Crianças

Blog  Maçayó

Edição   nº 510

 Tema das Imagens: Crianças

 

 LEITURA   DE   DOMINGO

RENASCIDO DAS CINZAS

           Era uma manhã primaveril, o vento soprava ameno e o sol brilhava tanto, como se quisesse fugir do céu, ele parecia tão próximo da terra como se houvesse um elo de ligação entre sol e terra. De repente, o astro rei se agigantou, formou um círculo ardente e deixou cair uma bola de fogo no coração da floresta. Próximo dali o jovem lavrador, Pedro da Silva, estava preparando a terra para o plantio de milho. Sentiu-se tonto, sentou no chão e ficou recordando as suas aventuras do tempo de outrora. Na adolescência foi extremamente apaixonado pela Mitologia Grega e fascinado pelos lendários do Folclore brasileiro. Juntamente com sua prima Salomé, que atualmente morava fora do Brasil, tiveram a chance de vivenciar muitas aventuras, mas essas aventuras faziam parte de seu passado. Foi como se Pedro tivesse sido transportado para uma outra dimensão, olhou para um lado para o outro e resolveu voltar para casa já que continuava se sentindo estranho. Adentrou no coração da floresta, foi quando viu algo luminoso à sua frente, parecia um ovo gigantesco. Logo, ficou dialogando consigo mesmo: "uau, que animal nasceria deste ovo brilhante?! Nunca vi nada igual!" Procurou se aproximar devagar; o tal ovo luzia tanto, que parecia até, uma Lua cheia a brilhar no espaço. De repente, o ovo quebrou-se e faíscas de um fogaréu alaranjado começaram a ser liberadas, o brilho ofuscava a sua visão. Pedro passou as mãos pelos olhos, na intenção de enxergar melhor; como em um passe de mágica, o ovo desapareceu e diante dele estava uma Fênix renascida das próprias cinzas. "Sabe-se que a  Fênix é uma ave que simboliza o renascimento, o triunfo da vida sobre a morte, o eterno recomeçar, porém sem perder a essência ao se tratar sempre da mesma criatura. Desta maneira, simboliza a vida e seus ciclos, a esperança, o fato de que é preciso dar a volta por cima nas situações adversas." Conhecendo a mitologia como Pedro da Silva conhecia, logo deduziu que aquela Ave seria a própria Fênix personificada, mas só não sabia o porquê da criatura haver renascido diante dele. Porém, se em suas aventuras do passado o rapaz já havia saído, ileso, do labirinto do Minotauro, ter visto um Saci em seu quintal e ficar cara a cara com um lobisomem, tudo faria sentido para ele. Quem sabe até a tal ave pudesse se comunicar. Já ia começar a falar, quando ouviu uma voz suave, que dizia:

 

          

