sábado, 7 de julho de 2018

URBANO - Impactos Ambientais - Lixo Urbano

José Waldeck
Mariana - MG - 05/11/215

URBANO
(singelas septilhas dedicadas ao cordelista alagoano José Nascimento)

Viver num centro urbano,
perceber com estranheza,
aos poucos, ano após ano,
com inevitável tristeza,
a cruel realidade:
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

É de olho no progresso
que a cidade, com afoiteza,
persegue cega o sucesso
da artificial beleza,
renega a ruralidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Do homem transformador,
insurgente boniteza
impõe-se à do Criador,
com estética burguesa
e ostensiva vaidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Lentamente, fauna e flora
se ressentem da avareza.
Ambiente que se explora
sem zelo, com esperteza
e irracionalidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Escasseiam vegetais.
No habitat da redondeza
vão sumindo os animais
devido a tanta torpeza.
Finda a rusticidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Pássaros, cada vez menos
se avistam, com certeza.
Gorjeios, trinos serenos,
cantos e a delicadeza
tornam-se, enfim, raridade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Jardins? Ficaram antiquados.
Flores? No vaso da mesa.
Os quintais são cimentados,
sem fruteiras, sem fineza.
Frutos da urbanidade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Bichos/homens em gaiolas.
Muro alto: fortaleza.
Só no rádio há violas.
Corre-corre, ligeireza,
estresse, ansiedade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Da cigarra e grilo, o canto;
da lesma, a vagareza;
dos bem-te-vis, o encanto;
da borboleta, a leveza;
se vê com dificuldade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

Até pombos e pardais
vivem dias de incerteza.
A barra pesa demais
pro predador e pra presa.
Urbe. Insalubridade.
Quanto mais cresce a cidade,
mais decresce a Natureza.

(José Waldeck)

Favelas do Recife - Rio Capibaribe

Via Mangue - Recife - PE




































Nota de Rodapé
Shopping Rio Mar - Manguezal do Recife




















Impactos Ambientais da Urbanização
De modo geral é nas grandes cidades que se manifestam os maiores problemas ambientais, muito mais frequentemente que no meio rural ou nas pequenas cidades. Os problemas que surgem nos grandes centros urbanos trazem muitas consequências que interferem no meio ambiente de todo o planeta, afetando a flora, a fauna, o clima o relevo e a hidrologia. Os ambientalistas buscaram as causas dos grandes problemas ambientais que enfrentamos hoje, e encontraram na urbanização e na formação dos grandes centros urbanos a base de alguns dos mais importantes impactos ambientais do mundo contemporâneo
.
Conceituando a Urbanização
Diversas ciências estudam a urbanização de acordo com as formas como ela se processa, a antropologia, a geografia e a sociologia, cada uma propondo uma abordagem acerca do problema do crescimento dos assentamentos urbanos. Assim a urbanização pode ser considerada um processo em que uma determinada localidade sofre uma transformação, perdendo suas características rurais e ganhando características urbanas, essa transformação está usualmente associada ao desenvolvimento da tecnologia e da civilização. Sob a perspectiva demográfica podemos dizer que a urbanização acontece quando há o deslocamento em massa das populações rurais com destinos a agrupamentos urbanos. Outro conceito aplicado ao termo urbanização é a ação de dotar uma determinada área de infraestrutura, ou seja, equipamentos e serviços destinados a garantir a qualidade de vida da população, como transportes, esgotos, saúde, educação, água, eletricidade, etc. Urbanização pode ainda ser entendido como o crescimento físico de uma cidade.

O Homem e a Transformação do Ambiente Natural
Desde os primórdios da civilização o homem transforma o meio onde vive, para satisfazer suas necessidades físicas e naturais, desmatou florestas, fez fogo, construiu casas e abrigos, plantou lavouras e pastagens, canalizou a água, domesticou animais, e ao longo do tempo cada vez mais foi transformando o ambiente natural. Se no início as necessidades que serviam como móvel para essas transformações eram a própria sobrevivência, ao longo do tempo essas necessidades passaram a ser outras, e o homem passou também a buscar o conforto e a comodidade.  Atualmente vemos nas grandes cidades e nas metrópoles uma demonstração da capacidade do homem de transformar o ambiente em que vive.

Problemas Ambientais Decorrentes da Urbanização
A urbanização traz importantes impactos ao meio ambiente, especialmente nas grandes cidades, onde a flora, a fauna, o relevo, as fontes de agua e o clima sofrem alterações significativas, resultando na poluição e na degradação ambiental, além de outros problemas como a poluição sonora, a poluição visual, a poluição das aguas, do solo e da atmosfera, os esgotos, os resíduos industriais e a produção de grandes volumes de lixo. O impacto ambiental causado pela urbanização é um dos maiores desafios das autoridades mundiais deste século.



LEITURA COMPLEMENTAR
Geração de lixo supera taxa de crescimento populacional
A geração de lixo no Brasil aumentou 29% de 2003 a 2014, o equivalente a cinco vezes a taxa de crescimento populacional no período, que foi 6%, de acordo com levantamento divulgado ela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A quantidade de resíduos com destinação adequada, no entanto, não acompanhou o crescimento da geração de lixo. No ano passado, só 58,4% do total foram direcionados a aterros sanitários.
Mais de 41% das 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados no país em 2014 tiveram como destino lixões e aterros controlados. Segundo a Abrelpe, esses locais são inadequados e oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde. No ano anterior, o percentual foi 41,7%. A metodologia da pesquisa envolveu 400 municípios, o equivalente a 91,7 milhões de pessoas. Por dia, o brasileiro gera, em média, 1,062 quilo de lixo.

