"Amor nas entrelinhas com reticências para não se acabar, se ponto e vírgula tinha, a gramática vou mudar" Elisabete Leite
ENCONTRO DE POETAS
NOSSAS LOUCURAS
Esses tremores em teu corpo quando te toco
Pelo ardor que trago nas palavras indecentes
Gratidão nesses teus olhos tão impacientes
Até os anjos se calam e se afastam sorridentes...
Só nós dois agora em nosso leito, meu amor
A buscar nos braços um do outro um jeito
De encarar as nossas faces já sem cor
Pelas loucuras que explodem do nosso peito.
Ouve apenas o silêncio de nós dois
Achega-te mais neste corpo que é teu
O que quiseres dizer, deixa pra depois
E acalenta o meu coração que adormeceu!
Socorro Almeida
Recife, 29/08/2021
POR QUE CHORO?
Aonde vai dar o caminhar das gerações
Os voos angustiantes dos passarinhos
Que não sabem onde encontrar seus ninhos
Pelo canto que não ouço mais...
Como vou ouví-los agora?
Quais árvores vão me dar frutos
Se elas choram sob fumaças
Pelas folhas queimadas que caem
Pelas sombras que não tenho mais...
Onde encontrá-las agora?
Pelo choro da criança que não nasceu
Pelos filhos que não abracei
Como vou tê-los agora?...
Agora que eu sei porque choro
Até choraria bem mais
Se eu soubesse o que fazer
Dessa saudade que faz
A gente padecer de tristeza
Ou gritar pro mundo doente
Que viver ou morrer... tanto faz!
Socorro Almeida
Recife, 07/10/2021
COR-IDENTIDADE
Busco a nossa identidade
E penso nas tendências do racismo
Descubro as controvérsias das etnias
E foco um típico exemplo do racismo
Encontro nas formas científicas
E tento em meus versos explicar
A genética simulando as raças
Dentro das classificações raciais
Enfatizo a separação irracional
Invento as raças
Buscando desvendá-las
Portanto a raça mãe identifica
Enaltece a realidade biológica
A genética explica
O DNA resultado da nossa cor
Variabilidade humana destaca
Nossas combinações raciais.
Rita de Cássia Soares
Pirpirituba 20/11/2009.
MOMENTOS
Tudo na vida são momentos
Até mesmo EU
Que não passo de mais um
Que preenche o momento
Que por sua vez completa
O que chamamos de VIDA!
Amanhã talvez chegue lá
HOJE estou até não sei quando
Mas o AMANHÃ é apenas
O pensamento do AGORA
Só sei que gosto muito de vocês
É prego batido e ponta virada!
Emiliano de Melo
Guarabira, 15/04/2020
*LIBERDADE*
Quero a desilusão.
Aprender a sair, aprender a viver,
Eu deixei depreciar meu coração ao caminho,
Tudo isso quando eu era jovem.
Enfim, sempre soube disso,
É inevitável.
Porém, tenho pagado o preço,
De ser quem eu sou,
Sei que não sou o único nesse embarque.
Não sinto arrependimento, mas algo soa similar,
às vezes sinto meu reflexo, não sou eu.
Mas quero viver um pouco mais,
Olhar para o horizonte, e perceber possibilidades.
Sinto minha vida passando rápido demais.
É como se estivesse preso na cadeira de cinema,
Assistindo com lentes acromáticas.
Sinto falta dos meus amigos,
Do meu lar, da minha mãe tocando meus cabelos.
Sinto falta de uma vida, como festa de criança.
Mas, isso já faz algum tempo, muito tempo.
Caminhando nas ruas em que cresci,
Eles não me reconhecem mais,
É como tivessem receio de mim
Penso em coisas para falar,
Um bom dia, alguma coisa.
Mas, eles não têm ideia de quem sou,
Na luz do dia!
Jailson Pereira, Pirpirituba, 2020 (em algum momento da pandemia).
Fotografia
Sorria para a foto,
Finja estar perfeito.
Ajeita tua postura
E esquece todos os teus medos.
Por favor, esconde as marcas roxas.
Elas não são atraentes.
Então, vá logo e vista outra roupa,
Para deixar os pais contentes.
Quando terminar, deves ficar bem amostra.
Você pertence a uma vitrine de loja
Logo, não resista e mantenha-se posicionado.
E apenas deixe que te vejam -avaliem- como um bom manequim fotogênico.
Ou vais ser deixado de lado, assim como teu gênero.
Ah! E não desvie o olhar, ninguém quer ver-te sangrar.
Pronto! Agora podes quebrar a compostura, porém só tenha cuidado para não deixar a mente cheia de muitas fraturas.
Enfim, Já não disse? Está livre.
Vá! Saia plástico, mas em silêncio e nem pergunte o que deves fazer.
Só ande em frente e morda a língua até ter tinta suficientemente para escrever.
