José Waldeck
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Mariana - MG - 05/11/215 |
URBANO
(singelas septilhas dedicadas ao cordelista alagoano José
Nascimento)
Viver num centro urbano,
perceber com estranheza,
aos poucos, ano após ano,
com inevitável tristeza,
a cruel realidade:
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
É de olho no progresso
que a cidade, com afoiteza,
persegue cega o sucesso
da artificial beleza,
renega a ruralidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Do homem transformador,
insurgente boniteza
impõe-se à do Criador,
com estética burguesa
e ostensiva vaidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Lentamente, fauna e flora
se ressentem da avareza.
Ambiente que se explora
sem zelo, com esperteza
e irracionalidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Escasseiam vegetais.
No habitat da redondeza
vão sumindo os animais
devido a tanta torpeza.
Finda a rusticidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Pássaros, cada vez menos
se avistam, com certeza.
Gorjeios, trinos serenos,
cantos e a delicadeza
tornam-se, enfim, raridade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Jardins? Ficaram antiquados.
Flores? No vaso da mesa.
Os quintais são cimentados,
sem fruteiras, sem fineza.
Frutos da urbanidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Bichos/homens em gaiolas.
Muro alto: fortaleza.
Só no rádio há violas.
Corre-corre, ligeireza,
estresse, ansiedade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Da cigarra e grilo, o canto;
da lesma, a vagareza;
dos bem-te-vis, o encanto;
da borboleta, a leveza;
se vê com dificuldade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
Até pombos e pardais
vivem dias de incerteza.
A barra pesa demais
pro predador e pra presa.
Urbe. Insalubridade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.
(José Waldeck)
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Favelas do Recife - Rio Capibaribe |
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Via Mangue - Recife - PE |
Nota de Rodapé
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Shopping Rio Mar - Manguezal do Recife |
Impactos
Ambientais da Urbanização
De modo geral é nas grandes cidades que se manifestam os
maiores problemas ambientais, muito mais frequentemente que no meio rural ou
nas pequenas cidades. Os problemas que surgem nos grandes centros urbanos
trazem muitas consequências que interferem no meio ambiente de todo o planeta,
afetando a flora, a fauna, o clima o relevo e a hidrologia. Os ambientalistas
buscaram as causas dos grandes problemas ambientais que enfrentamos hoje, e
encontraram na urbanização e na formação dos grandes centros urbanos a base de
alguns dos mais importantes impactos ambientais do mundo contemporâneo
.
Conceituando
a Urbanização
Diversas ciências estudam a urbanização de acordo com as
formas como ela se processa, a antropologia, a geografia e a sociologia, cada
uma propondo uma abordagem acerca do problema do crescimento dos assentamentos
urbanos. Assim a urbanização pode ser considerada um processo em que uma
determinada localidade sofre uma transformação, perdendo suas características
rurais e ganhando características urbanas, essa transformação está usualmente
associada ao desenvolvimento da tecnologia e da civilização. Sob a perspectiva
demográfica podemos dizer que a urbanização acontece quando há o deslocamento
em massa das populações rurais com destinos a agrupamentos urbanos. Outro
conceito aplicado ao termo urbanização é a ação de dotar uma determinada área
de infraestrutura, ou seja, equipamentos e serviços destinados a garantir a
qualidade de vida da população, como transportes, esgotos, saúde, educação,
água, eletricidade, etc. Urbanização pode ainda ser entendido como o
crescimento físico de uma cidade.
O Homem e a
Transformação do Ambiente Natural
Desde os primórdios da civilização o homem transforma o meio
onde vive, para satisfazer suas necessidades físicas e naturais, desmatou
florestas, fez fogo, construiu casas e abrigos, plantou lavouras e pastagens,
canalizou a água, domesticou animais, e ao longo do tempo cada vez mais foi
transformando o ambiente natural. Se no início as necessidades que serviam como
móvel para essas transformações eram a própria sobrevivência, ao longo do tempo
essas necessidades passaram a ser outras, e o homem passou também a buscar o
conforto e a comodidade. Atualmente vemos nas grandes cidades e nas
metrópoles uma demonstração da capacidade do homem de transformar o ambiente em
que vive.
Problemas
Ambientais Decorrentes da Urbanização
A urbanização traz importantes impactos ao meio ambiente,
especialmente nas grandes cidades, onde a flora, a fauna, o relevo, as fontes
de agua e o clima sofrem alterações significativas, resultando na poluição e na
degradação ambiental, além de outros problemas como a poluição sonora, a
poluição visual, a poluição das aguas, do solo e da atmosfera, os esgotos, os
resíduos industriais e a produção de grandes volumes de lixo. O impacto
ambiental causado pela urbanização é um dos maiores desafios das autoridades
mundiais deste século.
LEITURA COMPLEMENTAR
Geração de lixo supera taxa de crescimento
populacional
A geração de lixo no Brasil aumentou 29% de 2003 a 2014, o
equivalente a cinco vezes a taxa de crescimento populacional no período, que
foi 6%, de acordo com levantamento divulgado ela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A quantidade de
resíduos com destinação adequada, no entanto, não acompanhou o crescimento da
geração de lixo. No ano passado, só 58,4% do total foram direcionados a aterros
sanitários.
Mais de 41% das 78,6 milhões de toneladas de resíduos
sólidos gerados no país em 2014 tiveram como destino lixões e aterros
controlados. Segundo a Abrelpe, esses locais são inadequados e oferecem riscos
ao meio ambiente e à saúde. No ano anterior, o percentual foi 41,7%. A
metodologia da pesquisa envolveu 400 municípios, o equivalente a 91,7 milhões
de pessoas. Por dia, o brasileiro gera, em média, 1,062 quilo de lixo.
