- Alice, por
favor! Volte aqui! Ele ficou gritando.

Maria Alice
volta para casa, com a certeza que Carlos iria procurá-la mais cedo ou mais
tarde. Ela se deita na cama, fica quieta e pensativa: “Eu sei que Carlos ficará
comigo: Pois sou muito bonita, jovem e, estou vendendo saúde, enquanto sua
mulher é muito doente, tem mais é que morrer. Ele vai casar comigo de qualquer
jeito.”
Já em casa, Carlos entra no quarto de Amélia,
que tem câncer de mama em estágio terminal. Ele fica ali olhando para ela, por
horas, chorando baixinho, o rapaz sabe que não pode deixá-la naquela situação,
fica lá pensando: “Eu gosto de Alice, mas ela é muito egoísta, somente pensa
nela; tenho consideração, amizade e gratidão à Amélia não irei abandoná-la
assim. Preciso colocar um fim nesse relacionamento paralelo.” Ele imediatamente
manda uma mensagem para Alice, dizendo que precisa falar com ela urgente...
A garota
recebe a mensagem e, fica muito feliz: “Alice, me encontre, hoje, na praia às
17h00 horas.”
À noitinha,
Carlos chega ao local marcado e aguarda apreensivo Alice chegar. O luar já
resplandece no céu e as estrelas cintilam de um canto a outro no espaço, quando
ele vê a garota se aproximando e pensa: “Tanta beleza externa, que encanta
qualquer pessoa e, seu interior é feio, é uma pessoa cruel". A garota chega e
procura beijá-lo, porém o rapaz se afasta e vai logo falando:

- Você quer
dizer que vai me deixar? A garota pergunta-lhe.
Carlos muito comovido, com lágrimas que
escorrem pela face, olha fixamente para ela e responde-lhe:
- Sim,
espero que você seja muito feliz!
"Eu, honestamente,
te desejo o contrário: Que sua mulher morra rápido e, que você seja muito
infeliz". Disse-lhe a moça sorrindo.
Carlos fica chocado
com a atitude da garota. Enquanto isso, ela segue por uma direção...
O tempo
passou depressa... Amélia morreu e, Carlos resolveu aventurar sua vida em outra
cidade, nunca mais viu Alice. Enquanto isso, a garota ficou morando naquele
lugar e, continuou enganando a si e aos outros...
São histórias
assim...
Elisabete Leite – 13/06/2018
NOTAS DE RODAPÉ
NEGUE
Agora, negue que não existe mais Amor!
Que tudo não passou de um sonho meu
Que o Sol não brilha e, não há mais calor
Que o meu mundo já não pertence ao teu...
Negue, que eu não faço parte da tua vida,
Que todo encanto que era doce se acabou
Que a nossa real história já está esquecida
Que o intenso brilho do Luar até se apagou...
Não é negando que as coisas são resolvidas,
Ainda vejo o Arco-íris colorir, com esplendor
Não sabes se a paixão, ainda, continua viva...
Se o sentimento, no coração, não terminou
Vamos encontrar a fagulha que está perdida
Reacender a flama dessa história de Amor.
Elisabete Leite – 14/08/2017
Que maravilha de conto da minha querida amiga poetisa Elisabete Leite, ela quebra o tabu como contista e compartilha uma temática proíbida por muitos. Fala de um amor paralelo, onde Alice com seu egoísmo perde um verdadeiro amor. Um romance certo ou errado? A poetisa fecha a página com chave de ouro "agora NEGUE esse amor!" Fenomenal amiga, tu és 1000. Belas e expressivas imagens. Parabéns! Boa noite a todos!
ResponderExcluirUm excelente conto, um tema envolvente e sério, um momento reflexivo único, uma viagem quebrando tabus... questionamentos sobre o que é certo ou errado??? Muito bom participar de leituras assim. O soneto responde algumas perguntas. Sensacional página! Parabéns amiga poetisa Elisabete, eu me orgulho de ser seu amigo. Obrigada por campartilhar! Abraços
ResponderExcluirMuito emocionada por mais um conto publicado. Amigos me pediram para compartilhar poemas nostálgicos e uma conto realista, com um tema polêmica. E a página é o resultado das solicitações. Romances assim existem vários, mas não cabe a mim como autora do conto julgar as atitudes dos personagens. Pedi ao Jorge para compartilhar o Soneto "NEGUE" em contraste com a temática abordada e deu certo. Achei a arte final magnífica. Obrigada a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para este resultado. Um show de emoções! Beijos no coração de cada um...
