Tema das Imagens -O Caminho do Meio
ESCOLHAS
Em um lugar, não muito distante, morava um
velho camponês, solitário, à beira de um largo rio. Muitas pessoas iam procurá-lo
por seus grandes conhecimentos sobre ervas medicinais e por seus sábios
conselhos. O velhinho, chamado na região “Véi Joãozinho’, atendia à todos com
atenção e muito bom jeito, por isso era admirado e diziam boas coisas dele.
Certa vez, uma universidade de uma cidade
grande resolveu fazer “dias de campo” com seus alunos da área florestal e de
meio ambiente e, pela localização e pela diversidade arbórea, escolheram
acampar um grupo de alunos bem próximo do sítio do velhinho, mais ainda por que
o povo do lugar o indicou para orientação sobre as espécies, pois, além de
grande conhecedor, ele era um cafuzo, descendente de indígenas e escravos
africanos, que foram os primeiros habitantes da região.
A Canoa
Com poucos dias os alunos já haviam se
afeiçoado ao velho, que já chamavam pelo seu apelido regional, pois ele lhes
mostrava tudo o que precisavam para suas pesquisas, isso usando o linguajar
próprio, de matuto. Sempre que saiam a campo o velho notava que havia muitas
disputas entre eles, tanto na política, quanto na religião, nos times de
futebol etc.; e guardava bem, as feições, dos que pendiam para um extremo ou
outro. Passados alguns dias, alguns deles, em um fim de semana de folga das
pesquisas, foram até o velho pedir para irem juntos pescar. O velho concordou
em levar quatro deles para pescar em sua canoa, mas antes lhes pediu para
arrumarem as tralhas e as iscas, e ficou observando seus comportamentos...
Enquanto arrumavam, as discussões, entre os alunos, eram constantes: “Eu é quem
consigo as melhores minhocas, pois entendo tudo de solo”, dizia um; “Sou eu
quem vai preparar os anzóis e linhas, porque sou especialista em pescaria”
dizia outro; e assim por diante. E o velho, tudo observando disse a eles: “Cada
um de vocês prepare uma vara de bambu, quero que duas tenham um metro e meio e
duas com três metros”. “E para que serviriam essas varas?” perguntaram. “É para
usarmos como ‘varejão’, onde os bancos de areia não permitem tocar a canoa com
os remos”, respondeu o Véi Joãozinho.

O
“Cabo-de-guerra”
Em outro dia, por ocasião de uma “final”
de campeonato de futebol, o velho viu que as discussões estavam acirradas uns
por um time, outros pelo seu adversário; apenas uns poucos jovens continuavam
alheios, absortos em seus materiais de pesquisa.
Havia, no sítio, um velho e alto muro
feito com pedras e esteios de cerne, que servia de sustentação para o moinho,
que não mais funciona. O velho pegou um pequeno balaio e encheu com as melhores
e mais saborosas frutas de seu pomar. Colocando-o na parte mais alta do muro,
fez pender duas cordas, cada uma para um lado do muro, mas não sem antes
amarrá-las, secretamente, ao esteio; então chamou a turma toda e disse: “Aquele
balaio está cheio das” melhores frutas do meu pomar, mas para pegá-las será
necessário que vocês escolham os melhores e mais fortes de cada time; os que
torcem por time ‘tal’ vão para aquele lado, os que torcem pelo outro vão para o
outro lado, e cada time vai tentar levar o balaio para o seu lado; o time que
conseguir fica com todas as frutas. Foi uma euforia geral, tanto de um lado
como do outro, e sem muito pensar atarracaram nas cordas e começaram a fazer
força, cada lado só ajuntando mais pessoas, supondo que do outro lado os outros
estavam puxando a mesma corda, pois não dava pra ninguém, de nenhum lado, ver
seu adversário; as cordas, trançadas em couro cru, eram bastante resistentes,
dessas que se laça touro bravio e seguro;...