Esses dados mostram que mais de 78 milhões de brasileiros,
ou 38,5% da população, não têm acesso a serviços de tratamento e destinação
adequada de resíduos sólidos. Além disso, mais de 20 milhões de pessoas não
dispõem de coleta regular de lixo, pois cerca de 10% dos materiais gerado não
são recolhidos. O volume de lixo produzido aumentou 2,9%, entre 2013 e 2014. A
coleta de resíduos, por sua vez, melhorou 3,2%.
Esta é a primeira pesquisa que retrata a situação da gestão
dos resíduos, depois da vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), em 2010. Em relação à reciclagem, a pesquisa revela uma evolução de 7,2
ponto percentual. Em 2010, apenas 57,6% dos municípios tinham alguma iniciativa
de coleta seletiva. No ano passado, o percentual aumentou para 64,8%.
Entraves da PNRS
“Nem mesmo com a edição da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, que traz entre os princípios, como primeira ação na hierarquia dos
resíduos, a minimização da geração, a gente percebe que isso ainda não está em
curso. Nós ainda estamos em linha de crescimento de geração [de lixo], tanto no
total quanto per capita”, destacou o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
A média brasileira de produção de lixo por pessoa é 1,062
quilo (kg) por dia. Na avaliação por estado, Brasília lidera com mais de 1,5
kg/dia per capita, seguida por São Paulo e Rio de Janeiro, empatados em cerca
de 1,2 kg/dia.
Entre os entraves para o funcionamento da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, Carlos Filho aponta falta de vontade política dos gestores
municipais, pouca capacidade técnica para viabilização da solução adequada e
falta de recursos. “Não adianta dar mais prazo, não adianta estender a lei. O
que precisa é conjugar esses três fatores e colocar isso em prática. Do
contrário, vamos continuar sofrendo com uma gestão inadequada”, declarou. Para
ele, dar mais tempo para cumprimento da lei pode agravar problemas ambientais
já registrados hoje, como contaminação do solo e das águas.
Nota do Editor: Pela importância do tema muito bem desenvolvido pelo poeta alagoano José Waldeck, acrescentei uma nova seção à página. "Leitura Complementar" estará presente quando o assunto abordado for polêmico e de grande importância para todos. Agradeço a compreensão.
Espetacular momento de arte poética. Um cenário de muitas aprendizagens, um poetizar de mestre, bem ao estilo do grande amigo poeta José Waldeck. As imagens expressivas completam a temática da página. A nota de rodapé é uma verdadeira aula. Muito tenho aprendido por aqui. Parabéns aos poetas e aplausos mil pelo sucesso do blog. Um show de arte final! Feliz sábado a todos!
ResponderExcluirCongratulações, querida amiga poetisa Elisabete Leite! Um abraço!
ExcluirBelíssimo e criativo poema do grande amigo poeta José Waldeck, muito conhecimento e aprendizagens contidas nesta excelente página do blog. Uma expressiva homenagem tecida com grande maestria. As ilustrações são brilhantes e completam a temática abordada, o poeta Jorge Leite se supera a cada publicação. A arte final é um verdadeiro show. Já a nota de rodapé é puro ensinamento. Orgulhoso de poder participar deste incrível blog. Abraços a todos...
ResponderExcluirGrande Maciel! Concordo quando você diz que o Jorge Leite consegue ser ainda melhor a cada novo trabalho de edição que faz. Salve Jorge (Leite)! Um abraço, prezado amigo Maciel!
ExcluirUm lindo e educativo poema do amigo poeta José Waldeck, que faz uma homenagem a um grande poeta Alagoano. Versos criativos de grandiosidade na construção poética. As ilustrações muito ensinam e acompanham o tema abordado. A iniciativa da leitura complementar é louvável. A nota de rodapé é puro conhecimento. Parabéns a ambos. Poeta e ilustrador. Show de sucesso.
ResponderExcluirObrigado mais uma vez, querida amiga Geovanna! Um grande abraço!
ExcluirMuito agradecido, amigo e poeta Jorge Leite, pelas suas primorosas edições e enriquecedoras notas de rodapé e leituras complementares. Você, com certeza, abrilhanta e supervaloriza todo e qualquer escrito que se propõe a editar. Parabéns, Mestre! Muito obrigado, pela dedicação, competência e amizade!
ResponderExcluirObrigado José Waldeck por palavras tão carinhosas ao meu respeito. Sua poesia em homenagem ao cordelista alagoano José Nascimento é perfeita. Parece que estou lendo algo de João Cabral de Melo Neto ou Ariano Suassuna, cantada por repentistas de nossa Alagoas. Sinto-me honrado em poder ilustrar seu trabalho. Um grande abraço.
ExcluirMuito bem lembrado em forma poética QUANTO MAIS CRESCE A CIDADE, MAIS DECRESCE A NATUREZA. Parabéns a José Waldeck pela beleza de poema. As notas de rodapé bem pertinentes ao tema. Amei as ilustrações escolhidas. Abraços a todos.
ResponderExcluirPoema muito belo, reflexivo, criativo do nosso amigo poeta José Waldeck. Uma homenagem a outro grande poeta cordelista Alagoano José Nascimento. Eita terra, de gente que sabe se expressar em versos, que é o estado deslumbrante das Alagoas. Toda página é historicamente bem reflexiva. A iniciativa da leitura complementar é importante para melhor esclarecer o contexto da temática. Concordo com a Poetisa Elisabete Leite, quando diz que estamos sempre aprendendo por aqui. As imagens ilustrativas falam pelo poeta Jorge Leite e sua beleza de arte final. Parabéns a ambos. Bom domingo a todos!
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