  - Sou uma Fênix! Preciso falar com você, Pedro da Silva!
            O rapaz se aproximou mais um pouco da tal ave, mas o intenso calor que emanava dela, não permitiu que ele se adiantasse mais. Recuou um pouco para trás, e respondeu-lhe:
           - Sou todos ouvidos! Em que posso ajudar?
            A ave alçou voo, pairou no ar tal qual um colibri, e continuo falando:
            - Pedro, o que a Bíblia fala sobre a fênix?
            - O pouco que conheço sobre o tema, é o seguinte: "No início da era Cristã esta ave fabulosa foi símbolo do renascimento e da ressurreição. Neste sentido, ela simboliza o Cristo ou o Iniciado, recebendo uma segunda vida, em troca daquela que sacrificou." Deduzindo então, eu acho que morri, sua aparição tem sentido. Respondeu-lhe Pedro.
           A ave Fênix rodopiou na frente do jovem Pedro, e disse-lhe:
           - Sim, Pedro da Silva, você acabou de morrer, naquela mesma hora que sentiu-se mal, só que não era o momento da sua morte; diante do exposto: você vai precisar praticar uma boa ação para ter o direito de renascer.
            Pedro viu o tempo escurecer e logo depois o sol voltou a brilhar. Arregalou seus olhos e percebeu que estava na porta de casa. Ficou a meditar: " Meu Deus, será que foi um sonho?! Mas tudo parecia tão real!" O rapaz entrou em casa e procurou descansar. Já era noite quando acordou com um barulho na porta da frente. Abriu a janela para ver o que era e deu de cara com um ancião com uma criança de colo. O ancião olhou para o jovem Pedro, e disse-lhe:
          - Boa noite, meu rapaz! Estou precisando de abrigo, de alimentação e água para mim e meu neto. Acho que estou perdido!
           Pedro da Silva nem pensou duas vezes abriu a porta de casa e pediu para que o visitante e seu acompanhante entrassem:
           - O senhor e seu neto sejam bem-vindos! Sentem-se à mesa que trarei comida saudável.
           O jovem Pedro trouxe sopa, pão, café e leite para os visitantes. Após o café, o ancião e seu neto ficaram alojados no quarto principal da casa, que era o de Pedro, e ele ficou dormindo na rede... O sol nem havia resplandecido, mas Pedro já estava acordado e preparava o desjejum matinal para os visitantes. Seus pensamentos viajavam no tempo, como flashes de um filme, ficou recordando as palavras da fênix: "você precisa praticar uma boa ação, para ter o direito de renascer." O silêncio foi quebrado pela voz suave no ancião, que disse-lhe:
           - Meu rapaz, Bom dia! Como posso agradecer-lhe pela sua hospitalidade e acolhida.
           Pedro olhou diretamente nos olhos do ancião, e respondeu-lhe:
           Senhor, Bom Dia! Não precisa agradecer pois é o meu dever servir a quem precisa. Tome seu desjejum tranquilo com seu neto, que após a refeição, deixarei vocês na estação de trem.
           E assim aconteceu! Pedro comprou bilhetes de embarque para os visitantes. E quando o trem soou o apito anunciando que chegara a hora da partida, o ancião gritou bem alto para que Pedro ouvisse: - Meu rapaz, gratidão! Hoje, você renasceu das suas cinzas.
           Pedro ficou olhando até o trem desaparecer na primeira curva. Logo depois, sentiu-se mal e desmaiou... Quando acordou, estava sentado na terra pronta para receber o milho. Não tardou a perceber que mais uma jornada de vida, estava só começando. E a missão da Fênix tinha sido cumprida.
          O tempo passou e nunca mais Pedro da Silva se esqueceu do dia de seu renascimento.

Elisabete Leite - 1/10/2022

CANTINHO DA TIA BETA

Fênix

Por: Juliana Bezerra  Professora de História
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

A Fênix é uma ave mitológica que representa os ciclos da vida, o recomeço e a esperança num futuro melhor.

De origem egípcia, o mito está presente em várias culturas como a grega, romana, árabe e chinesa.

Lenda da Fênix

A Fênix era uma bela ave que possuía uma força extraordinária e podia viver quinhentos anos. Suas penas seriam vermelhas, enquanto o bico, a cauda e as garras seriam douradas.
Suas lágrimas podiam curar qualquer doença, possuía um lindo canto e ao final da vida entoava uma melodia triste.

Após isto, queimava-se, voltava a ressurgir e as cinzas que sobravam deste processo tinham a propriedade de ressuscitar os mortos.

Segundo algumas versões, a Fênix colocava um ovo e o chocava por três dias ao fim dos quais se produzia o incêndio. Outros afirmam que do fogo aparecia diretamente outra ave fênix.

Significado da Fênix
A Fênix é uma ave que simboliza o renascimento, o triunfo da vida sobre a morte, o eterno recomeçar, porém sem perder a essência ao se tratar sempre da mesma criatura.

Desta maneira, simboliza a vida e seus ciclos, a esperança, o fato de que é preciso dar a volta por cima nas situações adversas.

Fênix e a Mitologia
Muitas culturas possuem o mito de uma criatura voadora dotada de poderes mágicos. Podemos citar o dragão voador presente na cultura de vários países asiáticos ou Quetzalcóatl, a serpente emplumada da civilização asteca.

