Blog Maçayó
Edição Nº 483
LEITURA DE DOMINGO
NÃO FOI MINHA CULPA!
O clima estava penetrante, mesmo sendo verão, nuvens escuras e pesadas cobriam a linha do horizonte por toda sua extensão; parecia até que o céu era o informante de um presságio... Berta fechou o livro que estivera lendo, se dirigiu até a janela e puxou as cortinas esvoaçantes para minimizar o frio do final de tarde. Logo depois, a jovem senhora foi até a cozinha preparar seu chá para degustar com torradas, mas percebeu que o pote de torradas estava vazio, pegou a chave do carro e se dirigiu até a padaria mais próxima. Mas, o trânsito não estava favorável, pois devido ao tempo, havia vários focos de engarrafamentos. De repente, a chuva começou a cair com grande intensidade e Berta resolveu voltar para casa, deu a volta no quarteirão e parou no sinal que estava amarelo, quando sentiu um grande impacto, desceu do carro, olhou de lado e percebeu que havia atropelado um ciclista. Ela se dirigiu até ele, e disse-lhe:
- Jovem, desculpe-me! Não foi minha culpa! Não sei de onde você surgiu, repentinamente.
O rapaz tinha um olhar perdido na imensidão do tempo e estava com o braço direito bem machucado. Ele tentou se levantar mas não conseguiu. Olhou diretamente para a jovem senhora, e falou:
- Dona, fique calma! Eu não consigo me lembrar de nada.
Em poucos minutos, começou a juntar muita gente e um guarda de trânsito assumiu completamente o controle da situação, e começou o julgamento de praxe:
- Senhora, o que aconteceu? A dona moça deveria ter mais cuidado ao dirigir nos dias de chuva! A senhora não sabe dirigir direito?
Berta a essa altura já estava completamente desesperada, sem saber o que dizer. Olhou para o jovem guarda e respondeu-lhe:
- Senhor guarda, não foi minha culpa, eu não sei de onde esse rapaz surgiu.
Mas o guarda procurava culpar Berta, mesmo sem ter visto à cena, e ficou bombardeando a jovem senhora com colocações sem fundamentos:
- A senhora vai ter que pagar todos os danos causados à vítima acidentada.
A mulher chorava muito, e repetia sem parar: - não foi minha culpa!
Poucos minutos depois, Berta levou o rapaz para o hospital, deu-lhe todo o apoio possível, comprou-lhes remédios e deixou-o em casa sã e salvo. Levou a bicicleta dele para ser consertada no outro dia. Quando Berta chegou em casa já era tarde da noite e estava totalmente exausta. Bebeu um chá, sem torradas, e foi se recolher.
Já no outro dia, a jovem senhora acordou cedo, levou a bicicleta do rapaz para ser consertada, foi até a casa dele para saber como ele estava, porém antes passou em uma feira livre comprou diferentes frutas e foi tranquilizar o seu coração...
Chegando à casa do rapaz , ela teve uma grande surpresa. O jovem falou para Berta que tinha se lembrado de tudo que havia acontecido na noite anterior. Ele foi relatando detalhadamente o que aconteceu de fato, e disse-lhe:
- Dona moça, a senhora não teve culpa nenhuma! Eu tinha parado no acostamento para descansar, mas chovia muito, não vi seu carro no sinal e atravessei sem olhar, e assim minha bicicleta bateu de cheio na porta de passageiro do seu carro. A senhora não precisa pagar o conserto da minha bicicleta! Eu assumo toda culpa!
A mulher olhou para aquele jovem tão honesto e agradeceu-lhe:
- Meu amigo, assim já posso chamá-lo! Minha eterna gratidão! Eu repeti várias vezes: não foi minha culpa! Ninguém quis ouvir.
Mas, não precisa se preocupar, eu já paguei o conserto da sua bicicleta, amanhã ela estará pronta e nova de novo.
O tempo passou rápido... A jovem senhora Berta continuou sua rotina de vida, normalmente, porém nunca mais se esqueceu daquele fatídico acidente, e sempre que passava por aquele sinal, repetia para si mesma: não foi minha culpa!
