Edição nº 500
Era início da Primavera, clima agradável, olores das flores trazidos pelo vento, uma aquarela de tons e cores tingindo toda paisagem, enquanto o orvalho molhava à Flora ao despertar de um novo dia. Realmente, um cenário primaveril que floriu!
Eduardo Jorge era um rapaz que amava a natureza; íntegro, inteligente, pesquisador e muito responsável. Um estudante de Biologia que cultivava orquídeas no próprio quintal de casa, tinha um modo todo especial de cuidar delas (procurava recriar um ambiente natural da orquídea, utilizando vasos de barro ao invés do plástico) e depois, as comercializava no sinal próximo da faculdade de onde estudava, na intenção de arrecadar fundos para viajar e conhecer a floresta amazônica. O rapaz tinha um grande sonho, que era o reflorestamento dos campos atingidos pelo desmatamento. (Sabe-se que a exploração dos recursos naturais acontece desde os primórdios da humanidade. Contudo, na medida em que a sociedade desenvolveu-se, essa exploração intensificou-se, colocando em risco o equilíbrio do planeta e comprometendo o suprimento das gerações futuras). Eduardo Jorge sonhava muito alto em relação ao tamanho da problematização em "tela". Mas sendo um jovem promissor, que não costumava abandonar um sonho sem realizá-lo, corria sempre na busca de meios para conseguir alcançá-lo, ou ao menos, se inteirar mais sobre o assunto, podendo contribuir de alguma forma. Eduardo era moreno escuro, cabelo encaracolados e olhos negros, tinha muito respeito pela cor herdada dos seus avós e fazia de tudo para honrá-la. As orquídeas eram o segundo amor da vida dele porque o primeiro era o reflorestamento das áreas desmatadas.
Certo dia, Eduardo Jorge estava comercializando suas orquídeas, como de costume, no mesmo sinal próximo a faculdade quando ouviu alguém falando com ele, e disse-lhe:
- Olá, sou Felipe, bom dia! Sou gerente de uma floricultura. Podemos conversar um pouco?
Eduardo olhou diretamente nos olhos de Felipe, e respondeu-lhe:
- Bom Dia, Senhor Felipe! Sim, podemos conversar. Vamos para um lugar mais tranquilo.
Os dois se afastaram do local e foram para uma cafeteria próxima dali. Já na cafeteria Felipe explicou para Eduardo Jorge como o rapaz poderia ajudá-lo. E assim, convidou Eduardo para comercializar as orquídeas diretamente com a floricultura na qual ele trabalhava, sem que o rapaz precisasse se expôr tanto aos perigos da rua. Entre conversa vai e conversa vem, Eduardo Jorge falou para Felipe do seu grande sonho: "o reflorestamento das áreas desmatadas". Felipe disse-lhe que poderia ajudá-lo de alguma forma. Felipe ainda falou que trabalhava na floricultura apenas um expediente e que no outro era funcionário público da Prefeitura, e lotado na área de arborização urbana e paisagismo com utilização do Pau-Brasil (As espécies de árvores nativas como o PAU-BRASIL são muito indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos ou plantios domésticos). Eduardo Jorge ficou encantado com tudo e muito feliz por ter conhecido Felipe; logo depois da conversa, ele se despediu e no outro dia ficou de procurar Felipe na floricultura.
Sendo assim, Eduardo Jorge aceitou o convite de Felipe e passou a entregar às orquídeas diretamente na floricultura, e ao mesmo tempo, buscou conhecer mais sobre o tema arborização urbana. Pouco tempo depois, Eduardo passou a fazer parte de uma ONG denominada "Vamos Arborizar". Dando início a construção de parte de seu sonho.
O tempo passou rápido... No período de férias da faculdade, o jovem Eduardo Jorge aproveitou para conhecer a floresta amazônica e levou com ele algumas mudas do Pau-Brasil, doadas pela Prefeitura, e pessoalmente plantou as mudas em uma área devastada pelo desmatamento. Um grande sonho que foi se construindo através de uma ação promissora. Eduardo se orgulhava de fazer parte da preservação da natureza, ele não podia reflorestar todo o planeta, mas podia plantar e praticar a sua ideia.
