Socorro Almeida

SE EU PUDESSE

Posso juntar palavras da língua mãe

Catar sinônimos, adjetivos e pronomes

Lançar-te todos os verbos do meu dia a dia

Ainda assim não saberia dizer que nome

Pudesse chamar-te em noites de agonia

Contar estrelas pra caber no meu espaço

Colher do cosmo todas as energias

Ainda assim, impotente, não saberia

Mover meu universo pro teu abraço

Eu pegaria o oceano das minhas lágrimas

O lampejo do sol, a ternura da lua

E à sombra de um mundo novo

Admitiria, enfim, que ainda sou tua!

Socorro Almeida

Recife, 15/07/2018

 

  SEM LIMITES

Anseio por sentir a força dos teus desejos

Cobrir de beijos a face sem rosto, sem risos

Juntar-me a ti tão eloquente e sem pejos

Num derrame de ternuras e sorrisos

Quero voltar ao tempo dos sonhos

Aquele onde a mágoa não persiste

Só o céu e a eternidade sejam em ti

E descobrir que o amor ainda existe

Quero que a minha voz ecoe sem eco

Pra que sejas tu o único a me ouvir

E que eu cante canções e te embale

E que adormeças, finalmente, a sorrir.

Socorro Almeida

Recife, 15/07/2018

 

 ACALANTO

Deixa-me deitar contigo pra relaxar

Sem te tocar pra não quebrar o encanto

Sentir teu corpo assim do meu lado

Ouvir tua voz como um acalanto

Se de fato em nós, os pecadores

Morresse a voz de todos os credos

Eu me fartaria de Salves Rainhas

E morreria à luz dos seus segredos

Se tua voz, então, fosse o canto

De sereias em inquietos mares

Acalmaria o poder dos predadores

Secaria as lágrimas de todos os prantos!

Socorro Almeida

Recife, 15/07/2018

Notas de Rodapé
 

Testamento

O que deixar aos amigos
Que tanto ajudaram,
Que tanto fizeram ver,
Que tanto guiaram.
Que nos bons e maus momentos
Sorrimos de contentamento
Ou choramos nossos ais.

O que deixar aos amigos que nunca nada exigiram.
Tanto recebi sem nada pedir,
Tanto encontrei sem procurar,
Tanto prenderam sem amarrar.
Solto fiquei em suas mãos,
Crescemos juntos, nos tornamos irmãos.
Unidos em uma só alma,
Em um só coração.

Discussões tantas tivemos,
Crítica tantas fizemos,
Emoções tantas vivemos.
Pensávamos em uníssono
Mesmo em nossas discordâncias
Brigamos pelos mesmos objetivos,
Sonhamos os mesmos ideais,
Lutamos as mesmas lutas,
Sangramos os mesmos ais.

O que deixar aos amigos
Senão as nossas lembranças,
Senão as nossas certezas,
De um mundo um dia melhor
Igual para todos os viventes
Independentemente da cor,
Independente da raça,
E também dos dirigentes.

O que deixar aos amigos
Sentados à mesa de um bar,
Em frente um chope espumante,
Conversas jogadas fora.
Uma cadeira vazia.
Nela fica a Saudade
Sentada no meu lugar.

Aos amigos e amigas (pois nossa língua nos força a separá-los) Sandra, Elda, Osny, Trindade, Cacilda, Poly, Neusa, Tereza, Verinha, Rose, Sérgio, Glaís, Sandra, Rita, Brígida, Rose, Terezinha, Ari, Morgana, Rosana, Lourdes, Ribamar, Brollo,, Elaine, Lea, Maria do Carmo e tantos e tantas que se tornaria cansativo e exaustivo citá-los e citá-las.

Jorge Leite, SP- Recife.

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