Esses dados mostram que mais de 78 milhões de brasileiros, ou 38,5% da população, não têm acesso a serviços de tratamento e destinação adequada de resíduos sólidos. Além disso, mais de 20 milhões de pessoas não dispõem de coleta regular de lixo, pois cerca de 10% dos materiais gerado não são recolhidos. O volume de lixo produzido aumentou 2,9%, entre 2013 e 2014. A coleta de resíduos, por sua vez, melhorou 3,2%.
Esta é a primeira pesquisa que retrata a situação da gestão dos resíduos, depois da vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010. Em relação à reciclagem, a pesquisa revela uma evolução de 7,2 ponto percentual. Em 2010, apenas 57,6% dos municípios tinham alguma iniciativa de coleta seletiva. No ano passado, o percentual aumentou para 64,8%.

Entraves da PNRS
“Nem mesmo com a edição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que traz entre os princípios, como primeira ação na hierarquia dos resíduos, a minimização da geração, a gente percebe que isso ainda não está em curso. Nós ainda estamos em linha de crescimento de geração [de lixo], tanto no total quanto per capita”, destacou o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
A média brasileira de produção de lixo por pessoa é 1,062 quilo (kg) por dia. Na avaliação por estado, Brasília lidera com mais de 1,5 kg/dia per capita, seguida por São Paulo e Rio de Janeiro, empatados em cerca de 1,2 kg/dia.
Entre os entraves para o funcionamento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Carlos Filho aponta falta de vontade política dos gestores municipais, pouca capacidade técnica para viabilização da solução adequada e falta de recursos. “Não adianta dar mais prazo, não adianta estender a lei. O que precisa é conjugar esses três fatores e colocar isso em prática. Do contrário, vamos continuar sofrendo com uma gestão inadequada”, declarou. Para ele, dar mais tempo para cumprimento da lei pode agravar problemas ambientais já registrados hoje, como contaminação do solo e das águas.













Nota do Editor: Pela importância do tema muito bem desenvolvido pelo poeta alagoano José Waldeck, acrescentei uma nova seção à página. "Leitura Complementar" estará presente quando o assunto abordado for polêmico e de grande importância para todos. Agradeço a compreensão. 




















10 comentários:

  1. Espetacular momento de arte poética. Um cenário de muitas aprendizagens, um poetizar de mestre, bem ao estilo do grande amigo poeta José Waldeck. As imagens expressivas completam a temática da página. A nota de rodapé é uma verdadeira aula. Muito tenho aprendido por aqui. Parabéns aos poetas e aplausos mil pelo sucesso do blog. Um show de arte final! Feliz sábado a todos!

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    1. Congratulações, querida amiga poetisa Elisabete Leite! Um abraço!

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  2. Belíssimo e criativo poema do grande amigo poeta José Waldeck, muito conhecimento e aprendizagens contidas nesta excelente página do blog. Uma expressiva homenagem tecida com grande maestria. As ilustrações são brilhantes e completam a temática abordada, o poeta Jorge Leite se supera a cada publicação. A arte final é um verdadeiro show. Já a nota de rodapé é puro ensinamento. Orgulhoso de poder participar deste incrível blog. Abraços a todos...

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    1. Grande Maciel! Concordo quando você diz que o Jorge Leite consegue ser ainda melhor a cada novo trabalho de edição que faz. Salve Jorge (Leite)! Um abraço, prezado amigo Maciel!

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  3. Um lindo e educativo poema do amigo poeta José Waldeck, que faz uma homenagem a um grande poeta Alagoano. Versos criativos de grandiosidade na construção poética. As ilustrações muito ensinam e acompanham o tema abordado. A iniciativa da leitura complementar é louvável. A nota de rodapé é puro conhecimento. Parabéns a ambos. Poeta e ilustrador. Show de sucesso.

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    1. Obrigado mais uma vez, querida amiga Geovanna! Um grande abraço!

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  4. Muito agradecido, amigo e poeta Jorge Leite, pelas suas primorosas edições e enriquecedoras notas de rodapé e leituras complementares. Você, com certeza, abrilhanta e supervaloriza todo e qualquer escrito que se propõe a editar. Parabéns, Mestre! Muito obrigado, pela dedicação, competência e amizade!

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    1. Obrigado José Waldeck por palavras tão carinhosas ao meu respeito. Sua poesia em homenagem ao cordelista alagoano José Nascimento é perfeita. Parece que estou lendo algo de João Cabral de Melo Neto ou Ariano Suassuna, cantada por repentistas de nossa Alagoas. Sinto-me honrado em poder ilustrar seu trabalho. Um grande abraço.

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  5. Muito bem lembrado em forma poética QUANTO MAIS CRESCE A CIDADE, MAIS DECRESCE A NATUREZA. Parabéns a José Waldeck pela beleza de poema. As notas de rodapé bem pertinentes ao tema. Amei as ilustrações escolhidas. Abraços a todos.

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  6. Poema muito belo, reflexivo, criativo do nosso amigo poeta José Waldeck. Uma homenagem a outro grande poeta cordelista Alagoano José Nascimento. Eita terra, de gente que sabe se expressar em versos, que é o estado deslumbrante das Alagoas. Toda página é historicamente bem reflexiva. A iniciativa da leitura complementar é importante para melhor esclarecer o contexto da temática. Concordo com a Poetisa Elisabete Leite, quando diz que estamos sempre aprendendo por aqui. As imagens ilustrativas falam pelo poeta Jorge Leite e sua beleza de arte final. Parabéns a ambos. Bom domingo a todos!

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