Amaury Autory
Pirpirituba PB
COMENTÁRIOS NO ESTILO CORDELISTA
No Encontro de Poetas
Deu Chuvas de Poesias
Com Emiliano e Rita
A MINHA CHUVA inicia
A Minha Chuva é assim:
Amor pra ti e pra mim
Onde tudo é alegria.
.....
CLIMA DE CHUVA irradia
Trazendo um corpo aquecido
Sussurros ao pé do ouvido
Daqueles que enlouquecia.
ÍNDIO, vem com a Guerra Fria
Na qual indígena é o vilão.
Cabeça de Camarão...
Fresco, pescado na loca
Junto ao Pirão de Mandioca
Vêm com FILHO DO SERTÃO.
.....
EU FÊNIX traz sensação
De desejos, sentimentos
Cheiro de suor no corpo
Nas volúpias dos momentos.
Um amor puro e crescente
Corpos em chamas, ardentes
Em pleno renascimento.
.....
E, para deleitamento
Com lágrima de emoção
ROMANCE PRIMAVERIL
Traz beijo e declaração.
Assim, o romance diz:
Que foi um final feliz
Cheio de amor e paixão.
.....
Do Cangaceiro e o sertão
Fala: SANGRENTO CANGAÇO
Justiceiro, cabra macho
Virgulino, o Lampião.
DEIXOU-ME FEITO UM PIÃO
Onde encontrá-la? Cadê?
Corre aqui, venha me ver!
Prisioneiro e sofrido...
És meu Jardim mais florido
És flor do meu bem querer.
.....
O sol a resplandecer
Um corpo dilacerado
Coração acelerado
De saudade a padecer.
Isso leva a entender:
UM SONETO IMPROVISADO.
Fiquei bastante encantado
Com o RONDEL: MÁGICO DA VIDA
Por querer ver colorida
A vida e tudo ao seu lado.
.....
A Emiliano de Melo
Meus sinceros parabéns
Rita de Cássia é refém
Desses aplausos sinceros
Um parabéns paralelo,
Eu dedico a Gutemberg.
E a Baltazar, que consegue
Cumprir bem o seu papel
A Elizabete e o RONDEL
Meu sincero aplauso segue.
Valdemar Guedes
Poeta Cordelista.
Guarabira-Pb.
O MEU POEMA!
Tem enredo diversificado, são contextos livres, nada demasiado.
Não é demasiado porque é sucinto, simples, verdadeiro.
Verdadeiro tratando-se da realidade, sem devaneios.
Sem devaneios, porque é real, sério e conectado.
Conectado com a realidade, sem demasiadas fantasias.
Não impera-se além da imaginação, tem firmeza, é realista.
É realista porque é edificante, baseado em fatos normais.
O meu poema é sucinto, eficaz, criativo, não é imaginário.
Por ser versátil e condizente com a vida, é criticado.
Criticado positivamente por grandes referências da literatura.
O que me torna humildemente sociável e regozijado.
O meu poema com rima ou sem rima, é levemente ousado.
O meu poema por ser simplório ele é sábio, com perfeições e imperfeições.
É espirituoso, renovador, regionalista e também lendário.
Lendário cheio de emoções, um resgate das fontes naturais, com abstratas inspirações.
Baltazar Filho
28 de setembro de 2021
País das maravilhas: São Saruê
Viajei para um lugar,
Era um distinto país
Vi gente muito feliz
E ares pra me encantar
Havia fruto em pomar
Flor viva em jardineira
Verde/amarelo em bandeira
Água doce em riachão
São Saruê era então
Um país à brasileira
Um país das maravilhas
Era esse São Saruê
Vale à pena conhecer
Há belezas, muitas ilhas
Há belos filhos e filhas
Que vivem em harmonia
No mundo quem não queria
Nesse lugar ter morada
Natureza preservada
E um mar de alegria
Cristine Nobre Leite
(Homenagem a Manoel Camilo dos Santos)

Eterno inverno
Joguei as estrelas para fora da janela
E tentei buscar uma forma de encontrar a luz
Mas ela era minúscula sobre o breu daquela cidade
E todos eram cegos para as coisas que importavam
Então quando a cidade sentiu o inverno
Desejaram a dádiva que eles não poderiam ter
O calor
Gabriela Mota, João Pessoa, 13/10/2021
Todas as noites o mundo cai sobre nós
Em meio a tantas dores fatais
Entre todos as cores incabíveis na paleta do universo
Você foi o cura para remediar meus dias mais loucos
E entre todos os loucos do mundo
Resolvi ser a mais louca por amor
E encontrei em você tudo que me faltava
A sanidade.
