EDIÇÃO N º 462
Tema das Imagens: As Cores da Primavera
Início de Primavera, sol radiante, ventos amenos e cenário colorido, mas para Emília todos os dias eram sempre iguais: tristes e acinzentados. Garota bonita de olhos negros e cabelos encaracolados, porém vivia escondida por trás de um semblante sério e sofrido, porém tinha um coração generoso. Menina que despertou muito cedo para o trabalho e a dureza da vida, queria concluir o Ensino Médio para oferecer aos irmãos uma situação de vida melhor que a dela; precisava trabalhar pois que sua mãe estava muito doente, e vivia constantemente em cima de uma cama. Seus irmãos, os gêmeos Júlio e Túlio cursavam o sexto ano do Ensino Fundamental, e para Emília garantir os estudos deles, precisava se desdobrar. A garota trabalhava duro em plena pandemia da Covid-19, vendia máscaras de tricô em um sinal próximo à escola que estudava, em horário contrário ao das aulas. E na sala de aula, além de aprender os conteúdos programáticos, vivia tricotando as próprias máscaras que vendia, belos acessórios em cores variadas; os professores permitiam já que sabiam do histórico da adolescente.
Certa manhã, Emília chegou cedo ao local de trabalho, no sinal de sempre, veio vestida de esperança, usava verde para simbolizar o que sentia: vestido simples, sandália rasteira, um lenço prendendo suas madeixas, uma máscara em tom verde-limão e sua cesta com os acessórios, ela estava pronta para seu ofício diário. A garota sentiu que alguém a observava, levantou o rosto e viu um carro verde parado, aguardando o sinal abrir. De repente, um rapaz se aproximou do automóvel e anunciou o assalto, um grito no ar, e logo depois o homem saiu caminhando normalmente, carregando uma bolsa feminina, enquanto uma senhora ficou dentro do carro gritando por socorro; o movimento de coletivos não estava intenso, e Emília não pensou duas vezes, o sinal abriu, mas ela correu para ajudar à senhora; entrou no carro, viu que a vítima não tinha ferimentos, e a orientou a estacionar mais à frente, em um local seguro. Já em segurança, Emília quebrou o silêncio:
- Sou Emília, a senhora está bem?!
A mulher, ainda muito nervosa pela situação formada, olhou diretamente para Emília, e respondeu-lhe:
- Sou Antonieta, estou insegura, mas bem! Que coincidência, sempre a vejo neste sinal vendendo máscaras de crochê.
- De tricô, porque tem maior elasticidade, são forradas e muito seguras. Respondeu-lhe Emília.
As duas ficaram conversando para minimizar os danos do assalto. Logo depois, um policial se aproximou e devolveu a bolsa que já havia sido recuperada, e a mulher agradeceu. Assim, tudo voltou ao normal. A jovem Emília continuou vendendo suas máscaras, como se nada tivesse acontecido, até o início do turno das aulas...
Em uma manhã como outra qualquer, Emília estava aguardando o sinal fechar quando ouviu alguém chamando por ela: "Emília, aqui!"
A garota olhou para o outro lado, viu um carro verde estacionado, e logo percebeu que era Dona Antonieta, a mesma mulher do assalto no sinal, e correu ao seu encontro, e falou:
- Dona Antonieta, que prazer revê-la! Tudo bem?
A senhora sorridente olhou para ela, e disse-lhe:
- Emília, o prazer é todo meu! Estou bem, e vim especialmente para falar contigo. No dia do incidente não tive condições de falar contigo, mas agora posso.
- Então, pode dizer! Respondeu-lhe a garota.
Dona Antonieta olhou carinhosamente para Emília, e continuou falando:
- Emília, eu sou dona de uma grande loja de confecções na cidade e gostaria de comprar-lhe todo estoque de máscaras de tricô que você tenha; como também, no início quero que você trabalhe na minha loja como estagiária, e depois quando você concluir o Ensino Médio, será minha sócia. Posso contar contigo?