Elisabete Leite - 22/07/2022
Quem sou eu?
Sou água que corre pelos rios
Riacho que deságua no oceano
Sol que alumia o dia e aquece do frio
Lua que ilumina a escuridão da noite
Ponto qualquer que preenche um vazio...
Quem sou eu?
Estrelas que formam uma constelação
Planetas que habitam o Universo
Todo esplendor de cada nova estação
Rosas que perfumam os jardins
O imenso amor sentido no coração...
Quem sou eu?
O libertar do oxigênio ao meio ambiente,
Que provoca a renovação do ar puro
O alimento com o seu essencial nutriente
Toda espécie de animal no espaço terrestre
Nascer de uma vida que nos deixa contente...
Quem sou eu?
Uma extensão de água salgada, o mar
O aroma da chuva quando molha a terra,
Quando produz o alimento para o nosso lar
O nascer e pôr do sol na linha do horizonte
Grandiosidade de um sentimento que é amar...
Quem sou eu?
Aquela que tudo brota e produz com riqueza
Uma Mãe que cuida dos filhos, sem distinção
Sou área livre e habitável, repleta de beleza,
Que doa o alimento para ser posto na mesa
O verde das matas, me chamo Mãe Natureza.
Elisabete Leite
“Nas flores de perfumes imanentes;
Nos densos arvoredos verdejantes;
Nas brisas de massagens relaxantes;
Nos pássaros de cantos refulgentes.
Nos rios de profundezas opulentes;
Nas feras de rugidos trovejantes;
Nos fungos arejados penetrantes;
Nas presas venenosas de serpentes.
Na selva celebrada tropical;
Na fama de nitente frutescência;
Na terra de inerência divinal.
No ataque por feroz sobrevivência;
No banho sob o cântico invernal:
Revela-se a amazônica potência!”
@marujo_poeta
Medo de não te ver de novo
Nadando nas águas claras do oceano
De sucumbir espécies, todo o povo
Que se extinguem um pouco a cada ano.
Tolhido por inteiro nesse estorvo
Não absorvo, não aceito o engano
De que está tudo certo e me envolvo
Sou Natureza, sou guerreiro espartano.
Mas sozinho, como hei de lutar?
Chamarei um beija-flor para ajudar
Alertando a todos do iminente perigo.
Afinal, cada animal que se vai
Cada árvore que tomba, cai
Leva-me também consigo.
(Diógenes de Brito)
Folhas verdes
Que balançam
Ao comando do vento
Inspirando poetas.
Frutos que saciam
Minha sede
Com um sabor
Incomparável.
Sombra, onde descanso
O meu cansaço
Adormecendo ao som
Do movimento
Das suas longas ramagens
Cujo maestro invisível
Faz-se ouvir e sentir.
Assim é o coqueiro
Imponente e majestoso
Não o maior
Por ser alto
Nem o mais bonito
Por suas cores
Nem tão pouco o melhor
Pelos os frutos que nos dá
Mas, sim
Um presente da Natureza
Para todos nós.
Diógenes de Brito
Numa tela de esperanças
Pintamos um sonho sem igual
Com os pincéis da adolescência
Rabiscamos um desejo fora do normal
Na vontade de pintar uma paisagem real
Transformamos as cores numa arte surreal
E você desenhou em minha cabeça
Um momento colorido, um prazer escorrido.
Inspirada em Picasso, na tela da beleza.
Alimentando-nos, inspirados naquela hora.
Saciamos os nossos desejos em linhas tortas.
Deitaste, em meus braços, com uma leveza.
Envolvidos nos rabiscos de uma linda obra.
Baltazar Filho
15 de abril de 1986
Vejo que visitaste as bromélias no alvorecer da primavera e ainda não foste contemplar os lírios do campo.
Minha dócil Açucena, és real, mágico é o teu encanto, exalas um perfume com um aroma suave e brando.
Destaca-se como a flor mais bela do jardim celestial, mais cheirosa que a alfazema, mais formosa que um jasmim.
Dos teus delírios é que alimento a minha alma, e acalmo a fúria do teu prazer, para suprir o desejo da carne e sanar a tua dor.
