Laços de Amor

Ano II - Edição 317 - Tema Adulto
Tema das Imagens - Família

                                         LAÇOS DE AMOR

           Era uma vez, duas irmãs que moravam em uma praia tranquila, junto a uma colônia de pescadores. Elas eram ligadas de corpo e alma pelo cordão umbilical, formadas a partir de um único zigoto original e dividiam a mesma placenta, mas com gestos e atitudes diferentes. As irmãs Marina e Mariana deviam ser idênticas, um caso raro, mas eram diferentes em tudo...

          As garotas tiveram uma infância difícil, nascidas de uma família de poucos recursos financeiros e de pequenas oportunidades na vida. O pai morrera em um acidente de Kombi, quando elas eram pequeninas. Sua mãe, mulher determinada, sustentava a casa sozinha, com a venda de doces e outras iguarias da região. Marina tinha pele fina e rosada, olhos verdes, que até parecem pedras de esmeraldas, cabelos negros encaracolados, corpo magro e esbelto, ela era considerada pela vizinhança, uma princesa, de tão bela. Porém ela tinha uma personalidade forte. Já Mariana era diferente dela em tudo, ela nasceu muito doente, demorou muito para andar, tinha a pele morena clara, face angelical, olhos amendoados e cabelos crespos, mas de uma inteligência notável e de uma personalidade impressionante, boa por natureza, muito determinada, portadora de perseverança e força de vontade. A mocinha, tanto nas tarefas escolares, quanto nas atividades domésticas era um exemplo de pessoa. As irmãs estudavam na mesma escola e na mesma série e, Mariana tinha trabalho duplo, pois realizava as suas tarefas escolares e as tarefas da irmã. Assim, os dias aconteciam entre altos e baixos, entre risos e lágrimas..

          As garotas tinham sonhos a realizar: Marina queria ser modelo, morar em Londres e brilhar nas passarelas; enquanto Mariana queria ser médica, para salvar vidas e ajudar sua mãe no orçamento mensal.

          Certo dia, uma tragédia marcava para sempre a vida das duas irmãs... Em uma noite chuvosa, de luar argênteo, as estrelas resolveram nem aparecer, mas o vento sobrava impetuoso em todas as direções. A Mãe das garotas, Dona Anunciada, pediu para Marina fechar a única janela, pois a chuva estava molhando o piso da sala:

          - Marina, minha filha, feche a janela, por favor! A chuva está molhando todo piso.

          Mas, Marina não saiu do lugar. E respondeu-lhe rudemente:

          - Eu tenho mais o que fazer Mamãe! Mande Mariana fechar, pois ela gosta de ser boazinha.

          Não precisou nem a Mãe falar, pois Mariana levantou-se da poltrona, deixou de lado os livros da escola e calmamente fechou a janela daquela velha casa. Subitamente, a forte ventania abriu-a novamente, a chuva adentrou na sala, onde Mãe e filhas estavam conversando, deixando o ambiente muito frio, quase congelante. De repente, o tempo escureceu, nuvens negras se formaram no céu, os raios cortavam o horizonte de norte a sul, era sinal de tempestade. Dona Anunciada ficou preocupada, pois a casa era bastante velha e ela temia pelo desmoronamento de paredes e vigas.  Um som estridente acabou com o sossego daquela família. Dona Anunciada vai logo falando:

          - Filhas, procurem um lugar seguro, que estou preocupada com nossa segurança. Mal terminou de falar; a viga de sustentação do teto da sala desabou completamente. O terror tomou conta daquele lugar. Era um cenário de tristeza e muita dor. O telhado foi ao chão, atingindo tudo e todos... Mariana despertou do breve desmaio, ainda atordoada pelo terrível acidente, olhou para todos os lados à procura da Mãe e da irmã Marina nos escombros; a poeira dificulta sua visão, impedindo-a de ver nitidamente. Observou sangue em sua blusa, uma ardência no sobre cílio direito, é um pequeno corte. Assim, gritou muito alto pela Mãe e irmã:

          - Mamãe, Marina, onde vocês estão?