Elisabete Leite
O clima estava penetrante, mesmo sendo verão, nuvens escuras e pesadas cobriam a linha do horizonte por toda sua extensão; parecia até que o céu era o informante de um presságio... Berta fechou o livro que estivera lendo, se dirigiu até a janela e puxou as cortinas esvoaçantes para minimizar o frio do final de tarde. Logo depois, a jovem senhora foi até a cozinha preparar seu chá para degustar com torradas, mas percebeu que o pote de torradas estava vazio, pegou a chave do carro e se dirigiu até a padaria mais próxima. Mas, o trânsito não estava favorável, pois devido ao tempo, havia vários focos de engarrafamentos. De repente, a chuva começou a cair com grande intensidade e Berta resolveu voltar para casa, deu a volta no quarteirão e parou no sinal que estava amarelo, quando sentiu um grande impacto, desceu do carro, olhou de lado e percebeu que havia atropelado um ciclista. Ela se dirigiu até ele, e disse-lhe:
- Jovem, desculpe-me! Não foi minha culpa! Não sei de onde você surgiu, repentinamente.
O rapaz tinha um olhar perdido na imensidão do tempo e estava com o braço direito bem machucado. Ele tentou se levantar mas não conseguiu. Olhou diretamente para a jovem senhora, e falou:
- Dona, fique calma! Eu não consigo me lembrar de nada.
Em poucos minutos, começou a juntar muita gente e um guarda de trânsito assumiu completamente o controle da situação, e começou o julgamento de praxe:
- Senhora, o que aconteceu? A dona moça deveria ter mais cuidado ao dirigir nos dias de chuva! A senhora não sabe dirigir direito?
Berta a essa altura já estava completamente desesperada, sem saber o que dizer. Olhou para o jovem guarda e respondeu-lhe:
- Senhor guarda, não foi minha culpa, eu não sei de onde esse rapaz surgiu.
Mas o guarda procurava culpar Berta, mesmo sem ter visto à cena, e ficou bombardeando a jovem senhora com colocações sem fundamentos:
- A senhora vai ter que pagar todos os danos causados à vítima acidentada.
A mulher chorava muito, e repetia sem parar: - não foi minha culpa!
Poucos minutos depois, Berta levou o rapaz para o hospital, deu-lhe todo o apoio possível, comprou-lhes remédios e deixou-o em casa sã e salvo. Levou a bicicleta dele para ser consertada no outro dia. Quando Berta chegou em casa já era tarde da noite e estava totalmente exausta. Bebeu um chá, sem torradas, e foi se recolher.
Já no outro dia, a jovem senhora acordou cedo, levou a bicicleta do rapaz para ser consertada, foi até a casa dele para saber como ele estava, porém antes passou em uma feira livre comprou diferentes frutas e foi tranquilizar o seu coração...
Chegando à casa do rapaz , ela teve uma grande surpresa. O jovem falou para Berta que tinha se lembrado de tudo que havia acontecido na noite anterior. Ele foi relatando detalhadamente o que aconteceu de fato, e disse-lhe:
- Dona moça, a senhora não teve culpa nenhuma! Eu tinha parado no acostamento para descansar, mas chovia muito, não vi seu carro no sinal e atravessei sem olhar, e assim minha bicicleta bateu de cheio na porta de passageiro do seu carro. A senhora não precisa pagar o conserto da minha bicicleta! Eu assumo toda culpa!
A mulher olhou para aquele jovem tão honesto e agradeceu-lhe:
- Meu amigo, assim já posso chamá-lo! Minha eterna gratidão! Eu repeti várias vezes: não foi minha culpa! Ninguém quis ouvir.
Mas, não precisa se preocupar, eu já paguei o conserto da sua bicicleta, amanhã ela estará pronta e nova de novo.
O tempo passou rápido... A jovem senhora Berta continuou sua rotina de vida, normalmente, porém nunca mais se esqueceu daquele fatídico acidente, e sempre que passava por aquele sinal, repetia para si mesma: não foi minha culpa!
Elisabete Leite
O SENTIDO DA VIDA
Naveguei por infinitos mares,
Em busca pelo sentido da vida
Refleti sozinha e bebi em bares
Querendo encontrar uma saída...
Virei a minh'alma pelo avesso,
Procurei dentro do meu interior
Sorri, chorei e paguei alto preço
Senti na oração o peso do louvor...
Vesti-me de esperança e sonhos
Busquei na minha essência à luz
Iluminando os tempos tristonhos
Encontrei na Fé meu amigo Jesus...