Gabriela Mota, João Pessoa, 09/10/2021
Conheceu, ele é seu; ela é dele
Um ao outro consentiu e viveu
Amarras, garras e nada expele
Entranhas, dores, afetos; o céu
Um longe só existe no deserto
Seixos, areia escaldam os pés
Judeus andam e chegam perto
Da cidade vista por seu Moisés
Que ele e ela porém se desejam
Até buscam uma cidade para si
Como repouso é o que almejam
Talvez eles cheguem mesmo ali
E juntos, separados; não importa
Ermo exige ser ágil como Naftalí
_Rio que passa_
LEITURA DE DOMINGO
AMOR, VINHO E INVERNO
Era uma manhã de inverno fria, silenciosa e penetrante; o vento soprava e o clima congelante não permitia que a bela Helena se levantasse… Ela já estava atrasada, para o primeiro dia em seu novo emprego. O dia estava fleumático e muito chuvoso; Helena levantou-se, afastou devagar as cortinas e estirou seu braço como se quisesse segurar a chuva, queria tocá-la, sentir sua fragrância. Ela virou-se e foi se trocar, não queria perder a primeira condução... Ao chegar ao trabalho, a jovem percebeu um clima pesado, e somente salas vazias. Ela foi ao atendente, e perguntou:
- Bom dia, senhor! Sou a nova digitadora. O que aconteceu?
- Bom dia, jovem! O diretor da empresa faleceu hoje, e não haverá expediente, mas a senhorita pode falar com o diretor adjunto, na sala ao lado. Disse-lhe.
Ela entrou na sala, e não acreditou no que viu. Sentado de cabeça baixa estava alguém que ela conhecia muito bem, um amor do passado. Ela quebrou o silêncio, e disse-lhe:
- Gustavo, é você? Há tanto tempo! Você estava em Londres?
Um jovem de cabelos negros, barba expressa e bem elegante, respondeu-lhe:
- Heleninha, que prazer em revê-la! Estou de passagem. Não soube mais notícias suas!
O rapaz se levantou, a envolveu em um abraço, e a beijou nos lábios. A garota retribuiu o selinho e eles ficaram conversando por horas, que nem notaram o tempo passar...
A chuva persistia e o casal continuava conversando. De repente, Gustavo levantou-se foi até o frigobar, pegou uma garrafa de vinho e duas taças. Aproximou-se de Helena, afastou os seus cabelos, deixando o pescoço dela exposto, segurou-a em seus braços, molhou os seus lábios com vinho, e beijou-a ardentemente. A garota entregou-se por inteira, de corpo, alma e mente. Os gemidos invadiram os corredores vazios daquele ninho de amor, enquanto o vinho molhava a saliva do casal que não parava de se beijar e amar. A noite fria foi aquecida pelas chamas ardentes da paixão e assim, tudo ficou consumado. Gustavo e Helena dormiram em companhia do vinho...
Já era quase manhã quando os dois foram ao velório do diretor da empresa, e nunca mais se separaram. Eles jamais se esqueceram daquela noite de amor, vinho e inverno.
Elisabete Leite
À BEIRA-MAR
Banho-me em seu espumante lençol
Com a brisa acariciando o meu rosto
Em uma fascinante tarde de arrebol
À beira-mar sentindo um suave gosto...
Ao som do gorjear dos pássaros no céu
Em sintonia com o vai e vem das ondas
Fico boiando em seu espumante véu,
De lá pra cá na cadência das águas brandas...
Reminiscências banham a minha memória
Como atos de uma peça teatral
O último ato acaba com o desfecho da história
Sem desvendar o personagem principal...
Logo o cenário tinge o céu de escuridão
Mas o luar resplandece com o seu esplendor
Vai colorindo com nuances o meu coração
Tornando-me coadjuvante desta cena de amor.
Elisabete Leite
AME-ME ASSIM!
Ame-me sozinho para ninguém saber
Ah, eu quero você, somente para mim!
Amor que veio lá de dentro de teu Ser
e deixa o mundo com aroma de jasmim...
Espalhe o teu amor pela natureza,
Para que as aves possam descobrir
Um sentimento repleto de grandeza
Assim, elas trarão teu amor para mim...
Ah, ame-me com intensa satisfação!
Como o sopro do vento ao entardecer
Deixe o amor fincar raízes em meu coração
Para que eu jamais possa te esquecer...
Ame-me por nada, sem nenhum motivo
Sim, simplesmente por querer me amar
Tu sabes que também és correspondido
O tempo passa, mas o amor não passará.
Elisabete Leite
FELICITAÇÕES E HOMENAGENS
PROFESSOR
Sendo este o teu dia,
Quero te homenagear,
Mesmo sem saber o que falar,
Impus-me essa ousadia.
Teu dia é todo dia,
Afinal, vives para ensinar.
Ensinar só não, vives a educar,
Com amor, serenidade e alegria.
Professor, és proteção e segurança,
Ensinamento e orientação.
Ensinas e orienta com o coração,
Iluminando a mente da criança.
Benditos mestres e mestras,
Que tornam livre uma nação.
Fazendo de cada indivíduo um cidadão,
Trabalhando sem horas extras.
No trabalho de cada professor,
Que hoje abraço com carinho,
Agradeço um pouquinho,
a dedicação desse herói educador.
Pedro Passamani
"Quem nunca sentiu o Amor, jamais conseguirá enxergar Poesia no desabrochar de uma flor"
Elisabete Leite
Imagens Diversas: Pixabay