ANO III - EDIÇÃO Nº 425

O ESVOAÇAR DO AMOR
Ah! Já faz tempo que não te vejo
Foi o nosso amor que o vento levou
Se perdeu num esvoaçar de desejos
E pela tua ausência ele se encantou...
Foi teu voo indeciso e bem distante
Que causou essa insensível emoção
E nada sobrou, além dos instantes
Que maculou a minh'alma e coração...
Ah! O poema perdeu o tema de amores
Os sons fugiram da suave melodia
Mas, eu sou uma revoada de cores...
E a doce magia voltou a minha poesia
O meu mundo se encheu de flores,
da Primavera que floriu em meu dia.
Elisabete Leite
EU SOU ASSIM!
Sou um ícone de força e coragem
Ah! Nasci para amar e ser amada
Minha essência é linda paisagem
Meu interior tem aura iluminada...
Eu sei sorrir nos momentos de dor
Mas também, sei chorar na alegria
Sei doar amizade e autêntico amor
Sou versos, rimas, inspirada poesia...
Sei amar, por igual, meus rebentos
Minh'alma é uma Estrela Cadente
Vivo de escolhas, não de lamentos
Sou verdadeira, amiga confidente...
Senhora livre, dona de meu destino
Sou como borboleta que sabe voar
Tenho sorriso leve e olhar cristalino
Simplesmente sou, o brilho do luar!
Elisabete Leite
A FONTE DE INSPIRAÇÃO
Forte centelha que define a fantasia
Que inspira a lindeza do amanhecer
A riqueza da natureza de cada dia
O crepúsculo que mescla o entardecer...
A fonte de magia e airosa inspiração
Que tinge e enche o inane d'alma
O vazio das lacunas nos corações
Brota o milagre do versejar que acalma...
Flama que pinta com luminosas cores
A sonoridade das rimas na alegria
A suavidade entre dores e amores
A liberdade do cenário que irradia...
O olhar sentido em cada verso inspirado
A força da luminosidade que contagia
Uma visão completa e vital do imaginado
A luz do poeta que transforma tudo em Poesia.
Elisabete Leite

OLHARES NOTURNOS
A natureza abre cortinas esvoaçantes
Mostra os vários olhares noturnos
A lua cintila nas marés ondulantes
A dama da noite vai e vem em seu turno...
Adorna o balanço das ondas à Beira-mar
O céu se veste de azul-marinho cintilante
A imaginação vai alçando voos devagar
Pelo cenário imaginado e marcante...
É o deslumbre do anoitecer de cada dia
Que mostra ondas flutuantes e marés vazantes
Tudo é realmente perfeito, notável harmonia...
Sigo viagem através de meu olhar ambulante
Nessa imagem que me inspira farta poesia
Que transforma o que vejo em versos volantes.
Elisabete Leite
AMIZADE SIMULTÂNEA
Amizade genuína é algo grandioso
É um doar-se saudável e constante
Um afago n'alma, abraço caloroso
Troca de sentimento concomitante...
Ela é duradoura, não é passageira!
Vai criando raízes ao longo do tempo
Vai germinando como árvore sementeira
Fortalece os laços, não é passatempo...
Na amizade sincera há gratuidade,
Não existe cobrança, só bons alentos
Carinho, muito amor e cumplicidade...
Com emoções e grandes momentos
Retrato da mais completa amizade
Que sobrevive ao sol, ao frio e vento.
Elisabete Leite