A jovem Emília não podia conter suas lágrimas que se misturavam ao suor do seu rosto, ainda soluçando, balançou a cabeça em sinal de afirmação e deu um abraço afetuoso na bondosa senhora...
O tempo passou... Emília, a garota do sinal, se formou em designer de moda, e com ajuda de Dona Antonieta, abriu a sua própria loja de confecções, de nome Esperança; seus irmãos cresceram e se tornaram independentes, enquanto sua mãe passou a ter uma melhor e saudável qualidade de vida.
Enfim, todos foram felizes!
Elisabete Leite
A Esperança é uma edificante Luz,
A mão de Deus que abriga e alumia
Também protege, acolhe e conduz
Livrando-nos do vírus na esquina...
A Esperança ilumina os desertos
É o oásis que minimiza a aspereza
A clareza nos momentos incertos
Melhor caminho, a fonte da certeza...
A Esperança clareja a escuridão
Sim, é um brilho no final do túnel!
É a partitura de uma doce canção
O sabor suave e adocicado do mel...
Que vai dissipar o inimigo invisível
Uma aliada da Fé na hora da Oração
A Esperança pode tornar tudo possível
É a Luz do Amor dentro do coração...
Elisabete Leite
É triste precisar de alguém nesta vida
Ninguém mais se entende, tampouco se amam
Nas inversões de valores pra curar as feridas
Mais doentes se tornam e ainda difamam.
Ao olhar para o outro enxerga o inimigo
E surtos psicóticos atingem o mundo
Mulheres, crianças, e até os amigos
Quem nos ama, no céu, de vergonha está mudo.
É cruel assistir nossos filhos morrerem
Pela bala perdida do fuzil de um bandido
Mas sabemos que somos todos culpados
Por negar-lhes amor nesse mundo perdido.
O Dono do mundo e a Virgem Maria
Assistiram à morte do seu filho inocente
E não pense que hoje Jesus morreria
Agonizando na cruz por nós novamente!
Socorro Almeida
Recife, 28/04/2021
Há tantas de nós, tantas que te querem
Tantas mulheres tolas que te desejam
Que não enxergam a beleza de si mesmas
Só imagens inexatas de seus espelhos!
Brancas, negras, pobres ou ricas
Têm o poder à força de seus apelos
Em sua alma o branco da fé
enaltecida!
E um dia, ao final de nossa luta
Não questiones o valor que em nós desejas
Se somos pobres, brancas ou negras
Somos ricas de amor, por um instante que seja.
E tu, homem cruel, que não enxergas nelas
A beleza das cores que a natureza fez
Bem dosada nos tons divinos das aquarelas
Tua força diante a delas se desfez!
Socorro Almeida
Recife, 17/09/2021
Doremi, pode ser um nome comum.
Mas, também pode ser um nome próprio!
Do-Re-Mi, sílabas de notas musicais.
Mas também, sílabas de nomes pessoais.
Do de Dolores, Domênico Dalvina!
Re de Regina, Rosália, Rosiclea!
Mi de Milita, Milena, Minervina!
Ajustam os acordes, o timbre, a capela.
Do é uma nota aguda de som grave.
Re é uma nota vibrante e expansiva.
Mi é uma nota atenuante e suave.
Notas que tornam as melodias expressivas.
Dramatizar é expelir a emoção.
Reestruturar uma composição.
Minimizar o medo na atuação.
Da vida ao drama, brilho a uma canção.
Baltazar Filho
03 de setembro de 2021
Sonho, ou um sono perturbado?
Talvez uma alucinação, sem ação.
Levitação de um adormecer atordoado
Um sono intranquilo, oculto na escuridão.
Uma dormida confusa da imaginação
Uma transmissão escusa do inconsciente
Repouso neuro, que causa efeito e reação.
Resíduo armazenado no cofre da mente
Sonhos! Revelações do subconsciente.
Atos acometidos, vivido no presente.
