Edição Nº 486
A seca castigava aquele pequeno vilarejo, localizado em uma cidadezinha no sertão de Pernambuco. Lá a cultura do milho tinha grande importância para os moradores, pois era o único meio de sobrevivência para eles.
Os habitantes daquele lugar já não sabiam como minimizar os prejuízos provocados pela seca. Com a falta de chuva, as plantações de milho precisavam de irrigação para crescer e, o investimento era muito alto... O Senhor Joaquim dono de um pequeno sítio denominado, Porteira Quebrada, estava desesperado, pois tinha perdido toda safra de milho, do ano anterior. Naquela época do ano, os milharais deveriam estar ocupando o terreno da propriedade, mas a palma e o mato tomavam conta do sítio do agricultor, já que ele não havia plantado por causa da falta d'água e de investidores. A ação do agricultor era pertinente, tendo em vista que, já aproximadamente três meses não chovia no sertão, um pingo d’água sequer. O pequeno lago artificial próximo ao sítio já estava totalmente vazio. Era mais uma preocupação para ele; como mataria a sede dos poucos animais que sobreviveram à estiagem do ano passado. No pequeno sítio tinha uma vaca magra e sofrida, mas muito boa leiteira, e duas galinhas com alguns pintinhos. Temporariamente, era com a venda do leite que o Senhor Joaquim alimentava toda sua família.
O sol, ainda, não havia resplandecido no horizonte, mas o Senhor Joaquim já estava sentado em frente ao terraço, meditando e buscando soluções para o problema da seca. Sua esposa, Dona Olívia, aproximou-se devagar, e disse-lhe:
- Marido, você não vai tomar seu café?
- Mulher, estou preocupado demais, com essa estiagem, a água está escassa para os animais beberem. Assim, nossa vaquinha não dará leite suficiente para a comercialização. Como vamos sobreviver?! Questionou Senhor Joaquim.
E quase chorando, ele continuou falando:
- Você sabe que arrendei nosso sítio, quando foi preciso construir esse lago artificial, que hoje está quase vazio e somente trouxe prejuízos para nós.
A mulher não conteve o choro, tinha um olhar de tristeza, e seus olhos estavam emaranhados pelas lágrimas que escorriam sem controle.
Ela olhou fixamente para o marido, e disse-lhe:
- Meu velho, vamos tomar nosso café?! Tem um pouco de leite e cuscuz na cozinha.
O casal tinha um único filho, com dois aninhos de idade, o pequeno Gabriel, que até parecia um anjinho e precisava muito de uma saudável alimentação... Já ao redor da mesa, Dona Olívia falou:
- Vamos embora para São Paulo, marido, em busca de um sonho promissor?
- Mulher, deixe de besteira! Aqui temos um pedacinho de chão e o nosso casebre. Respondeu-lhe o marido.
E Dona Olívia olhou serenamente para ele, e disse-lhe com precisão:
- Para que serve, um sítio arrendado, uma plantação de milho perdida e meia dúzia de animais quase mortos, por causa da seca.
O homem saiu correndo, em disparada por entre as palmas, sem rumo certo. Só se ouvia o choro penoso de fome, do pequeno Gabriel. Depois de muito correr, ele parou e fixou seu olhar no vazio do pasto. E passou pela porteira escancarada e quebrada desde o tempo do seu avô Tião. Já cansado da correria, ele avistou de longe a vaquinha caída e percebeu que o animal estava morto. O mundo desabou para ele que procurou chão e não encontrou, e pensou: “Como vou alimentar minha família? Não posso continuar assim; tenho uma família para sustentar!" Saiu cabisbaixo à procura de um local para enterrar o pobre animal que jazia no terreno seco. Sobraram apenas duas galinhas, quatro pintinhos e um sítio arrendado. Com muita tristeza o homem enterrou a vaquinha e dirigiu-se ao casebre. Viu sua esposa chorando junto ao fogão, e foi logo dizendo:
- Mulher, tomei uma decisão, vou entregar o sítio ao banco, vender os animais e viajaremos, em retirada, para São Paulo. E assim, aconteceu!