Tudo em minha vida ficou colorido
Dando sentido aos instantes meus
O jardim da minh'alma ficou florido
Com a presença do Amor de Deus!
Elisabete Leite
Naveguei por infinitos mares,
Em busca pelo sentido da vida
Refleti sozinha e bebi em bares
Querendo encontrar uma saída...
Virei a minh'alma pelo avesso,
Procurei dentro do meu interior
Sorri, chorei e paguei alto preço
Senti na oração o peso do louvor...
Vesti-me de esperança e sonhos
Busquei na minha essência à luz
Iluminando os tempos tristonhos
Encontrei na Fé meu amigo Jesus...
Tudo em minha vida ficou colorido
Dando sentido aos instantes meus
O jardim da minh'alma ficou florido
Com a presença do Amor de Deus!
Elisabete Leite
SORRISOS SEM RISOS
Foram tantos outonos matinais
Ah, tantas tardes sem o sol se pôr!
Muitos fevereiros sem carnavais,
Doces primaveras, sonhos de amor...
Tantos risos estampados no rosto
Carinhos, beijos e fortes emoções
O entardecer, as manias, os gostos
Uma saudade contida no coração...
Foram tantos invernos de solidão
E lágrimas que insistiam em cair
Um sol brilhante, porém sem verão...
Tantos lábios que não sabiam sorrir
Amor que sobreviveu por estações
E morreu na Primavera sem florir.
Elisabete Leite
Foram tantos outonos matinais
Ah, tantas tardes sem o sol se pôr!
Muitos fevereiros sem carnavais,
Doces primaveras, sonhos de amor...
Tantos risos estampados no rosto
Carinhos, beijos e fortes emoções
O entardecer, as manias, os gostos
Uma saudade contida no coração...
Foram tantos invernos de solidão
E lágrimas que insistiam em cair
Um sol brilhante, porém sem verão...
Tantos lábios que não sabiam sorrir
Amor que sobreviveu por estações
E morreu na Primavera sem florir.
Elisabete Leite
ENCONTRO DE POETAS
DECISÕES E SEGREDOS
Dá-me a certeza do que anseio saber
Palavras são palavras que ecoam ao vento
Quero atitudes que me ajudem a viver
Decisões que somem aos flagelos do tempo.
Aos recantos da alma, uns poemas de amor
Em versos e prosas pro poeta chorar
Na paz de um abraço, um sorriso, um olhar
Que se ajustem aos sonhos de um trovador.
O perfume das flores nas pontas dos dedos
Que ao toque nos corpos que anseiam gerir
Suspiros de amor dos antigos segredos
Me elevem aos céus e me façam sorrir!
Socorro Almeida
Recife, 15/01/2022
Dá-me a certeza do que anseio saber
Palavras são palavras que ecoam ao vento
Quero atitudes que me ajudem a viver
Decisões que somem aos flagelos do tempo.
Aos recantos da alma, uns poemas de amor
Em versos e prosas pro poeta chorar
Na paz de um abraço, um sorriso, um olhar
Que se ajustem aos sonhos de um trovador.
O perfume das flores nas pontas dos dedos
Que ao toque nos corpos que anseiam gerir
Suspiros de amor dos antigos segredos
Me elevem aos céus e me façam sorrir!
Socorro Almeida
Recife, 15/01/2022
TOLAS RECUSAS
E assim és tu, nesse teu amor gostoso
Palavras controladas, com medo de falar
Suspiros desvairados, tua boca a desejar
E eu fingindo o meu beijo te negar.
Nego muito mais, só pra te ver sorrir
Quanto tola eu sou, a me perder no tempo
Guardo tudo que é possível para o momento
Dessa tua loucura pra me possuir.
Expões tua nudez, descaradamente
Enquanto perco as forças e não mais reluto
Agora sou eu, de corpo e alma, nua...
Me agarro ao teu corpo, libidinosamente
Me resguardo do pudor, em um só minuto
Quantas vezes for possível ser somente tua!