Em pouco tempo as mãos já começavam a calejar e a doer, e se revezavam, mas com o passar do tempo foram desistindo, exaustos, e assentando no grama. Então o velho chamou os que estavam neutros e disse: “Vão lá e peguem o balaio para vocês”; foi quando, boquiabertos, os dois lados viram os alunos neutros se apoiarem, uns nos outros, e subirem no muro, passando o balaio de mão em mão até chegar ao chão, onde se fartaram daquelas deliciosas frutas...
Em pouco tempo as mãos já começavam a calejar e a doer, e se revezavam, mas com o passar do tempo foram desistindo, exaustos, e assentando no grama. Então o velho chamou os que estavam neutros e disse: “Vão lá e peguem o balaio para vocês”; foi quando, boquiabertos, os dois lados viram os alunos neutros se apoiarem, uns nos outros, e subirem no muro, passando o balaio de mão em mão até chegar ao chão, onde se fartaram daquelas deliciosas frutas...
O Caminho do Meio
Em outra ocasião o Véi Joãozinho, passando
pelo acampamento viu outra discussão acirrada, desta vez sobre religião. Notou
que alguns alunos se posicionavam como religiosos radicais, daqueles que “andam
com Deus a tiracolo” e que outro grupo negava, veementemente a existência de
Deus, ou seja, se diziam ateus convictos. Coincidentemente, no outro dia os
professores pediram um trabalho sobre orquídeas e, para isso, foram até o velho
para que ele mostrasse onde se poderiam encontrar as espécies necessárias à
pesquisa.
O velho, então, levou os alunos até um
ponto em que a estrada se bifurcava, formando um Y, onde ele disse: “É bom que
cada turma se separe conforme suas crenças ou descrenças, para que não haja
discussões sobre religião, o que atrapalharia o desenvolvimento do trabalho,
então, cada grupo desses escolherá uma das estradas que se seguem daqui,
enquanto os que não se manifestam ficarão aqui”. Os que se proclamavam “ateus”
escolheram a estrada da esquerda, uma estrada larga e sem muita ondulação; os
radicais nas religiões escolheram a estrada da direita, também larga e ausente
de obstáculos. Logo que eles entraram por essas estradas o velho mostrou ao
restante dos alunos uma trilha estreita, quase oculta pelas gramíneas, que saía
da bissetriz da bifurcação.

Chegou à tarde, onde se ajuntaram os alunos, foi quando o
velho disse: “Toda a radicalidade é prejudicial à Evolução, portanto, sigam
sempre pelo Caminho do Meio, conforme nos ensinou Sidarta, e sempre terão êxito
em seus empreendimentos!”.
Como o Véi Joãozinho sabia sobre Sidarta? Talvez escolhendo
sempre o...
VIOLEIRO MINEIRO CAPIAU
ECLÉTICOS ACTOS VII
Nunca despreze o saber alheio
Ou o modo de qualquer coisa viva
Pois, qualquer ação te implica ao meio
Se há falha, estamos todos à deriva
Às tuas críticas, cuida de pôr freio
Pois são grilhões que torna a alma cativa
Procure a balança do Caminho-do-meio
Elogio exagerado também não incentiva
Mantenha a consciência sempre na ativa
Com o discernimento sempre em permeio
Dos confrontos inúteis, esteja na esquiva
Lembra-te que do bolo és parte do recheio
Um grão de areia na construção Altiva
Mas pode vir a ser um importante Esteio...
Yogaliastro por: Zé Camargo
Pequenos Contos Universais
O Deva e o Buda
O Buda estava um dia no jardim de Anathapindika, na
cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em
figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos se
estabeleceu o seguinte diálogo:
O Deva:
– Qual é a espada mais cortante?
– Qual é a espada mais cortante?
Ao que
Buda respondeu:
– A palavra raivosa é a espada mais cortante.
– A palavra raivosa é a espada mais cortante.
– Qual é
o maior veneno?
– A inveja é o mais mortal veneno.
– A inveja é o mais mortal veneno.