Certa manhã, eles viajaram na carroceria de um caminhão em busca de um sonho promissor. Deixaram para trás uma vida inteira de muito trabalho.
O tempo passou... Em São Paulo, o Senhor Joaquim conseguiu um destinto emprego, dona Olívia passou a trabalhar de costureira e Gabriel deu continuidade aos seus estudos até se formar. Eles moravam em uma casa modesta, bem colorida e acolhedora. Nunca mais voltaram ao Sertão, o sítio fazia parte de um passado, mas às recordações permaneceram por muitas gerações. História que foi passada de pai para filho.
Elisabete Leite
A Seca no Nordeste
Dentre os muitos aspectos apresentados pela Região Nordeste o que mais se destaca é a seca, causada pela escassez de chuvas, proporcionando pobreza e fome.
A partir dessa temática é importante entender quais são os fatores que determinam o clima da região, especialmente na sub-região do sertão, região que mais sofre com a seca.
Sertão nordestino apresenta as menores incidências de chuvas, isso em âmbito nacional. A restrita presença de chuva nessa área é causada basicamente pelo tipo de massa de ar aliado ao relevo, esse muitas vezes impede que massas de ar quentes e úmidas ajam sobre o local causando chuvas.
No sul do Sertão ocorrem, raramente, chuvas entre outubro e março, essas são provenientes da ação de frentes frias com característica polar que se apresentam e agem no sudeste. As outras áreas do Sertão têm suas chuvas provocadas pelos ventos alísios vindos do hemisfério norte.
No Sertão, as chuvas se apresentam entre dezembro e abril, no entanto, em determinados anos isso não acontece, ocasionando um longo período sem chuvas, originando assim, a seca.
As secas prolongadas no Sertão Nordestino são oriundas, muitas vezes, da elevação da temperatura das águas do Oceano Pacífico, esse aquecimento é denominado pela classe científica de El Niño, nos anos em que esse fenômeno ocorre o Sertão sofre com a intensa seca.
A longa estiagem provoca uma série de prejuízos aos agricultores, como perda de plantações e animais, a falta de produtividade causada pela seca provoca a fome.
Vegetação
No Sertão e no Agreste o tipo de vegetação que se apresenta é a caatinga, o clima predominante é o semiárido, esse tipo de vegetação é adaptado à escassez de água.
Algumas espécies de plantas da caatinga têm a capacidade de armazenar água no caule ou nas raízes, outras perdem as folhas para não diminuir a umidade, todas com o mesmo fim, poupar água para os momentos de seca.
Rios temporários ou sazonais
Os rios que estão situados nas áreas do Sertão são influenciados pelo clima semi-árido, dessa forma não há grande incidência de chuvas.
A maioria dos rios do Sertão e Agreste é caracterizada pelo regime pluvial temporário, isso significa que nos períodos sem chuva eles secam, no entanto, logo que chove se enchem novamente.
Nas regiões citadas é comum a construção de barragens e açudes como meio de armazenar água para suportar períodos de seca.
Por: Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
https://brasilescola.uol.com.br/amp/brasil/a-seca-no-nordeste.htm
RETIRANTE
Retirante é o termo que se refere à pessoa ou grupo que abandona a sua terra por causa da seca e da miséria em busca de uma localidade que lhe dê melhores condições de vida. Foi amplamente usado no Brasil para se referir a nordestinos que migravam para as grandes cidades do Sul–Sudeste brasileiro, fugindo das secas. Wikipédia
Andanças!!!
Quando por fim cai o véu da ilusão,
Nos picadeiros ou nos palcos dessa vida,
E nos remete uma história não vivida,
Os castelos de areia vão-se ao chão.
Quando enfim, a história fica sem ação,
Chega e se entrega, por fim será vencida.
Nos desencontros de cada avenida
Que em passados jamais se remeterão.
Sendo assim, um acaso em cada fim,
Reavivará um outro não, sem outro sim,
Promovendo nessa história outro ideal.
E ainda que aceitemos que pecamos,
Pagaremos pelos erros o que passamos,
Pra que a vida nos oferte outro final.
Invertidas do amor
Será assim: Se queres ir, te deixo ir.