          Mas o silêncio predominava e, ela pôs-se a chorar.

          Logo, ouviu um gemido, como de alguém que estivesse sentindo dor. Mariana olhou fixamente e avista de longe sua mãe embaixo da poltrona à sua frente. Aproximou-se rapidamente e diz:

          - Mamãe, a senhora está bem?

          - Filha, estou me sentindo tonta, tenho uma dor forte no ombro esquerdo e um corte na testa. Disse-lhe dona Anunciada.

          Mariana levantou o sofá, tenta ajudar sua mãe que estava bem machucada, porém consciente. Fica indecisa, se vai procurar sua irmã ou se sai em busca de socorro. Mais uma vez percorreu o local com o olhar e, avistou Marina e percebe um pedaço de viga em cima da irmã. Grita mais alto que pode:

          - Socorro... Socorre nos ajudem, por favor!

          Os vizinhos correm para socorrê-las e, chamam o serviço de urgência. Logo, o Corpo de Bombeiro chegou e a sua mãe e irmã foram socorridas para o hospital mais próximo. Mariana recebe os primeiros socorros ali mesmo. Ela permanecia quieta e chorando, pois não entendia ao certo o que havia acontecido. Ela sabia que precisava ser forte. Naquele momento sentia um vazio imenso, um aperto forte no peito. A garota ficou muito triste, estava muito cansada e adormeceu entre os escombros. Despertou ao alvorecer do dia, ela estava se sentindo péssima, porém precisava ir ao hospital para saber notícias da sua mãe e irmã... Chegando lá, ela ficou sabendo que Dona Anunciada, iria receber alta, naquele mesmo dia. Porém Marina não tivera a mesma sorte. A médica plantonista veio falar com ela e, disse que sua irmã estava tetraplégica. Mariana sentiu o chão se abrir, não tinha domínio das suas emoções, pôs-se a chorar desesperadamente, sua irmã tão linda acometida por uma fatalidade terrível, nunca mais ela seria a mesma. Ela agora, mais do que nunca, vai precisar de muita coragem, perseverança, força de vontade, determinação para ajudar a querida irmã.

          Os tempos se passaram... Mariana continuou estudando até se formar. Ela assumiu totalmente sua irmã, ajudando-a nessa difícil missão, pois Marina tinha uma vida limitada de casa para o hospital, seu sonho de brilhar nas passarelas não se realizou. Enquanto Dona Anunciada ajudava nas tarefas de casa, Mariana cuidava da sua irmã como se fosse sua própria filha. Agora, os LAÇOS DE AMOR uniam àquela família. Somente Mariana conseguiu realizar o seu sonho, ele era uma médica ortopedista renomada e, ajudava os pacientes com paralisia, a terem uma condição melhor de vida. Ela nunca se casou; a dedicação que tinha pela irmã era exclusiva, quando não estava no hospital, estava na companhia da irmã, cobrindo-a de carinho e proteção. A garota que antes era considerada diferente, hoje, brilha nos corredores do hospital e ama incondicionalmente a sua irmã.

          A Vida é um gigantesco Veleiro em busca de um Porto Seguro. 

         São tantas vidas ligadas, pelos Laços de Amor...

        

 Elisabete Leite

A importância da família para a vida

Se existe algo ou alguém em que podemos depositar toda nossa confiança, é na nossa família. Ela nos mostra o que é certo, indica os melhores caminhos, e nos proporciona um amor verdadeiro e incondicional. Uma família em harmonia, que se ama mutuamente, permanece unida por uma vida toda. E é também fonte de exemplo para todas as gerações, inspirando a formação de novas famílias.

É também no ambiente familiar que conhecemos nossos primeiros valores e recebemos as primeiras regras sociais. Aprendemos a perceber o mundo, damos início a nossa identidade e somos introduzidos no processo de socialização.  Por isso, é tão comum que nos comportemos como quem nos criou, como nossos pais e avós, trazendo traços da personalidade e atitudes muito semelhantes.