SELMA, A GALINHA CARIJÓ
Há muito tempo atrás, na época em que até os animais falavam, havia uma Fazenda habitada por adoráveis criaturinhas, eram diferentes tipos de aves, animais de estimação e uma patrulha do barulho, Galos e Galinhas, que viviam aprontando pelos galinheiros dos quintais...
A Galinha Selma se achava a dona do pedaço, vivia falando para os animais visitantes: - Vão embora! “Cada um em seu quadrado”. E os animais saiam correndo, com medo das bicadas dela, pois Selma colocava qualquer bichinho grande ou pequeno para fora do seu poleiro. A Galinha vivia desfilando toda formosa e ciscando os milhos que ficavam espalhados pelos caminhos, ela andava toda faceira, balançando seus quadris, que a sua bela plumagem branco acinzentada voava pela ação do vento. A deslumbrante Galinha Carijó vivia esnobando o Galo José que era perdidamente apaixonado por ela, porém de pirraça ela vivia soltando suspiros de amor pelo Galo Terêncio, conhecido nos galinheiros, como o bonitão. O Galinho José não era considerado como bonito, pois era de uma única cor e bastante franzino, mas muito bom de coração, ele gostava de ajudar as outras aves. Já o Galo Terêncio era da raça Pedrês, ele tinha um topete de despertar emoções, um verdadeiro galã dos galinheiros. Mas, nem sempre a aparência comprova a evidência...
Um certo dia, chovia bastante naquela fazenda, o cenário era desesperador, pois os galinheiros estavam totalmente alagados não havia quase nenhum lugar que estivesse enxuto por lá, o chão estava todo encharcado de lama, que dificultava a locomoção das aves, Galos e Galinhas, principalmente as Galinhas Caipiras/Poedeiras (galinhas criadas para pôr ovos), pois elas precisavam aquecer os ovos. Mesmo com muita chuva, Selma resolveu passear para se amostrar para o Galo Terêncio, pois o mesmo havia conseguido um lugar mais ou menos enxuto no poleiro mais alto do galinheiro. Assim, Selma olhou para o alto e disse a Terêncio:
- Olá Terêncio! Eu posso ficar ai com você?
- Olá beldade! Estou no lugar mais alto daqui, tenho certeza que você não vai conseguir subir. Fique na sua! Disse-lhe Terêncio, esbanjando indiferença.
O Galinho José ouvindo toda conversa, ficou com peninha da sua amada e resolveu oferecer à Selma o seu lugar. E disse-lhe:
- Selminha, você quer ficar aqui comigo? Sei que não é muito alto, mas meu poleiro está enxuto.
- Como ousas falar comigo, José! Limite-se a sua mera insignificância. Selma disse-lhe.
- Perdão, por favor! Não queria me meter na sua vida. Disse-lhe José.
Somente se ouvia no galinheiro muitas e muitas risadas: có, có, ró, có, có... có, có, ró, có, có... có, có, ró, có, có... O Galo José permaneceu cabisbaixo e muito triste, seu semblante era de pura decepção, pois ele gostava realmente dela. A Galinha Selma foi passando por cima dos outros Galos, Galinhas e Pintinhos, escalando os poleiros para chegar até Terêncio. Mas, algo terrível aconteceu, a galinha em um voo desajeitado despencou lá de cima e caiu humilhada no chão, ficando completamente suja de barro molhado. O Galo bonitão, o tal de Terêncio, nem saiu do lugar. Enquanto isso, o Galo José pulou, rapidamente, para junto da Selma, na intensão de socorrê-la.
- Selminha, fale comigo! Você está bem? Por favor, fale comigo! Disse-lhe o coitadinho do Galo José quase chorando.
- José, estou um pouco dolorida, mas penso que estou bem. Respondeu-lhe Selminha.
- Selma, cuidado ao se levantar para não machucar as suas perninhas! Deixe que eu te ajudo! José falou com todo carinho e segurou pelas duas asinhas da amada ajudando-a.
Enquanto isso no poleiro, somente se ouvia risadas: có, có, ró, có, có... có, có, ró, có, có... era o Galo Terêncio que não parava de sorrir.
A Galinha Selma estava horrorizada com a situação formada, ela nunca poderia imaginar a frieza do Galo Terêncio e a bondade do Galo José...
Na manhã seguinte, as chuvas cessaram, o sol resplandeceu no horizonte, seus raios brilhantes e quentes conseguiram enxugar o terreiro do galinheiro. A Galinha Selma permanecia bem quietinha, descansando no primeiro poleiro, que foi cedido pelo Galo José, pois ele estava bem juntinho dela, cuidando do local, vigiando para ninguém a incomodar. Ela abriu seus belos olhinhos pretos e falou:
- José, muito obrigada! Perdão, pelas minhas grosserias! Eu desconhecia os seus valores, sua bondade. Agora, muito te admiro!
- Selma, não é somente bondade! Não precisa pedir perdão, você sabe que te amo! Respondeu-lhe bem calmamente.
José abrigou Selma nas suas asinhas franzinas, mas bastante acolhedoras, esquentou seu coração e colocou para fora tudo que sentia por ela. Assim, os dois permaneceram juntinhos durante longas e longas horas...
Os tempos passaram e a Galinha Selma aprendeu com aquela dura lição, ela passou a valorizar mais as outras aves, reconhecendo os nobres valores de cada uma. Selma e José se casaram, ela chocou muitos ovos e os seus pintinhos eram tão lindos quanto a mamãe Selma e o papai José.
Segundo o ditado popular: “Quem vê cara não vê coração”.
Elisabete Leite – 17/09/2018
Alguns conceitos:
Enxuto – local onde não chove ou não está molhado.
Galinheiro ou Capoeira – é o nome dado a um galpão ou local onde se localiza o ninho, bem como lugar onde as galinhas são mantidas.
Poleiro – galho de árvore, pau roliço ou espécie de escada onde se acomodam as aves para dormir ou descansar.
Topete de galo – cabelo levantado (várias penas), na parte anterior da testa.
Nossas Pesquisas: https://www.dicio.com.br
Wikipédia
Imagens encaminhadas por Elisabete Leite
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