Não existe mais um horizonte à nossa frente.
Se o desamor nos tornou indiferentes,
E já paramos de pensarmos no porvir.
Quando a desunião acabou, sem se unir
E o tempo o torna inacabado, indiferente,
Não haverá mais o lado a lado que se sente.
Se o tudo que nos resta é desistir.
E esse amor que um dia nos uniu,
Criou asas, decolou, mas sucumbiu,
Nos fez Ícaro buscando outro final.
Hoje sabemos, valeu o que vivemos,
Onde um com o outro erramos e aprendemos
A diferença entre o eterno bem e o mal.
Mãos e pés atados
Peito magoado
Estradas e caminhos tortos
Bocas em silêncio
Braços poderosos
As luzes da cidade
Impedem o brilho das estrelas.
Quer comer, não come
Quer sentir, não sente
Quer dormir, não dorme
Mas, ninguém socorre.
Elias dos Santos.
Anamorfose
Distorcidas imagens que o poder desfoca
Na ideologia de um país moderno
Escondem apenas dentro do seu terno
A podridão que tanto nos sufoca.
São fantasmas passeando ao meio-dia
lepidópteros ao redor de uma vela
Cada um tramando sua rebeldia
Como um pintor que abandona sua tela.
Com sorrisos e com ar de lealdade
Como um espelho que a imagem recompõe
Prometem coisas, permitem que o povo sonhe
Mas, no entanto, só distorcem a verdade.
Reconstruir a figura do país
Só com as lentes que se possa captar
A imagem que o povo sempre quis
Ver, sentir e viver para acreditar.
Falam das matas, rios e ecologia
Reúnem o mundo para que todos possam ver
Põem no papel essa falsa ideologia
Prometem mágicas que eles não sabem fazer.
Reeduquem-se o princípio e a moral
Elaborando um artigo no congresso
fazendo jus ao título "ordem e progresso"
Que está escrito na bandeira nacional.
Elias dos Santos.
Assim como eu sou teu tapete de luxo
Sou a cama macia dos teus dissabores
Sou a tristeza de um abraço que amacia
Sou o martírio dos teus sombrios amores.
Nada mais tens que um sorriso amargado
De um alguém que todos os anseios perdeu
Em troca de um amor daquele passado
Que vive no coração que nunca foi teu.
Este coração, que tanta angústia suporta
Em troca da voz que muito me encanta
Do tapete de luxo que meu amor esqueceu
Tão pisado e abatido nos cantos da porta!
Socorro Almeida
Recife, 23/12/2021
SE VALER A PENA
São as amarguras que o abalam
Ou seu espírito pequeno e sem fé...
Estão na alma os seus desencantos
Ou a incompetência em se manter de pé?
Se está no passado um bom recomeço
Retorne agora a tudo que deixou
Ali onde você errou, pague então o preço
Pra merecer o amor que você negou.
Não se aflija, tudo tem começo e fim
É o ciclo da vida, no vai e vem sem parar
E tudo aquilo que você teve de mim
Terá de outro alguém, você verá!
Quanto a mim... me cabe apenas resolver
O que meu coração não pôde perceber
Se o que sinto vale a pena preservar
Ou se resguardo esta saudade de você!
Socorro Almeida
Recife, 12/01/2022
SOL
Por: Baltazar Filho
Ao distribuir raios luminosos
Irradiando o altar celestial
Espalha seus fios ionizantes
No campo magnético espacial
Um desfile cósmico estrelar
Pelas cadeias do hemisfério
Produzindo a energia solar
Em gigantescas placas de ferro
Majestosa galáxia dourada
Astro luz, rei dos planetas
Desfila seu brilho na estrada
Na eletricidade da natureza.
Em, 02/04/2022
LUA
Por: Baltazar Filho
Circunferência de infinita grandeza
Estrela da noite de brilho maior
Lua, cristal de reluzente beleza
Inebriante igual ao brilho do sol.
Resplandecente e deslumbrante
Sua luminosidade contorna o horizonte
És um planeta de raios eletrizantes
Tens a forma de São Jorge no seu semblante.