Os cristãos também utilizam o pelicano como metáfora do renascimento e do sacrifício. Afinal, esta ave, quando não tem alimentos para dar aos seus filhotes, fere-se no peito para nutri-los com sua própria carne e sangue.
Desta maneira, vemos que as aves eram usadas para explicar e simbolizar características da natureza humana em distintas sociedades.

Vejamos alguns exemplos:

Egito
No Egito, havia um pássaro chamado Bennu (ou Benu), que simbolizava a alma de Rá, Deus do Sol e possuía um templo em Heliópolis.

Provavelmente, Bennu deu origem à Fênix no Ocidente, onde chegou através dos escritos do historiador grego Heródoto (484 a.C.- 425 a.C.) sobre suas viagens ao reino do Egito.

Especialistas acreditam que se aparentava à extinta garça de Heron (Ardea bennuides).

Roma
Foram os escritores Tácito, Ovídio e Plínio, o Velho, que descreveram a Fênix como uma ave que era capaz de ressurgir das cinzas e cuja versão foi levada ao mundo ocidental.
China
Os chineses também possuem o mito da ave alada, denominada Fenghuang e que seria semelhante a uma águia.

No entanto, a “fênix chinesa” não tem qualquer ligação com o mito ocidental. Apenas indica a boa sorte e lealdade das pessoas e a virtude de um governo.

Pérsia
Em 1177, o poeta sufi Farīd ad-Dīn ʿAṭṭār (1142-1221) escreveu a obra “A Conferência dos Pássaros” onde conta a saga de trinta aves que voam juntas em busca do rei Simorgh.

Dentre elas, está a Fênix, exemplo a seguir de todos que temem a morte, pois ela sabe exatamente o dia do seu falecimento e se prepara para isso.

Curiosidades
Apesar de a Fênix ser do gênero feminino em português, em outros idiomas, como o espanhol e o francês, é identificada como sendo pertencente ao gênero masculino.
O mito da Fênix ganhou novo fôlego no século XXI ao aparecer na saga de Harry Potter, em videogames e séries televisivas.
Fênix é também o nome de uma constelação.
Pesquisa:
https://www.todamateria.com.br/fenix/

ENCONTRO   DE   POETAS

AMOR E RESPEITO

A criança quer ter Amor e Carinho
Não sofrer abuso e nem pancada
A doce inocência do seu rostinho
Ah, deverá ser sempre preservada!

Criança precisa se sentir acolhida
Ter o seu coração cheio de alegria
Viver uma infância livre e protegida
é o seu sonho colorido de todo dia.

A criança merece ser bastante feliz
Cantar, brincar e dançar lindamente
Até ganhar beijos na ponta do nariz
O seu universo dever ser atraente...

Criança tem que ter um lar e nome
Muita segurança em seu caminhar
Saúde, educação, não passar fome
Os seus direitos temos que respeitar.

Elisabete Leite

DOCE INOCÊNCIA

Entre a realidade e a fantasia
A criança viaja pelo seu mundo
O Universo de sonhos e magia
É agradável, colorido e fecundo...

Doce inocência que tinge a vida
Onde imaginação voa no tempo
Escolhendo a sua cor preferida,
Vai colorindo o seu passatempo...

Letras se juntam e formam Amor
Uma palavra doada por gratidão,
O Branco se une ao colorido da flor
E a pureza fica dentro do coração...

Criança acredita em lendas e fadas
Até no palhaço que sorrir de alegria
A criança quer ser feliz, bem amada
Na simplicidade ela enxerga Poesia.

Elisabete Leite

 

 

Galope cessante

Um animal
galopa livremente
no cercado.
Relincha,
saltitante,
pela verde relva
a se perder de vista.
Orelhas verticais,
rabo inclinado,
crina pendente,
assanhada,
solta ao vento,
denunciam sua euforia.
De repente,
alinhadas cercas
de arame farpado,
porteiras fechadas,
interrompem
seu alegre passeio.
Condicionam,
limitam,
vigiam
alucinadas disparadas.
Sua liberdade
parece com a minha.
                                Diógenes de Brito

Humanos

Admirável aquela tua ajuda!
Mas quantos voltaram
para agradecer?
Quantos reconheceram
o teu esforço?
Apenas um?
Talvez nenhum!
Mas, cá entre nós,
são humanos demais
pra entender.
E não esperavas gratidão mesmo.
O mais importante
foi que a tua mão esquerda
não viu o que fez a direita.
e o teu coração
encheu-se de júbilo.
Afinal,
recompensa boa
é a que vem do alto.
E essa nos basta!
                          Diógenes de Brito

 

SEMPRE CRIANÇA!

