Ano III - Edição Nº 409
Tema das Imagens - Nenúfares
Feliz por um dia
Jorge Leite
Hoje amanheci feliz!
Não que eu quisesse ser feliz
Uma única manhã
Mas se a vida assim o quis,
Aceitei.
Aceitei ser feliz um único dia
Como aceitei ser triste todos os dias,
E todas as noites ter meus pesadelos
Nos quais grito minhas dores de cotovelo.
Hoje acordei feliz!
Após uma noite de tormentas em minha alma
Suores frios que escorrem em minhas palmas,
Tremores não de gozo, de medo e incertezas
Dureza de abraços que marcam meu corpo
Ferindo-o com cipó de palma
Sinto a solidão em noites não calmas
Choro atento meus lamentos
E cuspo meu suor barrento.
Hoje estou feliz!
Me vejo com olhos-de-perdiz,
Imagem refletida de meretriz,
Usas, abusas, me torna infeliz
Rasga meu corpo, chupa meus ossos
Deixa-me voltar, deitar em seu ócio
Aperta, esmaga meu bócio,
Mostra para mim toda ilusão
Meu dia feliz, é um dia de cão.
Hoje fui feliz!
Diferente das manhãs que acordo triste,
Das manhas que uso para evitar o tédio
Das dores incessantes que se tornam assédio
Das tentativas de morte não levadas a sério
Do ir e voltar, não chegando a nada,
Explode meu peito feito granada
Meus olhos percebem com nitidez
Minhas dores e tristeza sendo ceifadas.
Timbaúba, 25 de setembro de 2020
Atos de um quase Ator
Jorge Leite
Sou um ator em um teatro de fantoches
Cordas visíveis movimentam meus atos
Meu corpo de palha embaralha seus deboches
No preto escaldante do asfalto
No vermelho sensual do teu broche
Manchando o lençol de cobalto.
Sou um ator, sem ato e sem teatro
Em um solo imprudente, pertinente
Sem aplausos, sem fã idolatro
Agarro-me em ti ferozmente
Um amor infiel e abstrato
Nem puro, nem corpo, nem mente.
Sou um ator em um ato sensual
Esperando superar nosso tédio
Suspiros de um amor carnal
Nas paredes de um velho prédio
Em algo sujo, sem sentido e banal
Como uma doença sem remédio.
Sou um palco sem ator e sem mensagens
Na esperança de acordar dessa vertigem
Vivendo a vida em uma viagem
Pouco importa minha origem
Roubas meus sentidos em grande pilhagem
Turvas meus atos, cobre-os com fuligem.
Sou um ator meio-morto e meio-vivo
Numa dança mortal sobre sua catacumba
Em atos pecaminosos abusivos
Sobre palcos, mesas e tumbas
Com trejeitos sensuais depreciativos
Na tentativa de dançar uma rumba.
Meu último ato como ator é partir
Na tentativa de viver um suicídio
Nos flagelos de tentar se travestir
Vivenciar sem praticar um fratricídio
Morrer tentando sem transgredir
Não ser humano, ser um canídeo.
Recife, 26 de setembro de 2020
ALMAS GÊMEAS
Elisabete Leite
Somos Almas gêmeas em total sintonia
Dois seres unidos pela alma e coração
Sonhamos juntos, toda hora e todo dia
Alimentados pela força do amor e paixão...
A distância não impede os nossos sonhos
A cumplicidade sempre fala mais alto
Amigos amantes até em dias tristonhos
Conversas a dois, felicidade chega em saltos...
Somos sol e lua, e nos amamos plenamente
Teu brilho completa toda minha essência
Entre tapas e beijos vivemos calmamente
Eu sou pura doçura, e você é sapiência...
Almas gêmeas que se formam em harmonia
Um dia faz frio, já o outro faz intenso calor
Nossa inspiração tem elo de sedução e poesia
Ah, já não podemos viver sem esse amor!
AMIGO TEMPO
Elisabete Leite
Sou aquele que demarca as horas
Que determina o presente e futuro
Os minutos e segundos do agora
Badaladas que acordam o mundo...
Sou quem mostra o acordar do dia
Ao surgir do lindo luar no espaço
O intervalo entre sons na melodia
Até mesmo, a hora de um abraço...
Sou quem sana dores do coração
Define instantes de alegria e tristeza
E a chegada de cada nova estação
Tempo de chuva, que é pura riqueza!
Eu sou aquele que nunca volta atrás
Convém viver o agora, cada momento
Aproveitando tudo o que a vida traz
Sou o seu melhor amigo... O Tempo.
Tema das Imagens - Nenúfares de Claude Monet
Os nenúfares são plantas que crescem em águas paradas ou de movimentação lenta. Eles gostam de mangues, pântanos, ribeiras e margens de lagos, em áreas tropicais e temperadas. Suas folhas flutuantes costumam atrair rãs.
A vitória-régia é um grande nenúfar nativo da Amazônia. Suas folhas podem chegar a 2,5 metros de diâmetro, com bordas de até 10 centímetros de altura.
O artista plástico francês Claude Monet, o mais célebre dos pintores impressionistas, criou uma famosa série de telas chamada Nenúfares. Foi o próprio Monet quem cultivou o jardim aquático que serviu de inspiração para a série, composta por cerca de 250 quadros.
Monet se interessava muito por plantas. Em 1883, ele se mudou para a pequena vila de Giverny, na França, e começou a cultivar um grande jardim com diversos tipos de flores e árvores. Em 1893, o artista comprou um pedaço de terreno pantanoso vizinho à sua casa. Ali ele mandou cavar um lago, dentro do qual foram colocados os nenúfares que viriam a se tornar tema das pinturas. Monet também trouxe outras espécies, como salgueiros, íris e bambus, e as plantou em torno da água. Em 1899, o artista completou a paisagem do jardim erguendo uma ponte sobre o lago. Nesse ambiente, Monet passou muito tempo meditando e pintando, até sua morte, em 1926. O jardim e a casa existem até hoje e podem ser visitados. O local é considerado um patrimônio nacional da França.
Obs: Todas as imagens foram tiradas do Google