Que torna-me refém dos teus caprichos, cúmplice dos seus gemidos, numa cópula desesperadora.
Se dos delírios que te veste a alma e delineiam no teu corpo as manobras palpitantes que acende o meu fogo com as faíscas do teu calor.
Morde com frenesi esses lábios carnudos que te beijam, num ato devorador, e adormeces sussurrando nos meus ouvidos, sonetos atrevidos, lindos versos de amor!
E se ainda ficaste com saudades dos lírios e a tua fome não mataste!
Foi por não perceber que deixaste fenecer no campo as bromélias e os lírios pelas orquídeas trocaste.
Baltazar Filho
25 de abril de 2021
Eu sou a terra com seus rios e oceanos
És meu satélite que me rodeia sem parar
Não dá pra ignorar, então, os teus encantos
Mas foges de mim com esse tal de Luar.
Que ciúme eu tenho dessa tua capacidade
De se doar por inteira ou pela metade
Fazendo os amantes morrerem de saudade
Quando te escondes sem dó e sem piedade.
Enquanto reapareces no céu toda iluminada
Eu, no meu subsolo me sinto estremecer
Tiram de mim o alimento para sobreviver
Mas não tenho a luz que me deixe enamorada.
Sou as montanhas que abrigam os animais
As árvores onde dormem os passarinhos
As fontes que saciam a sede dos humanos
Mas nunca a luz que ilumine os meus caminhos.
Eu abrigo os ventos, ciclones, tempestades
Pérolas, rubis, safiras e diamantes
Enquanto iluminas as noites solitárias
Eu me aqueço no calor dos teus amantes!
Socorro Almeida
Recife, 2018
Extraído do Livro Mulher de Todas as Rimas, Ehs Edições.
Nunca a humanidade foi tão solitária
Mas o que Deus nos deu de inteligência
Esquecemos o que de graça tivemos nas mãos.
Será que de repente tomamos ciência
De que para salvar a humanidade
Devemos ter a cura de nossa consciência?
Destruímos o Paraíso belo e perfeito
De tudo tínhamos para nossa sobrevivência
Debochamos do amor do Filho amado
Ignoramos o maior dos dez mandamentos
O Décimo, que nos valia o céu abençoado
E foi na cobiça, na ganância o nosso maior pecado!
Hoje imploramos a Deus por Seu perdão
Pois nem o trigo vamos ter pra repartir o pão
A Natureza hoje morre, mas reviverá
E quanto a nós? Nunca mais vamos voltar!
Socorro Almeida
Recife, 2020
Extraído do Livro Sonhos de Mulher, da Editora Clube de Autores - Joinville/SC
Joseraldo Silva Ramos
Quando os teus olhos se encontram com os meus
Eu vejo neles o brilho da tua íris,
Onde o breu se transforma em arco-íris,
Nesse momento, eu já não sou tão Eu.
O teu sorriso preenche o universo
Com o tom das cores mais intensas,
E me pergunto, será que em mim pensas?
Se não pensares, do pensamento disperso.
Quando caminhas, bailas como bailarina
Num movimento de mulher, mesmo menina,
És um exercício de encantar os corações.
Bendigo a sina de viver no teu universo,
Levando a vida prosa a prosa, verso a verso,
Extasiado em um turbilhão de emoções.
Nossa caminhada, pela vida,
É sempre assim...
Mudam-se os estágios
Mas a vida não tem fim...
Somos nossas Almas,
E elas não podem morrer...
São eternizadas,
Têm que se entender...
Se Estamos, agora, na matéria,
Pode crer...
Que, quando morrermos,
Vamos, logo, renascer!
E o nosso caminho, nas estrelas,
Nos seduz…
A sermos tranquilos,
Conservando a nossa luz...
Pois ela é imortal,
E precisamos aprender,
Que o Amor...
É o que nos faz, "Resplandecer"!!!
❤️Tásia Maria
Jogar com a vida nos traz
Várias cartas de angústia...
Que nenhum "blefe", jamais,
Ganhará, mesmo com astúcia...
O jogo da vida é sério
Ninguém pode falsear...
Por mais matreiro que seja,
O jogador tem que lutar!