– Qual é
o fogo mais ardente?
– A luxúria.
– A luxúria.
– Qual é
a noite mais escura?
– A ignorância.
– A ignorância.
– Quem
obtém a maior recompensa?
– Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
– Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
– Quem
sofre a maior perda?
– Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
– Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
– Qual é
a armadura mais impenetrável?
– A paciência.
– A paciência.
– Qual é
a melhor arma?
– A sabedoria.
– A sabedoria.
– Qual é
o ladrão mais perigoso?
– Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
– Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
– Qual o
tesouro mais precioso?
– A virtude.
– A virtude.
– Quem
recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
– Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
– Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
– O que
atrai?
– O bem atrai.
– O bem atrai.
– O que
repugna?
– O mal repugna.
– O mal repugna.
– Qual é
a dor mais terrível?
– A má conduta.
– A má conduta.
– Qual é
a maior felicidade?
– A libertação.
– A libertação.
– O que
ocasiona a ruína no mundo?
– A ignorância.
– A ignorância.
– O que
destrói a amizade?
– A inveja e o egoísmo.
– A inveja e o egoísmo.
– Qual é
a febre mais aguda?
– O ódio.
– O ódio.
O Deva
então faz sua última pergunta:
– O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
– O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda
respondeu:
– O benefício das boas ações.
– O benefício das boas ações.
Satisfeito
com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante
Buda e desapareceu.
Um belíssima página de Almanaque de domingo, com grandes reflexões. O escritor e poeta Violeiro Mineiro Capiau passa excelentes mensagens ao longo de toda página; um lindíssimo Conto recheado da Luz do Bem, mensagens edificantes de Amor e Verdade. Sábio conhecimento da temática abordada. O soneto foi tecido com maestria, um grande mestre conhecedor do Caminho da Evolução. As Imagens ilustrativas estão dando um show à parte e nos Pequenos Contos Universais, mais sabedoria e boas mensagens.
ResponderExcluirParabéns aos poetas que hoje desfilam por aqui. Excelente arte final do querido poeta Jorge Leite.
Aplausos pelo show de sabedoria!
Bom domingo a todos! Bravíssimo Violeiro Mineiro Capiau❤👏👏👏👏👏
Sem palavras para agradecer, mais uma vez, a sua generosidade e carinho para com meus, simples e humildes, contos de capiau da roça... Fica um abração, e o desejo de muita felicidade e muita Poesia e Contos em sua vida de maestrina das letras!
ExcluirObrigada pelo carinho e espero que você tenha gostado da surpresa: escolhi seu MARAVILOSO soneto ECLÉTICOS ACTOS VII retirado do seu livro NOVOS E VELHOS DEVANEIOS DE UM LOUCO VELHO RECICLANDO O NOVO. Show! Fique em Deus. Boa noite!
ExcluirCorrigindo: ... maravilhoso...
ExcluirNão sei se gostei mais do conto "Escolhas" ou do poema "Ecléticos Actos VII", mas o que eu gostei mesmo foi de publicar e ilustrar os brilhantes trabalhos do amigo Violeiro Mineiro Capiau. Parabéns Capiau. Boa leitura e bom domingo para todos. Abraços.
ResponderExcluirMestre Jorge, estou deveras emocionado e agradecido pelo apreço e capricho com meus escritinhos de capiau da roça... Como disse Aldir Blanc e Silvio Silva Júnior* "O apreço não tem Preço", mas fica um "obrigado, que é o modo civilizado de pagar sem pagar"**. Lindo o teu conto do diálogo de Sakia-Muni com o deva ("coincidentemente" hoje reencontrei o livro "Sidarta" do filósofo alemão Hermam Hesse, e reli a parte de onde ele encontra novamente com o rio até ao final do livro); ficou dez mil tuas colocações e ilustrações!
Excluir*Musica 'Amigo é pra Essas Coisas'", grande sucesso com o MPB4
**Não me lembrei o autor, mas a frase faz parte de um poema muito bonito em que um relógio fala de seu trabalho sem paga...