Não podemos esquecer que cada um tem um papel fundamental dentro de casa, onde existem direitos e deveres, e todos devem cumprir com suas obrigações. Aí entra o respeito mútuo, a consideração pelos mais velhos, as tarefas domésticas, os deveres diários. Há situações em que toda responsabilidade do dia a dia e os serviços de casa ficam por conta da mãe, os filhos culpam os pais por não poderem presenteá-los com aquilo que desejam ou os irmãos vivem se desentendendo. Nestes casos, a família permanece em desarmonia, sobrecarregando apenas um integrante, tornando instável a união do lar e a estrutura familiar. 

Sua família é perfeita? Será que existe família perfeita?

Certas situações podem causar grandes frustrações em uma vida. Muitos definem a família como sendo a “base de tudo”, uma expressão bastante utilizada para caracterizar o laço familiar que vai além do sangue, sendo também emocional e espiritual. Mas esta base pode se desintegrar, desgastando e se tornando prejudicial. Então, é preciso preservá-la sempre.

“Um bom relacionamento familiar é a principal arma de combate às drogas e aos problemas emocionais que acometem os adolescentes e os jovens” Evilázio Vieira, psicanalista. 

O psicanalista Evilázio Vieira explica que, a partir da adolescência, o indivíduo procura o ambiente fora de casa e os amigos para buscar aprovação e se identificar, e depois volta para o lar. Quando a família tem uma base sólida e oferece amor e atenção, ele não sente necessidade de buscar uma fuga da realidade nas ruas, ao lado dos amigos; ele usa o ambiente externo de forma saudável. Mas, quando sua vida é instável no âmbito familiar, ele busca suprir na rua aquilo que lhe falta dentro de casa; neste caso, é onde tem início a dependência química, a rebeldia e o comportamento violento.

Portanto, a família é algo único e insubstituível, extremamente necessário para a formação do ser humano. Sua ausência gera graves consequências. Pais e filhos precisam se manter unidos, dialogando diariamente. É preciso cuidá-la com carinho, dedicação e fé, para que sua estrutura se mantenha forte e seus indivíduos não caiam no mundo dos vícios e das futilidades.

Nossas Pesquisas:

https://www.a12.com/jovensdemaria/artigos/comportamento/a-importancia-da-familia-para-a-vida

Somos Seis

Somos seis, tão diferentes

Separados ou juntos,

Tristes ou contentes

Somos gente.

Somos seis irmãos de sangue

Irmãos de alma? Talvez, infelizmente.

Sou o primeiro, inteligente,

Erudito, rico, suficiente.

Vivo distante dos outros,

Pobres, inconsequentes.

Sou o que eles pensam o que sou,

Lavo as mãos, sou diferente.

Sou a segunda nesta corrente,

Vivo só independente,

Não preciso de ninguém

Vivo contente

As minhas noites frias

Deixam-me maledicente.

Sou o terceiro, vivo a chorar

Saindo das sombras tento alcançar

Seguir meus sonhos nem pensar

Compreender os outros posso tentar

Voar para a luz e nunca chegar

É minha sina, meu caminhar.

Ser a quarta é meu lugar

Vivo um caos para a paz encontrar

Sigo sofrendo em meu vagar

Sou contra tudo para me enganar

Acho que a vida

É pouco sorrir e muito chorar

Sou a quinta nessa vida sofrida

Estou presa e não vejo saída

Grito alto e não sou ouvida

Choro entristecida

Sinto minha alma adormecida

Tento encontrar minha vida perdida.

Sou a sexta nesta lista vazia

Vivo um mundo de fantasias

Em volta só vejo alegria,

O mundo real não mais o queria

Não encontro lugar como deveria

Durmo e acordo com minhas alegorias.

Somos família, somos irmãos

Somos unidos em nossa solidão

Junto estamos para encontrar

Um mesmo caminho, um mesmo lugar.

Somos alma única a procurar

A luz que nos tire da escuridão

Que nos leve de volta

De onde saímos

Para aqui encontrar

Os "Laços de Amor".

Jorge Leite, 17 de maio de 2019.

Pixabay - Família

ALMANACK