Socorro Almeida
Recife, 11/03/2022
Amar, amar, amar e impedidamente
Em pugna querer o senso equilibrar
Enquanto tu existes em minha mente
Eu luto, contorço-me até me esfalfar
És força voraz maré de pensamento
Ponte inexistente, caminho do nada
Debato-me, afogo-me e só lamento
Balda e vã luta se faz nessa jornada
Alma que se debate em sentimento
Baldo, vida imersa no mar de perdição
Agitado batel em meio ao tormento
És mar revolto onde vaga meu coração
Sereia cujo canto o nauta perscruta
A fim de envolvê-lo no mar de emoção
Rio que passa
APENAS TU
Há dias que és Avassaladora
Como a fúria de um vulcão.
Em outros dias, és Brisa suave
Em noite de lua, no verão.
Em alguns momentos és a
Maluca
Mais apaixonante do recinto.
É a Doçura de fruta madura da estação.
És Rebelde, Insana, Valiosa...
Totalmente sem Juízo!
Em todo tempo é o Ser
Mais doce e mais Feliz do mundo!
E quando menos se espera chora.
Se descobre Imperfeita todos os dias.
Ainda assim és Amiga de todas as horas
A Parceira leal que alguém pode desejar.
O que mais almejas na vida é ser Amada
Na mesma intensidade
Como ver e encara a vida.
Entretanto és Mulher!
Tudo é peculiar a tua Natureza
Nesse vendaval de mistério.
Sol&Lua
O MELHOR DE CADA UM
Bom dia!
Boa tarde!
Boa noite!
São gestos tão simples e cheios de
Gentileza, afeição, simplicidade,
Condutas diárias!
Existem pessoas que, com seu simples
Chegar ilumina tudo
Apenas com sua presença
Somos dotados dos dons, que à vida oferece
Pois somos feitos a imagem e semelhança do Criador.
Todos carregamos essas características
Resta saber se queremos
Externar esse melhor.
A bondade, a tranquilidade,
A harmonia, a simplicidade e o Amor...
Exercendo todo dia, virtudes que existe dentro de ti.
Pense que para ser bom,
Não Precisamos de nada
E precisamos de tudo.
A essência do Deus que vive, em nós.
Sol&Lua
Naveguei por
TANTO MAR,
Pesquei PEDAÇO
DE MIM,
Quando ouvi
Tocar A BANDA,
Vi GENI
E O ZEPELIN
OLHOS NOS OLHOS:
DUETO,
Queria mesmo
um terceto
Você, eu e Tom
Jobim.
MEU CARO AMIGO,
O fim,
É dos FUTUROS
AMANTES,
O QUE SERÁ?
Diz aí,
Nada será como
Antes,
MEDO DE AMAR,
ABANDONO,
AMOR BARATO,
É dono,
Do DESALENTO,
Instantes.
Jocélio Francisco
A vida que se leva!
Ah! Com certeza e emoção,
Com um sentimento capaz
De um amor que satisfaz,
Numa firme demonstração
II
Do prazer que a vida nos faz,
Motivo de satisfação
De um passado em ação
Do poeta que se refaz
III
Pela força do trabalho
Ah! Com amor e carinho
Olhando sempre prá frente.
IV
Desde jovem que trabalho
Não esquecendo o espinho
Na essência, oh! Crescente!
Manoel Antônio Dos Santos
Guarabira-PB, 21/dez/2021
TANTO MAR,
Pesquei PEDAÇO
DE MIM,
Quando ouvi
Tocar A BANDA,
Vi GENI
E O ZEPELIN
OLHOS NOS OLHOS:
DUETO,
Queria mesmo
um terceto
Você, eu e Tom
Jobim.
MEU CARO AMIGO,
O fim,
É dos FUTUROS
AMANTES,
O QUE SERÁ?
Diz aí,
Nada será como
Antes,
MEDO DE AMAR,
ABANDONO,
AMOR BARATO,
É dono,
Do DESALENTO,
Instantes.
Jocélio Francisco
A vida que se leva!
Ah! Com certeza e emoção,
Com um sentimento capaz
De um amor que satisfaz,
Numa firme demonstração
II
Do prazer que a vida nos faz,
Motivo de satisfação
De um passado em ação
Do poeta que se refaz
III
Pela força do trabalho
Ah! Com amor e carinho
Olhando sempre prá frente.
IV
Desde jovem que trabalho
Não esquecendo o espinho
Na essência, oh! Crescente!
Manoel Antônio Dos Santos
Guarabira-PB, 21/dez/2021
É o fim
Acendo um cigarro, penso,
Medito, imagino, acredito
Não sei no que habita em mim,
No que penso, se é real.