Boa dia amigo do Bem, Violeiro Mineiro Capiau! É com imensa satisfação que venho interagir e comentar a sua belíssima página de Almanaque de hoje. Faz gosto deleitar-se com cada linha do seu lindo conto, grandes reflexões em uma mensagem maravilhosa. Estou muito emocionado com o seu poema, sabedoria e verdade não faltaram. Lindo momento! E para completar ilustrações lindíssimas e harmoniosas. Também gostei da mensagem do pequeno Conto O DEVA E O BUDA somente aprendizado... grandes lições. Um domingo com novos conhecimentos! Que amigo apareça sempre por aqui e compartilhe suas artes poética e literário. Parabéns aos poetas e ao blog aplausos pelo sucesso, que já é uma constante. Boa tarde para os amigos e leitores! Até logo mais!
ResponderExcluirSaudades...
Passando aqui, no Blog Maçayó, para prestigiar o amigo e grande poeta Violeiro Mineiro Capiau, que compartilha para nós muita sabedoria em seu lindo Conto e seu maravilhoso soneto. Versos de mestre que mostra ensinamentos e grande sabedoria . Concordo, com meu querido esposo Maciel. O poeta e escritor Violeiro passa muita Paz, para mim ele é um poeta do Bem. Como Bete fale no soneto dela, "tudo para galgar novos degraus na Evolução..." belíssimo momento. deslumbrantes ilustrações e também gostei bastante da mensagem dos pequenos Contos Universais. Parabéns ao amigo poeta Mineiro e parabéns ao poeta Jorge pela arte final.
ResponderExcluirAbraços para todos e saudades de vocês... Boa tarde!
Uau pessoal, que página linda e educativa! Muita sabedoria nas mensagens do grande amigo poeta Violeiro. Eu particularmente gosto demais das páginas do Capiau, ele é um grabde sábio, nada se perde tudo se transforma por aqui. É sempre gratificante participar do Blog Maçayó. Lindo soneto, grande mensagem e o Conto é o que a gente precisa ler em um domingo. Que lindas ilustrações e estão completando a leveza da página. Também gostei amigos da mensagem do pequeno conto. Tudo perfeito, e na medida certa, sem exagero. Parabéns aos poetas e fico no aguardo para novas e belas atrações. Boa tarde para todos! Aproveitem os ensinamentos... Abraços amigos!
ResponderExcluirBete, te aguardamos na terça-feira para nosso café com poesia. Beijos querida amiga.
Corrigindo: ... grande ...
ExcluirPaulo amigo, irei com certeza! Fale para Geovanna que eu levarei as poesias e ela fará as tapiocas.
ExcluirBeijos
Belíssima página de Almanaque, um domingo de grandes aprendizagens, aqui no blog Maçayó. O Violeiro sempre emociona a gente e compartilha grandes ensinamentos em seus poemas, canções e contos. Gosto do jeito dele se dirigir ao leitor, pronto para ensinar. O conto é belísimo tanto quanto o poema. Amei as imagens ilustrativas e todo compartilhando por aqui. Bela mensagem no pequeno conto. Sábias palavras marcam presença. Parabéns para o amigo Capiau e parabéns pela arte final do poeta Jorge Leite. Show de mensagens! Aplausos para o blog. Boa tarde e abraços.
ResponderExcluirBete querida, pode trazer suas poesias que farei o café o as tapiocas. Beijos amiga.
Corrigindo: ... belíssimo... tudo compartilhado...
ExcluirOnde encontrar palavras para agradecer tão gentis e generosos comentários? Procurei no dicionário e não achei sequer uma que estivesse à altura... Então, só me resta desejar muita saúde, paz, sabedoria, amor, alegria, felicidades à todos: Elizabete Leite, Jorge Leite, Paulo e Geovanna, Naciel, Flor De Lis e a todos os visitantes... Abração a todos, e que permaneçam em Deus!
ResponderExcluirCorrigindo: Maciel
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