Que não morra a criança que há em mim
E que sempre seja um mundo colorido,
Onde nas coisas eu procure um sentido
Como pegar pétalas das flores no jardim.

Uma Criança deve ser totalmente feliz
Dançar, brincar e cantar alegremente
Ela vai colorindo o cenário à sua frente
Ganhando doces beijos na ponta do nariz.

A Criança é o futuro, a real esperança
Pois a melhor fase de toda uma vida,
É recordar e voltar a ser uma criança!

É vermos nela nossa semelhança
Por toda uma vida que já foi vivida
E nunca apagamos da lembrança.

Joseraldo Silva Ramos e Elisabete Leite

UMA FORÇA ME IMPULSIONA PARA VENCER

Um sábio sempre vai saber escutar
Os obstáculos da vida são meras barreiras
Se eu quiser conseguirei detê-las
Meu objetivo é a certeza de realizar.

Sou paradoxo em meio a pedaços exíguos
Alcanço as estrelas se Ele me fortalece
E venço, tanto a batalha quanto a guerra
Pois nada é tão impossível quanto parece.

Sou um aprendiz neste pedaço de Mar
Nada mais sou que um grão de areia
Mas sigo o destino que Ele indicar...

Só me dou por vencida quando Ele quiser
Pois tenho a força dos Deuses da Guerra
E nada mais sou que uma grande mulher!

Rita de Cássia Soares
Pirpirituba, 09/10/2022

 

Soneto de uma criança triste
(Carlos Isaac)

Sempre fui uma criança infeliz
Que não soube o que é felicidade,
Da infância pouca coisa lembro,
Foi um tempo que não me deixou saudades.

Perdi meu pai logo cedo
E o carinho paterno me faltou,
Mesmo tendo o carinho de muita gente,
Me sentia carente de amor.

Hoje não sou mais uma criança
E às vezes tenho vergonha de brincar,
Mas em minha mente o tempo se encanta.

E já não tenho vergonha de brincar,
E brinco, brinco como uma criança
Que não ver o tempo se passar.

A MULHER E A CRIANÇA

Cansada de esperar, parti sem destino
Sem expectativas, e é melhor assim
Cada ponto de chegada, é uma surpresa
Fazê-la agradável, depende só de mim.

Segui sem medo, confiante e determinada
A esquecer os males das desilusões
No olhar de cada um que por mim passava
Eu via as mesmas dores em seus corações.

Nesses desafios ilusórios e doloridos
Todos os caminhos são desesperança
E chorei aquela lágrima que toda criança
Deixa cair nos seus brinquedos preferidos.

O choro é necessário, só então eu pude crer
No coração de uma mulher há sempre uma criança
Que teima em ser adulta antes de crescer
E regressei, com a alma cheia de esperança!

Socorro Almeida
Recife, 10/02/2022

Cantinho do Editor

EDITORIAL DE GRATIDÃO

É bastante gratificante compartilhar este momento tão especial e dizer da nossa gratidão pelas amigas e pelos amigos poetas que hoje estão desfilando por aqui. Estamos gratas pelo acolhimento, reconhecimento e carinho para comigo e para com a poeta Socorro Almeida. Muito obrigada Rita de Cássia, Marineide Firmino, Josué Ferreira, Baltazar Filho, Joseraldo Silva Ramos, Carlos Isaac e seus respectivos familiares que nos apoiaram antes e durante a nossa estadia em Pirpirituba - PB. Aqui deixamos a nossa admiração e respeito a todos vocês os envolvidos. Registros dos momentos inesquecíveis na Galeria do Blog Maçayó.

Elisabete Leite e Socorro Almeida

 

Imagens: Crianças

 

                    Escolha do Editor