Assim à vida me leva,
Indo prá onde não sei,
Só pensando, vou ficando,
Vou chegando ao fim.
Para trás as lembranças,
As saudades constantes
E também sem fim.
É um fogo ardente,
É vontade de ver alguém
Que a distância me impede.
É o fim!
Manoel Antônio Dos Santos
Jaguaribe - CE/1980.
SEGUNDA LEITURA
CASARÃO DE CRISTAL
Construí uma casa com proteção eletrônica
Câmera biônica e acomodações seculares.
Idealizei as portas supostamente abertas
Com fechaduras metálicas e travas elétricas.
Paredes e quartos seguramente secretos e olhos biônicos.
Piscina térmica com hidromassagem e controle eletrônico.
Detalhei a mais inusitada estrutura
Com designer Niemeyer de moderníssima arquitetura.
A princípio, idealizei-a toda em vidro
Temperado, detalhado e transparente.
Logo mudei de ideia e troquei por placas
Blindadas em vidro fumê, de fibras potentes
Finalizei com esse implacável material
Iluminação de mercúrio, fechaduras de onix
Com as dobradiças de metal!
As esquadrilhas de bronze, portas parafinadas
Com cobertura de cristal!
Totalmente segura para proteger meu mais valioso tesouro.
Teto solar, jardim estrelar e o pátio moderno
E decorado com turmalina.
Era pra ser uma casa de vidro cristalizado
Mas transformou-se num palácio imperial!
Uma corte linda, à luz de candelabros
Móveis requintados, revestida em ouro e prata fina.
Construí uma casa com proteção eletrônica
Câmera biônica e acomodações seculares.
Idealizei as portas supostamente abertas
Com fechaduras metálicas e travas elétricas.
Paredes e quartos seguramente secretos e olhos biônicos.
Piscina térmica com hidromassagem e controle eletrônico.
Detalhei a mais inusitada estrutura
Com designer Niemeyer de moderníssima arquitetura.
A princípio, idealizei-a toda em vidro
Temperado, detalhado e transparente.
Logo mudei de ideia e troquei por placas
Blindadas em vidro fumê, de fibras potentes
Finalizei com esse implacável material
Iluminação de mercúrio, fechaduras de onix
Com as dobradiças de metal!
As esquadrilhas de bronze, portas parafinadas
Com cobertura de cristal!
Totalmente segura para proteger meu mais valioso tesouro.
Teto solar, jardim estrelar e o pátio moderno
E decorado com turmalina.
Era pra ser uma casa de vidro cristalizado
Mas transformou-se num palácio imperial!
Uma corte linda, à luz de candelabros
Móveis requintados, revestida em ouro e prata fina.
Baltazar Filho.
Só
Na cidade, centenas de pessoas
Passam em minha frente.
Procuro um rosto amigo,
Um rosto conhecido
Só vejo espelho, dor, solidão.
Olho para os lados,
Procuro alguém;
Todos estão apressados,
Não prestam atenção.
Não escutam,
Seguem sem direção.
Apresso os passos,
Apressam os passos.
Isolo-me, isolam-me.
Estou só na multidão
Volto, revolto.
Faço o percurso que já fiz
Tantas vezes que não levam
A lugar nenhum.
E ao chegar, lá já estava,
Já me encontrava,
Só.
Jorge Leite
Quietude
A alegria toma conta de minh' alma,
A natureza segue seu ciclo
Envolve-me.
Nada faço. Acompanho,
Sigo em frente,
Não me deixo abater.
As peças do tabuleiro são mexidas,
Ninguém perde,
O jogo não terminou.
Não haverá perdedores,
Nem empate,
Ambos sairemos vencedores.
Novos passos são dados sempre em frente,
Paramos para descansar
Tomo folgo, contínuo.
Não tem como recuar.
Não há volta no percurso.
É seguir, seguir.
Adiante o sol brilha iluminando o caminho,
Não há sombras nem passado,
O futuro é hoje.
Mãos dadas, passos firmes.
Em volta tudo é harmonia
Há quietude no coração.
Juntos seguimos o mesmo ritmo,
A mesma direção.
Corações quietos,
Quietude no existir.
O ciclo segue,
Agora seguimos juntos.
Jorge, SP 19/07/1991
IMAGENS:Outono