Teus raios desfilam no contingente
Num tapete de nuvens magnéticas
A tua silhueta reluz todos os continentes
Estrela plangente de poderosa esfera.
Em, 19/08/2022
Presidente da ACEG
Lembro-me ter recebido um impresso, cujo título reproduzo acima, quando de meus idos tempos do BNB. O início de minha vida bancária se deu na cidade de Iguatu - CE, em 1967. Acredito ter sido ali que tive a oportunidade de ler a presente mensagem.
Qual a importância dessa mensagem?
Trata-se de uma fábula clássica de uma atualidade impressionante. O texto foi escrito no século XIX pelo jornalista norte-americano Elbert Hubbard se emprega nos ambientes corporativos, onde se espera que cada um cumpra suas obrigações, dando conta do recado. Fazendo as coisas acontecerem dentro dos princípios da moral e da ética.
Diz o autor que a ideia original veio de um argumento de seu filho, sustentando ser Rowan o verdadeiro herói da Guerra de Cuba. Rowan deu conta do recado e entregou a mensagem a Garcia. Partindo da ideia original, o autor, a princípio, não se deu conta da importância do texto até quando começou a receber pedidos de reprodução do mesmo e foi traduzido para várias línguas.
Transcrevo parte da mensagem para melhor compreensão:
“Em todo este caso cubano um homem se destaca no horizonte de minha memória.
Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se com Chefe dos insurretos, Garcia, que sabiam encontrar-se em alguma fortaleza no interior cubano, mas sem que se pudesse dizer exatamente onde. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente precisava de sua colaboração o mais rapidamente possível.
O que fazer?
Alguém lembrou: “Há um homem chamado Rowan, e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan”. Então, o Rowan foi apresentado ao Presidente que lhe confiou a carta para ser entregue ao General Garcia. Tomando a carta, envolveu-a com material impermeável, “e nem sequer perguntou: Onde ele está?” E começou a embrenhar-se no sertão cubano para depois de três semanas , após o enfrentamento de todas as adversidades, entregá-la ao destinatário
“Salve! Viva! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é somente de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem somente de instrução sobre isto e aquilo. Precisa sim de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma “Mensagem a Garcia”.
Será que hoje estamos precisando de gente como Rowan em todas as atividades, sejam elas públicas ou privadas?
É de suma importância que cada um de nós faça uma reflexão a respeito do assunto, conscientizando-nos de nossa responsabilidade de não fazer apenas o que lhe pede: Faça o que tem de ser feito e vá além. Precisamos de pessoas com iniciativas e proativas.
Precisamos de pessoas capazes de levar uma mensagem para Garcia.
Guarabira-PB, 12/abril/2014.
*Mensagem a Garcia é um ensaio escrito por Elbert Hubbard e que se transformou em dois filmes. Foi inicialmente publicado como um enxerto sem título para a edição da revista Philistine de março de 1899, que ele editava, mas logo foi reeditada como um panfleto e um livro. Wikipédia
Buscando a varanda. Então,
Há razões para tal fato?
Sim! Com certeza para o ato,
Vontade de ver alguém de montão.
II
De um amor apaixonante
Que nem o tempo nunca desfez
Perseverança e amor. Talvez
No compromisso confiante.
III
Eis a razão de tal varanda
Só o amor justifica e tal
Atitude não costumeira.
IV
E a verdade assim desanda
De um amor tão sentimental,
Além de tudo companheira!
Manoel Antônio Dos Santos
Guarabira-PB, 17 de Janeiro de 2022.
Cadê a moça da varanda,
Viajando sim com certeza,
Para o sertão, que beleza
Cidade linda e veneranda.
II
Cajazeiras do Pe. Rolim
Da Paraíba és a mestra
Cultura das letras na palestra,
Rogo-lhe a proteção, enfim!
III
No buscar dos sertões veredas,
Fazendo uma boa viagem,
Prazer de todo viajante.
IV
Pensando bem, as labaredas
Do amor ardente e coragem,
Do esplendor tão borbulhante.
Guarabira-PB, 19/janeiro/2022 -
Manoel Antonio.