Fatos existentes reais, ou inexistentes.
Relato presente e passado, coeficiente.
Vestígios do sono, pesadelo conturbado.
Sonhos com mundos estranhos, futuros.
Sensação de está dormindo, acordado.
Por linhas cruzadas, num mundo obscuro.
Baltazar Filho
30 de agosto de 2021
Em teu aberto coração pranteia rios
A derramar prantos desde os cimos
Teus pés caminham cheios de brios
Faz Selene pairar no azul atro do céu
Noites e noites tens n'alma calafrios
Porque deixaste o teu amado ao léu
Sem tua graça, padecer em chamas
Do teu semblante a morte tira o véu
Rio que passa
Mulher mãe, mulher poeta, mulher amiga
Aquela que na dor se esconde no sorriso
Rainha da arte dos versos e das rimas
Inda que na tristeza de uma despedida
Saudade lhe cause um mar de lágrimas
Amenizada no encontro de uma alma querida.
Armou-se de abraços, beijos e carinhos
Lindos e vertiginosos sonhos de amor
Vida abençoada que em seu próprio ninho
Em versos se fez e se guardou na dor
Rios de lágrimas que hoje derramamos
Gritos de saudade de nossos corações
À eterna poetisa que tanto amamos!
Dueto:
Rita de Cássia Soares
Socorro Almeida
Esperança
Sentimento verde...
Da cor do meu olhar,
Que está tão cansado,
De tanto, tanto, esperar....
Por dias muito melhores,
E a vida bem mais leve...
Com um grande amor no peito,
Onde a alma vibre e se eleve...
E que a Esperança nunca morra,
Na clorofila do meu olhar...
Pois preciso dela na vida,
Pra continuar a sonhar...
Um sonho verde, brilhante,
Com vários focos de luz...
Cada um foco, um desejo,
Que ao meu coração seduz!!!
❤️Tásia Maria
Corremos todos os riscos,
Por um grande amor...
Perdemos, até, o Amor próprio,
Sem nenhum temor...
Superamos obstáculos,
Os medos vão, todos, embora,
Quando a paixão nos invade,
Perdemos o tempo, a hora...
Um grande amor nos embriaga,
E nos deixa fora do EU...
Bêbada de amor fica a alma,
E o coração, fica Ateu...
Tudo isso acontece,
Por um grande amor...
Que se eterniza em sonhos,
Ou se inferniza em dor...
❤️Tásia Maria
Escolhas...
Me tornei refém das minhas... quem nunca?
Algumas delas tomadas de forma repentina
Ou sem nenhuma reflexão...
A conta sempre chega e não há a quem culpar
Somos autores da nossa própria
Construção desconstruída
Voltar atrás não é permitido
Frustrante?...Talvez!
Assumir as responsabilidades
E pagar pra ver os resultados
"É o que temos para hoje!"
Mas, ainda assim viver é uma dádiva.
Sabemos que fracassos e decepções
Fazem parte da caminhada...
Resta-nos fazer a diferença
Onde quer que estejamos
Levando amor aonde quer que sigamos
Somente assim o peso de nossas escolhas
Se tornará mais leve
E elas, por Deus, abençoadas!
Noite chuvosa!...
Entre tempestade e raios
Aqui estou eu...
Sentado em uma poltrona, lendo
Imaginando o quão maravilhoso seria
Se tu estivesses comigo!
Poderíamos estar juntos
Tranquilos e apaixonados
Vivendo a magia do querer
Porém, a vida nos levou
A distintos caminhos
Como um castigo...
Como o sufocar em um dia de calor
Assim me sinto sem tua presença
Tudo se mantém como essa noite
De raios e trovões
Fenômenos que nos fazem ver
A nossa inferioridade
Quando queremos ser
Uns mais que os outros
Assim acabamos nos afogando
Nas lágrimas de nosso sofrimento
E o que nos resta é a lembrança
De um inesquecível sentimento!
Sol&Lua
Pirpirituba,14/09/21