ResponderExcluirBelíssimo momento de arte amiga poetisa Elisabete Leite, um conto sensacional, que nos envolve do início ao fim, tipo novelesco, com um tema cotidiano e reflexivo, que aborda princípios e atitudes de um casal. A amiga é perfeita como escritora, ela pode escrever diferentes temáticas, como: Floresta Encantada ou Romance Paralelo com a mesma facilidade. A poetisa abre um leque de mundos imaginários, os temas fluem com tanta criatividade que Só me resta aplaudir. Lindo soneto! Show de página. Parabéns a ambos! Abraços
ResponderExcluirQue soneto lindo da amiga Elisabete Leite. Tem muito a ver comigo. É bem meu estilo. Gostei igualmente do conto Romance Paralelo. História linda. Parabéns, amiga Bete. Bjo
ResponderExcluirFenomenal seu conto querida amiga poetisa Elisabete Leite; para mim é uma honra prestigiar e comentar seus escritos, a temática é reflexiva, tantas histórias assim em nosso cotidiano de vida, também nao cabe a nós, leitores, julgarmos as atitudes dos personagens, os reais ou imaginários, porém podemos tirar ensinanentos, é difícil se posicionar em um relacionamento como esse. O que é certo para alguns pode ser errado para outros e vice versa. O soneto é impecável responde todos os questionamentos, o amor como personagem principal. O poeta Jorge Leite foi preciso nas escolhas das imagens e na arte final. Fico aqui só aplaudindo! Parabéns a ambos! Sinto saudades de todos... Abraços
ResponderExcluirBelíssimo conto, bem emocionante com uma temática envolvente e reflexiva, a poetisa Flor de Lis fez um comentário excelente, e nele aborda vários pontos que dizem respeito a esse tipo de relacionamento. O soneto define praticamente tudo e complementa o sentido do texto. Quero analisar o conto quanto tema e narrativa, nunca quanto atitude da pesonamem ou do pesonagem. Amei a arte final. Elisabete Leite, quanto autora, é extraordinária quanto fecha o conto dizendo: "enganando a si e aos outros." Parabéns! Bom dia a todos!
ResponderExcluirUm lindíssimo conto da minha grande e estimada amiga Elisabete Leite; o amadurecimento nos temas abordados já é notório. Neste conto ela se superou, veste-se como uma contista adulta e contempla o leitor com mais uma obra de arte. O cenário é novelesco, mas a temática é universal, um contidiano do dia a dia. O lindo soneto complementa o texto. Tudo perfeito! Parabéns a autora e ao ilustrador. Abraços
ResponderExcluirKaren, como sempre precisa em seus comentários, concordo quando ela diz que Elisabete Leite vem demonstrando um amadurecimento cresceste em cada novo conto. desde "O Circo" esse crescimento é notório. A mesma já pode separar a contista de histórias infantis, com suas lições de vida, e a contista universal que descreve a vida e deixa para o leitor tirar seus próprios ensinamentos. Acredito que as duas já coexistiam e que Elisabete, agora, consegue trabalhar com as duas separadamente. Obrigado a todos pelos comentários postados e a Elisabete Leite por nos dá essa oportunidade única de ver como se forma uma grande contista. Beijos.
ResponderExcluirQuero agradecer a todos que registraram seus gentis comentários muito emocionada, lisonjeada e feliz pelo carinho de todos, pelo incentivo e prova de amizade. Ao leitor, amigos(as) e em especial ao querido Jorge muito obrigada. Beijos
ResponderExcluirQue bom, prezada amiga Elisabete, ver você exercendo com tanta desenvoltura a produção de dois gêneros literários tão distintos e belos. Parabéns pela zelosa dedicação e pelo louvável resultado! Avante! Que brotem da sua pena muitos e muitos contos, mais e mais poemas, pois aqui estaremos a esperá-los! Um abraço!
ResponderExcluirUfa poetisa Elisabete Leite! Que luxo de conto... ontem, os comentários pelos corredores se dirigiam a sua arte de escrever e este conto. Que nos emociona e nos envolve no enredo, do início ao final. Sei que ele nao foi esccrito para o nosso projeto, mas é de uma beleza ímpar. Gostei bastante desta temática adulta, porém faz parte do nosso cotidiano. Realmente o conto é um primor. Ele deixa um gosto de quero mais. Que venham outros contos, novas histórias, nos fazendo refletir sobre as nossas atitudes. Parabéns a todos e bom dia! Parabéns ao blog por este achado! Abraços
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