E às vezes em cartada errada,
Perde-se uma partida...
Vão-se embora as esperanças,
Perdidas, no jogo da vida...
De quem foi muito inocente,
E não imaginou jamais...
Que no jogo duro da vida,
Só vence, quem é capaz!!!
❤️Tásia Maria
Nome Científico: (Leguminosae – Caesalpinoideae), Pau-Brasil
Nomes Populares: Arabutã, Brasilete, Árvore-do-Brasil, Ibirapitanga, Ibiripitinga, Imirá-Piranga, Muirapiranga, Orabutã, Pau-Pernambuco, Pau-Rosado, Pau-Vermelho e Sapão.
Nomes no Exterior: Brazil Wood e Pernambuco Wood.
Características: O Pau-Brasil é uma espécie arbórea com até 12 m de altura e 40-70 cm de diâmetro. Relatos da literatura indicam que no passado chegava a ter 30 m de altura. Planta espinhenta com folhas compostas bipinadas de 10-15 cm de comprimento, 5-6 pares de pinas de 8-14 cm de comprimento; folíolos em número de 6-10 pares por pina, com 1-2 cm de comprimento.
Locais de Ocorrência: Distribui-se no litoral, entre os estados do Ceará ao Rio de Janeiro na floresta pluvial Atlântica, sendo particularmente frequente no sul da Bahia.
Solos: Ocorre naturalmente nos tabuleiros do Pliopleistoceno do Grupo Barreiras. Estes solos geralmente apresentam baixa fertilidade química natural, são bem drenados e apresentam textura que varia de arenosa e franca.
Madeira: Muito pesada, dura, compacta, bastante resistente, de textura fina, incorruptível, com alburno pouco espesso e diferenciado do cerne. Empregada somente para confecção de arcos de violino. Outrora foi muito utilizada na construção civil e naval e, trabalhos de torno. Entretanto, seu principal valor residia na produção de um princípio colorante denominado “brasileína”, extraído do lenho, usado para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. A exploração do Pau-Brasil intensa gerou muita riqueza ao reino e caracterizou um período econômico de nossa história, que estimulou a adoção do nome “Brasil” ao nosso país.
Aspectos Ecológicos: Planta semidecídua característica da floresta pluvial atlântica. Ocorre preferencialmente em terrenos secos e inexiste na cordilheira marítima. É típica do interior da floresta primária densa, sendo rara nas formações secundárias. Floresce a partir do final do mês de setembro, prolongando-se até meados de outubro. A maturação dos frutos ocorre nos meses de novembro-janeiro.
As espécies de árvores nativas como o PAU-BRASIL são muito indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos ou plantios domésticos. O reflorestamento, por exemplo, corresponde a implantação de florestas em áreas que já foram degradadas, seja pelo tempo, pelo homem ou pela natureza.
Já quando há a finalidade de arborização urbana ou paisagismo, é necessário avaliar o espaço em que a muda será plantada para que não haja problemas com a fiação elétrica ou rachaduras na calçada.
No viveiro do Instituto Brasileiro de Florestas é possível encontrar mudas de árvores nativas produzidas em tubetes plásticos de diversos tamanhos. Todas com a certificação no Registro Nacional de Mudas e Sementes – RENASEM.
Pesquisa:
https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas/pau-brasil
Quem
Sou
Quando perguntam quem sou
Olho para o azul do céu,
Sinto o verde do mar,
As partículas poluentes do ar,
Os andarilhos sujos nas estradas,
O povo na rua.
Então respondo:
Sou tudo isto,
Isto tudo eu sou.
Quando perguntam quem sou
Sinto as lágrimas de uma criança,
Vejo-me nas chagas de um irmão,
Encontro-me nas rugas da vida,
Sinto o pulsar de teu coração.
Sinto saudade do adeus,
A liberdade de ir e voltar,
Então respondo:
Sou tudo isto,
Isto tudo eu sou.
Quando perguntam quem sou
Não mais digo meu nome,
Nem minha profissão,
Não digo a idade.
Olho apenas para os lados,
Sinto o que se passa em volta,
Então respondo:
Sou tudo isto ao meu redor,
E tudo ao meu redor eu sou.
Jorge Leite